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OMS chama Facebook e YouTube para buscar soluções contra fake news sobre vacina

Desinformação é apontada como fator para queda da cobertura dos imunizantes no Brasil e no mundo, o que trouxe de volta surtos de doenças até então controladas, como sarampo

29 nov 2019 - 15h15
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SÃO PAULO - A preocupação com o impacto da internet e das redes sociais na divulgação de notícias falsas sobre vacina fez a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocar gigantes de tecnologia, como o Facebook e o YouTube, para participar de uma reunião com técnicos do órgão para buscar soluções para a disseminação de fake news sobre o tema.

A desinformação sobre vacina tem sido apontada como um dos fatores para a queda da cobertura vacinal de alguns imunizantes no Brasil e no mundo, o que trouxe de volta surtos de doenças até então controladas, como o sarampo.

A reunião ocorreu em outubro, na sede da OMS em Genebra, na Suíça, e foi organizada pela Vaccine Safety Net (VSN), uma rede criada pela organização para reunir sites com informações confiáveis sobre vacinas.

"O workshop teve como objetivo promover a aprendizagem conjunta entre uma série de parceiros envolvidos na produção e disseminação de informações sobre a importância e os benefícios das vacinas para proteger a saúde", disse a OMS, em nota ao Estado.

Embora não tenha detalhado as medidas que serão tomadas a partir dessa reunião, a organização disse esperar que "este seja o começo, não o fim" dessa parceria e que se possa ver "mais engajamento, inovação e colaboração para promover a saúde - não apenas em nível global, mas também em países onde a desinformação da vacina pode ter as consequências mais perigosas".

A médica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), é a única brasileira a fazer parte do conselho consultivo da VSN e esteve presente no encontro de outubro. Ela conta que foram formados vários grupos de trabalho para buscar formas de ampliar as fontes confiáveis sobre vacinas na internet.

"A ideia é que ainda neste ano sejam apresentadas sugestões de negociações com essas plataformas digitais", disse.

Procurados pelo Estado para comentar as estratégias usadas para combater informações falsas sobre saúde, Facebook e YouTube disseram estar aprimorando suas tecnologias para promover fontes confiáveis de informação.

Facebook

O Facebook diz reduzir em até 80% o alcance de informações comprovadamente falsas. Para isso, porém, depende da denúncia de usuários sobre publicações suspeitas e verificações feitas por agências de checagem parceiras.

Uma das novas apostas da empresa para reduzir a disseminação de desinformação é a inserção de um selo sobre as publicações com informações falsas avisando o usuário sobre a característica do post. O selo é similar ao já existente para publicações com imagens de violência. O recurso foi lançado em outubro nos Estados Unidos e deve chegar ao Brasil nos próximos meses.

"Queremos que as pessoas tenham informações precisas e confiáveis, e trabalhamos para reduzir a disseminação de notícias falsas nas nossas plataformas. Em temas tão importantes como vacinação, também trabalhamos com especialistas externos da área de Saúde para entender como podemos melhorar", disse a empresa.

YouTube

Já o YouTube também promete novos recursos para barrar o alcance de vídeos com informações incorretas ou imprecisas. A empresa disse ainda que vídeos com informações falsas não podem ser monetizados e que, caso algum vídeo com desinformação tenha anúncio, ele pode ser denunciado.

"A desinformação representa um grande desafio e estamos tomando uma série de medidas para lidar com este fenômeno, como dar maior destaque para conteúdos de saúde de fontes confiáveis e exibir painéis de informação com mais contexto", disse a empresa, em nota. "Além disso, contamos com nossa comunidade de usuários para denunciar qualquer conteúdo que considerem inadequado. Sabemos que nossos sistemas não são perfeitos, mas fazemos melhorias constantemente e estamos comprometidos a fazer progressos nesta área", completou.

Estadão
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