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Varíola dos macacos no Brasil: epidemiologista esclarece 9 mitos e verdades

Entenda mais sobre a doença e o que fazer para se proteger corretamente; Varíola dos macacos no Brasil vive expansão

28 jun 2022 - 17h15
(atualizado às 18h28)
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Entenda a varíola dos macacos no Brasil
Entenda a varíola dos macacos no Brasil
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

A varíola dos macacos é uma doença infecciosa que rapidamente tomou conta do noticiário e deixou todos em estado de alerta. Afinal, nem saímos ainda da pandemia de Covid-19 e uma nova ameaça à saúde pública mundial seria uma verdadeira tragédia para a sociedade. Mas, até o momento, esse vírus ainda não deu sinais de ser tão perigoso quanto o coronavírus.

Apesar disso, a varíola dos macacos no Brasil segue se expandindo. Ao todo já são, pelo menos, 17 casos confirmados da doença no país. Fato que mantém aquele alerta do início ligado e que gera inúmeras dúvidas nas pessoas.

Por isso, para esclarecer tudo sobre a varíola dos macacos no Brasil e no mundo, o médico epidemiologista, Dr. André Ribas, que é especialista em epidemiologia pela Faculdade de Medicina da UNICAMP e professor da Faculdade de Medicina São Leopoldo Mandic de Campinas, separou nove mitos e verdades sobre a doença. Confira:

1 - A doença só é transmitida através do contato com macacos. Mito

A primeira questão a ser esclarecida é que, apesar do nome, ela não é transmitida, em geral, do macaco para o ser humano. Acredita-se que o principal reservatório desse tipo de varíola sejam os roedores africanos. Chamam de "varíola dos macacos" pelo fato de o vírus ter sido identificado, pela primeira vez, em um surto numa gaiola de macaco, que era utilizado para pesquisa. Porém, os macacos não são provavelmente os principais reservatórios da natureza.

2 - O atual surto é uma mutação do vírus. Mito

O que motivou o atual surto ainda não está devidamente explicado. Existe uma possibilidade de ter sido um aumento na capacidade de transmissão. Outra hipótese é de ter sido consequência de um evento atípico de super espalhamento. Aconteceram algumas festas na Europa, o que pode ter gerado um evento em que se espalhou muito o vírus. O que estamos vendo é consequência dessa onda de transmissão e agora cabe a nós observarmos se o surto irá ou não evoluir.

3 - As lesões na pele vão embora após a cura. Verdade

A lesão em si, some. A pessoa para de transmitir a doença quando as últimas crostas caem e, desta forma, o que fica é a cicatriz. A lesão pode formar queloides (uma cicatriz que fica saliente). Depende muito da gravidade da forma clínica, mas existem alguns casos publicados na Europa em que as lesões não são tão graves. Em geral, são lesões pequenas e localizadas. A gravidade da sequela das feridas vai depender do grau de espalhamento das feridas durante a fase ativa da doença.

4 - As medidas de prevenção são iguais as da Covid-19. Mito

As medidas de prevenção contra a varíola dos macacos envolvem diminuir o contato com as pessoas com as feridas ou na fase prodrômica, em que se começa a sentir os sintomas da doença, como febre e mialgia (dor muscular). A varíola não é transmitida tão facilmente quanto ocorre com a Covid-19. É importante diferenciar uma coisa da outra. Na Covid-19, a máscara é importante, pois a transmissão ocorre por meio de gotículas respiratórias de forma relativamente fácil. Já na varíola, a transmissão ocorre, principalmente, quando há um contato mais íntimo e prolongado.

5 - O risco de transmissão aumenta quando há contato próximo. Verdade

A transmissão ocorre por meio de contato mais prolongado, em especial nos contatos domiciliares, contatos sexuais e contatos mais íntimos. Existe sim transmissão respiratória na varíola, mas não é uma transmissão tão fácil quanto da Covid-19. Então, não está recomendado, por exemplo, o uso de máscara de maneira indiscriminada para controlar a doença. Agora, quem cuida de paciente com varíola, precisa sim usar máscara. A equipe de saúde precisa usar as mesmas proteções que são adotadas no cuidado ao paciente com Covid-19.

6 - A gestante pode transmitir varíola dos macacos para o feto. Verdade

Em gestante, a transmissão é perigosa. Há o risco de transmissão para o feto e isso pode resultar em aborto espontâneo ou então o bebê pode nascer com as lesões e, isso, resultar em morte prematura. Não tem sido descrito má formação congênita como o Zika Vírus, por exemplo, mas a criança sofre consequências.

7 - O período de incubação da doença é curto. Mito

O período de incubação pode ser de 5 a 21 dias, mas também existem casos em que ele é mais extenso, podendo chegar a 30 dias de incubação, o que dificulta bastante o rastreamento, pois a pessoa pode ter tido contato e desenvolver a doença bastante tempo depois.

8 - A taxa de letalidade é baixa. Verdade

Segundo os dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a letalidade na Nigéria é em torno de 3% - onde é registrada a mesma linhagem europeia, que está se espalhando em vários países. A linhagem da República centro-africana tem uma letalidade maior, chegando a 10%. No surto atual, ainda não houve morte na Europa, talvez por estar no começo. Porém, também não sabemos se a taxa de 3% de letalidade tem a ver também com a qualidade assistencial na Nigéria.

9 - As complicações da doença envolvem infecções secundárias. Mito

As possíveis complicações da doença são encefalite (inflamação no cérebro), infecções respiratórias, infecções na pele, entre outras. Na África, existe um problema relevante com as infecções de pele em crianças pequenas que, se não tratadas adequadamente, podem matar, pois é uma porta de entrada de vários patógenos.

Saúde em Dia
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