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Na reabertura do comércio em Manaus, lojas do centro têm movimentação tímida

Na área central, lojas de sapatos, roupas e joalherias voltaram a funcionar; Apesar da chuva, a movimentação no centro foi considerada razoável pelos lojistas

1 jun 2020 - 17h19
(atualizado às 17h55)
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MANAUS - O plano da reabertura gradual do comércio começou a ser executado, nesta segunda-feira (1), em Manaus, e, apesar da expectativa dos lojistas e empresários, o clima ainda é de insegurança para os consumidores.

Conforme o planejamento do governo do Amazonas, nesse primeiro ciclo retomaram as atividades: lojas de artigos variados como cama, mesa e banho, além de roupas e calçados; joalherias e relojoarias; serviços de publicidades e afins; petshops; agências de turismo; concessionárias; óticas; atendimento presencial médico e odontológico (com prévio agendamento); floriculturas e bancas de revistas em locais públicos.

Na área central de Manaus, lojas de sapatos, roupas e joalherias voltaram a funcionar. Apesar da chuva, a movimentação no centro foi considerada razoável pelos lojistas. Proprietário de uma loja de roupas, Amer Aarmudi acredita que o clima atrapalhou, mas que nos próximos dias deve haver uma melhora na circulação de clientes e consequentemente aumento nas vendas.

"Se continuar aberto está bom, mesmo com a chuva tem gente comprado, imagina se não tivesse. Acredito que se o movimento continuar bombando, a gente consegue se recuperar em três meses", disse. O empresário, que é palestino e mora em Manaus há 20 anos, afirmou que teve uma perda em torno de R$ 150 mil, com a loja fechada desde março, e teve que demitir cinco funcionários, do total de sete contratados. "Eu prefiro ficar em pé e vender também do que contratar, nesse momento. Preciso economizar com tudo o que puder, inclusive com funcionário, porque no fim do mês o dono do local cobra o aluguel", explicou.

Já para a gerente de uma loja de sapatos Andréia Ferreira, a expectativa para retorno das atividades é imensa, mas que é necessária uma atenção redobrada aos protocolos recomendados para preservar a saúde de colaboradores e clientes.

"Nós estamos com todos os procedimentos: máscara, luvas e álcool em gel disponíveis tanto para colaboradores como para clientes na porta da loja. Nós estamos com uma expectativa muito grande, parcialmente nós já estamos com 20% das vendas que fazemos no dia e a tendência é melhorar. Apesar de atendermos online, o cliente gosta de ver e tocar o produto, isso faz diferença", declarou.

Conforme o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-Manaus), Ralph Assayag, a estimativa é que em torno de 30 mil funcionários foram demitidos durante o período de fechamento das lojas. Um medo que foi sentido por Jailson de Souza, que trabalha há cinco anos como vendedor.

"Acho que todo mundo, tanto vendedor como gerente, sentiu (o impacto). Ficava pensando 'quando eu voltar não sei como vai ser', 'vou perder meu emprego?'. Foram quase três meses, a gente parado dentro de casa e sem receber comissão das vendas. Foi difícil, pra gente que paga aluguel, não contávamos com isso (paralisação das atividades), tivemos que reduzir as despesas", disse e afirmou que espera uma melhora com a retomada das atividades. "Graças a Deus está tudo ordem, vamos trabalhar para recuperar o que perdemos. Espero que as coisas melhorem com essa nova retomada", completou.

Embora haja uma expectativa de melhora na receita, para lojistas e empresários, o cenário muda quando se trata de consumidores. A dona de casa Ellen Fragoso aproveitou a reabertura para comprar utensílios de cozinha, mas para ela ainda é muito recente e comércio não deveria estar aberto.

"Como eu estava precisando comprar xícaras, o lugar mais em conta é essa loja no Centro de Manaus. Então vim aqui por isso, não porque eu quis vir, foi mais uma necessidade. Mas eu acho que está muito recente, na minha opinião não deveria ter aberto é muito recente, ainda não me sinto segura em vir pra cá", declarou.

Para as amigas Ariana Santos e Suelly Néris, que estavam no local para realizar compras, novos surtos do coronavírus ainda podem acontecer e também concordam que ainda é cedo para retornar às atividades.

"A gente veio fazer outras coisas e aproveitamos para fazer compras. Eu não acho (que é o momento). Acho que ainda vai parecer muita coisa porque nem todo mundo vai saber quem está contaminado, quem não está. Então, estamos praticamente arriscando a vida", disse Ariana.

Fiscalização

Listado apenas para reabrir no 2º ciclo do planejamento, algumas lojas de telefonia e informática já estavam em funcionamento. Uma delas, localizada na Avenida 7 de Setembro, foi flagrada pela reportagem.

Segundo a gerente, que não quis se identificar, o estabelecimento estava aberto apenas para reorganizar os produtos e que nenhuma venda estava sendo realizada. No entanto, foi possível notar clientes analisando produtos com auxílio de vendedores.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) informou que as fiscalizações estão ocorrendo em parceria com a Polícia Militar e órgãos municipais. Entretanto, falta colaboração dos comerciantes para cumprir o planejamento estabelecido pelo governo.

"As equipes estão empenhadas, mas falta colaboração por parte de comerciantes, que vêm burlando as regras. Em alguns casos, eles fecham portas ao perceberem a chegada da fiscalização na área. A aplicação de notificações e multas é atribuição dos órgãos municipais", esclareceu em comunicado.

Caso a população presencie locais abertos em desacordo ao plano estabelecido, pode denunciar pelo 190.

Em uma semana, casos confirmados aumentam em mais de 10 mil

Em uma semana, os casos de coronavírus saltaram de 30 para 40 mil, às vésperas da reabertura do comércio. Na última segunda-feira(25), o Amazonas registrava 30.282 casos confirmados de covid-19. Já neste domingo (31), o número aumentou para 41.378 casos.

De acordo com o governador Wilson Lima, o número de óbitos causados pela covid-19, a ampliação da estrutura de tratamento da rede estadual e a taxa de recuperação no Amazonas, que é de 70%, eram fatores suficientes para justificar a retomada das atividades não essenciais na capital. No interior, que representa 55,79% do total de casos no estado, a decisão de reabrir o comércio ficará sob responsabilidade dos prefeitos.

Ao Estadão, o prefeito Arthur Neto discordou da decisão do governador e defendeu o isolamento social completo em Manaus.

"Eu torço para o plano dá certo, vou aplaudir, vou dar o braço a torcer. Mas eu entendo que não é o momento e pode puxar um desastre maior, mais grave. Esse desastre pode significar a perda de mais vidas, o atraso da libertação de Manaus".

Estadão
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