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Cenário: A postos, Exército vê situação de coronavírus no Brasil sob controle

Treino considera possibilidade de escalada da doença no país, mas especialista afirma que estágio extremo não será atingido

27 fev 2020 - 05h10
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O eventual envolvimento das Forças Armadas no novo patamar da emergência do coronavírus pode ter o tamanho, o foco e a intensidade necessários. Nesta quarta-feira, 26, o Ministério da Defesa limitou-se a informar que até agora, a tropa atuou "na coordenação e na execução do resgate dos brasileiros em Wuhan (China) e na posterior quarentena (na base aérea) em Anápolis (GO). A coordenação de todas as demais ações relativas ao coronavírus é do Ministério da Saúde".

O tom neutro é um cuidado. A orientação do comando é evitar a percepção de que haja uma preocupação excessiva por parte do governo. A rigor, os ensaios realizados e atualizados ao longo do tempo consideram a possibilidade de uma escalada que pode chegar a situações limite como o isolamento de zonas urbanas dentro das regiões metropolitanas ou de cidades inteiras.

Um técnico militar, ex-integrante do Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (IDQBRN), que o Exército mantém em Guaratiba, no Rio, sustenta, entretanto, que esse estágio extremo não será atingido. Para o especialista, "a autoridade sanitária está controlando integralmente a situação".

Há várias unidades, como o 1.º Batalhão de Defesa QBRN, do Rio, dedicadas ao trabalho de alta complexidade e quase sempre preventivo. Por causa dos grandes eventos no País entre 2007 e 2016 - visita do papa Bento 16, Conferência da ONU Rio+20, Copas de Futebol das Confederações e da Fifa, Jornada Mundial da Juventude, Jogos Olímpicos, Jogos Paralímpicos, Jogos Mundiais Militares - foram feitos significativos investimentos no setor.

O Exército tem laboratórios, alguns deles móveis, que podem identificar agentes biológicos e realizar descontaminação. Foi assim em 2014 e de novo em 2015, quando o 1.º Batalhão esterilizou dois aviões da Força Aérea utilizados no transporte de pacientes sob suspeita de contaminação pelo vírus ebola, de alto índice de mortalidade. Um deles, brasileiro, homem de 46 anos, viajou da Guiné, na África, até a Base Aérea do Galeão, no Rio, a bordo de um cargueiro SC-105 Amazonas, acomodado em uma maca de isolamento máximo. Um ano antes, o guineano Souleymani Bah havia chegado ao Galeão nas mesmas condições, mas em um LearJet da FAB convertido em Unidade de Cuidados Intensivos.

Este ano, na fase do coronavírus, a operação de DQBRN se repetiu na Base Aérea de Anápolis, Goiás. Os dois jatos Emb-190/VC-2 da frota da Presidência da República despachados para Wuhan, na China, que pousaram em Anápolis no dia 9 transportando 58 pessoas logo em seguida submetidas ao regime de quarentena, nas instalações da FAB, foram descontaminados pelo "time amarelo", uma referência ao traje de isolamento usado pela equipe. Os recursos empregados no procedimento são modernos - preservam a integridade operacional dos sistemas eletrônicos e digitais.

Estadão
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