PUBLICIDADE

'Brasil está pronto para enfrentar avanço do novo coronavírus', diz Beltrame

Presidente do Conass, também secretário de Saúde do Pará e ex-ministro do Desenvolvimento Social, afirma que a rede pública do País está preparada para realizar os atendimentos mesmo que haja grande número de casos da doença

25 fev 2020 - 05h10
(atualizado às 11h07)
Compartilhar
Exibir comentários

BRASÍLIA - Os secretários estaduais de saúde avaliam ser questão de tempo até o Brasil ter um caso confirmado do novo coronavírus. Apesar disso, consideram que o País está pronto para conter o avanço da doença e tratar os pacientes. Segundo Alberto Beltrame, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), os Estados já enviaram ao Ministério da Saúde planos de contingência, que incluem a lista de hospitais de referência e medidas para detectar a doença.

"Já estão identificados os hospitais e, no caso de a doença evoluir, as providências serão tomadas. Eu diria que sim, o Brasil está preparado", disse Beltrame ao Estado nesta segunda-feira, 23.

O presidente do Conass, também secretário de Saúde do Pará e ex-ministro do Desenvolvimento Social, afirma que a rede pública está preparada para realizar os atendimentos mesmo que haja grande número de casos da doença. Para Beltrame, as pesquisas têm indicado que cerca de 85% dos casos de novo coronavírus são leves e "vão ter efeitos de um resfriado comum".

Em casos mais graves, segundo o representante dos secretários estaduais, a ideia é aproveitar uma estrutura que será montada só para tratar desta doença. "No Pará, por exemplo, estabelecemos onze hospitais como de referência para casos mais graves. Vamos fazer isolamento de quartos convencionais e colocar equipamentos de cuidado intensivo neles. Não vejo grande dificuldade de preparar isso no curto prazo. O Ministério da Saúde já anunciou a locação de mil leitos de UTI, quando necessário", disse. Segundo informou a pasta, o processo de contratação ainda está em andamento.

Nos planos apresentados pelos Estados, segundo Beltrame, foram consideradas como fatores de maior preocupação a fronteira com a Venezuela, em Roraima, e a grande circulação de estrangeiros no Aeroporto de Guarulhos. "Tivemos eventos relacionados ao sarampo vindo da Venezuela. Roraima precisa de atenção. O ministério está cuidando disso, junto ao governo do Estado. O plano de contingencia lá tem essa questão, muito vulnerável, que é a fronteira com a Venezuela. Ali, a vigilância terá de ser intensiva", afirmou.

Apesar do alerta, o presidente do Conass descartou a possibilidade de fechamento de fronteira no momento. "O Brasil, ou qualquer país, não pode se transformar numa ilha. Não é razoável do ponto de vista econômico nem de saúde pública." O secretário disse ainda haver "total alinhamento" dos Estados com as diretrizes do ministério sobre o enfrentamento do vírus. O método de coleta de materiais de pacientes e exames para detecção da doença é padronizado, exemplifica ele.

Para Beltrame, o Sistema Único de Saúde (SUS) é uma vantagem ao Brasil, pois há canais de diálogo permanente entre a União, Estados e municípios. "Nos países em que interlocução não é tão frequente, o que a gente vê é um 'corre-corre', 'bate-cabeça' de gente falando coisas diferentes. Desde o começo do novo coronavírus o nosso porta-voz é sempre o Ministério da Saúde."

Medidas como a ampliação da lista de países em alerta, na avaliação do secretário de Saúde do Pará, não devem ser entendidas como desespero do Brasil. "É natural que haja apreensão quando surgem casos como na Itália. A principal ideia que deve ser passada é: a ampliação do número de países não é sinal que o novo coronavírus está chegando no Brasil.

Tem de ser entendido como medida adicional e de ampliação da sensibilidade do sistema. Não significa que estamos muito assustados e fazendo coisas que não estavam previstas. Estamos cumprindo plano de contingência", disse.

O ministério dobrou nesta segunda-feira, 24, a quantindade de países na lista de alerta do novo coronavírus, incluindo os primeiros três da Europa: Itália, Alemanha, França. Além desses, entram no rol do governo federal Austrália, Filipinas, Malásia, Irã e Emirados Árabes.

Isso significa que serão considerados suspeitos da doença passageiros que estiveram nesses locais e que apresentem sintomas da doença, como febre e tosse. O novo enquadramento, antecipado pelo estadao.com.br, é resultado da confirmação da transmissão do vírus dentro desses países.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade