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Entidades científicas lançam campanha contra a desinformação e em defesa da vacina da covid-19

Iniciativa quer 'furar a bolha da academia' e disseminar informações confiáveis sobre os imunizantes

20 jan 2021 - 14h10
(atualizado às 14h34)
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Para combater as desinformações sobre vacinas, um grupo de entidades ligadas a pesquisas científicas quer "furar a bolha da academia" e disseminar informações confiáveis sobre os imunizantes contra o novo coronavírus, utilizando a mesma arma de quem espalha boatos falsos: conteúdo de fácil entendimento e replicável nas redes sociais. Trata-se do Todos pelas Vacinas, que lançou um site multimídia na mesma semana em que a Anvisa aprovou o uso emergencial da Coronavac (Sinovac/ Butantan) e o imunizante de Oxford/ Astrazeneca.

A tarefa não é simples. "O mais difícil é que a gente sempre está atrás das fake news. Eles sempre saem com teorias da conspiração novas. E até a gente conseguir explicar de forma clara que, por exemplo, as vacinas não vão alterar DNA, leva cerca de três dias para fazermos um material de qualidade. Não temos muito como prever o que vai sair desses grupos antivacina", disse Luiz Gustavo de Almeida, coordenador dos projetos educacionais do Instituto Questão de Ciência (IQC), uma das entidades que faz parte do grupo.

"Para nossa sorte, o movimento antivacina ainda é um grupo pequeno, apesar de fazer muito barulho. Estamos chamando a atenção para que esse movimento não cresça", afirma. No Brasil, a narrativa que coloca em dúvida a vacinação parte até de governantes, como o presidente Jair Bolsonaro, que tem colocado em dúvida a segurança dos imunizantes e defendido o direito de o cidadão não tomar doses. Esse discurso encontra oposição dentro do próprio governo federal: o vice-presidente, Hamilton Mourão, já falou que a vacinação é uma estratégia coletiva, e não uma questão individual.

O material produzido pelo Todos pelas Vacinas é multimídia. No site, é possível encontrar desenhos, vídeos e podcasts. Nesta quinta-feira, 21, eles planejam colocar a hashtag #TodosPelasVacinas nos trending topics do Twitter para atingir o público que ainda não conhece a iniciativa. Para isso, contam com a divulgação de artistas e influenciadores digitais que têm um público amplo. Um deles é o Kondzilla, empresário e produtor de referência do funk, que já publicou no seu portal uma nota sobre o projeto.

"A nossa ideia é que as pessoas se apropriem do conteúdo. É por isso que, por exemplo, a gente colocou áudios no site para que as pessoas possam baixar e divulgar no WhatsApp", disse Flávia Ferrari, do Observatório Covid-19 BR. "O que for aprovado pela Anvisa, a gente apoia. Reforçar a vacina é reforçar a ciência, a pesquisa e a divulgação científica."

Aposta em plataformas ajuda na divulgação

Saber usar as plataformas de acordo com a sua característica é fundamental para a divulgação científica, além de entender o público que se quer alcançar, na opinião de uma das fundadoras do Projeto Divulgar, Beatriz Ramos. É por meio desse domínio dos recursos tecnológicos que as informações falsas também têm êxito na propagação.

"Você percebe a mesma fake news contra a vacina escrita de formas diferentes para o WhatsApp, Twitter e Facebook, para chamar a atenção naquelas redes especificamente. Senão as mensagens podem não chegar se você não lidar direito com o algoritmo", afirma ela.

O discurso do Todos pelas Vacinas é uníssono: a vacinação contra qualquer doença é de extrema importância, em especial contra a covid-19 atualmente. Almeida, do IQC, porém, ressalta que a vacinação representa o início do fim da pandemia, mas que os protocolos de higiene - como uso de máscaras, álcool em gel e o distanciamento social - devem continuar sendo respeitados. "Não é para tomar a vacina e depois ir pular carnaval."

Estadão
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