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Com balsas abertas, Ilhabela retoma barreiras para reduzir invasão de turistas

Entrada de pessoas na ilha mais do que dobrou desde a Justiça liberar o acesso ao transporte fluvial

26 jun 2020 - 12h50
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Barreiras sanitárias voltaram a ser instaladas, nesta sexta-feira, 26, no acesso e na saída das balsas que ligam o continente a Ilhabela, no litoral norte do Estado de São Paulo. O objetivo é evitar o avanço do coronavírus na cidade, que tem 174 casos confirmados e duas mortes pelo vírus. Desde que a Justiça liberou o acesso ao sistema de balsas, na última terça, 23, a entrada de pessoas na ilha, inclusive turistas, mais do que dobrou, segundo a operadora do sistema de balsas.

A primeira abordagem acontece ainda em São Sebastião, no setor de embarque das balsas. Agentes da Secretaria da Saúde de Ilhabela pedem às pessoas que preencham um questionário informando sobre o destino e tempo de permanência. A temperatura corporal dos visitantes é tomada e eles recebem material informativo sobre as regras em vigor na cidade, como a proibição de aglomeração em praias e o uso obrigatório de máscara. Conforme a Prefeitura, a abordagem inclui prestadores de serviços e munícipes em retorno à cidade.

O acesso de turistas à ilha foi liberado após três meses de bloqueio, na tentativa de barrar a entrada do vírus. O juiz Vitor Hugo Aquino de Oliveira deu liminar em pedido formulado por grupo de moradores, alegando que a própria Prefeitura havia retomado as atividades econômicas, liberando inclusive o acesso às praias, embora com restrições. O magistrado entendeu que a liberdade de ir e vir deveria prevalecer para todos os cidadãos.

Com balsas reabertas, Ilhabela retomou barreiras para conter entrada de turistas.
Com balsas reabertas, Ilhabela retomou barreiras para conter entrada de turistas.
Foto: Divulgação/Prefeitura de Ilhabela / Estadão

A Prefeitura entrou com recurso, que ainda não foi julgado. O principal argumento é de que a restrição aos turistas garantiu à cidade os mais baixos índices de disseminação da covid-19 da região. A liberação, segundo o município, pode levar a uma possível explosão de casos e saturação na rede pública de saúde. Relatório da pasta municipal mostra que o número de casos triplicou nos primeiros 25 dias de junho, em relação ao acumulado desde o início da pandemia, em março.

No final de março, eram apenas três casos. Já no final de abril, o acumulado era de 56. Nesta quinta-feira, 25, a cidade já registrava 162 casos confirmados. Por outro lado, a reabertura das balsas possibilitou que muitos proprietários que têm imóveis na ilha como segunda moradia pudessem entrar para fazer limpeza e manutenção.

É o caso do comerciante André Pereira da Silva, morador da capital, que viajou nesta quinta para cuidar de sua casa na ilha. "Estava há quase cem dias sem manutenção e o mato tomou conta do jardim, além do mofo na casa toda. Acho que é um direito, pois pago o mesmo imposto de quem mora na cidade", disse.

A Prefeitura alega que a balsa nunca ficou fechada, apenas com restrições, e que as pessoas que comprovaram a necessidade entraram normalmente na ilha. Dados da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), estatal que opera o sistema, indicam que desde a abertura o fluxo de pessoas e carros para a ilha só fez aumentar. Foram 560 automóveis na terça, com o sistema ainda restrito, 835 na quarta, primeiro dia da abertura, e 1.057 nesta quinta-feira. Já o número de pessoas passou de 582 na terça para 962 no dia seguinte e 1.283 na quinta - aumento superior a 100%.

A situação na região também preocupa. O litoral norte totalizou nesta sexta 1.264 casos e 47 mortes pela covid-19. Só em Caraguatatuba são 28 óbitos, dois deles registrados nesta quinta-feira. A cidade é a segunda em todo o Vale do Paraíba, atrás apenas de São José dos Campos, polo regional. Cidades que tinham relaxado o isolamento social voltaram a endurecer as medidas. Em São Sebastião, as praias voltaram a ser fechadas, após o registro da nona morte. Em Ubatuba, já são oito óbitos e as restrições permanecem.

Estadão
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