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Gripe: médicos reforçam vacina para idosos e pessoas com doença crônica

Em caso de não imunização, complicações do vírus são piores; se proteger contra pneumonia também é importante

1 mai 2019 - 07h14
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Iniciada em 10 de abril, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe já está em sua segunda etapa e ocorre até o dia 31 de maio. Desde o dia 22, a imunização contra influenza inclui alguns grupos específicos, entre eles os idosos e as pessoas com doenças crônicas. Esses públicos, caso não sejam imunizados, correm um risco maior de piora do quadro caso contraiam o vírus, alertam médicos. Segundo o Ministério, até o momento o subtipo predominante no País é influenza A H1N1, com 192 casos e 47 óbitos.

Quando se fala em doenças crônicas, vale tanto para as não transmissíveis, que são maioria (diabete, câncer, cardiopatias), quanto as transmissíveis (aids). "[Nessas pessoas], a gripe tende a ser mais grave. A resposta imune é prejudicada", diz Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Kfouri afirma que o risco de contrair o vírus da gripe é igual para pacientes e pessoas saudáveis. No entanto, o agente infeccioso tem um comportamento diferente dentro do organismo de quem convive com alguma enfermidade que se prolonga por muito tempo. Para se vacinar, é importante que elas levem algum documento que comprove a presença de doença crônica. Pode ser um laudo médico, uma prescrição médica ou uma receita de medicamento.

O especialista destaca que os obesos têm feito mais parte do grupo cuja evolução da gripe é mais grave. Segundo ele, entre 70% e 75% das mortes por influenza nos últimos cinco anos era de pessoas pertencentes a grupos de risco, como idosos e com doenças crônicas.

Para os idosos, a geriatra Maisa Kairalla, coordenadora da Comissão de Vacinação da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, reforça a importância da vacinação também contra pneumonia. "Grande parte deles tem pneumonia bacteriana associada à influenza. Essa é uma situação em que eles ficam vulneráveis. Vale a pena pensar nessa imunização para a pneumonia, porque, com a gripe, os pulmões ficam mais fragilizados", diz.

Segundo a médica, a vacinação contra a gripe não impede que o idoso contraia a bactéria causadora da pneumonia. "As duas vacinas podem ser tomadas no mesmo dia e na mesma hora", afirma a médica. Para isso, é preciso uma prescrição médica para se imunizar contra pneumonia.

Vacina da gripe e doenças reumáticas

Gecilmara Salviato Pileggi, presidente da Comissão de Doenças Endêmicas e Infecciosas da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), afirma que cada vez mais aumenta o número de pessoas com características que as tornam suscetíveis a ter complicações em caso de gripe. Ela destaca aquelas que têm doenças autoimunes, como o reumatismo.

"As medicações são imunossupressoras [reduzem a imunidade], por isso tem um risco maior de ter complicações. O problema da influenza é que um quadro grave tem consequências desde deficiência respiratória até óbito", diz a médica.

Ela ressalta que crianças com doenças reumáticas também devem se vacinar, lembrando que, se não houve imunização contra a gripe até os nove anos de idade, a primeira vacinação deve ser com duas doses. A segunda aplicação é feita quatro semanas após a primeira. Depois disso, é preciso se vacinar anualmente.

Por que se vacinar todos os anos?

Segundo Gecilmara, vírus diferentes estão circulando e, do ano passado para esse, houve mudança na composição da vacina contra a gripe. Esta, composta pelo agente infeccioso morto, teve dois tipos de vírus alterados.

A médica da SBR fala da importância da vacinação para as pessoas que convivem com pacientes imunodeprimidos. Dessa forma, a proteção ocorre de forma indireta.

Vacina da gripe traz riscos para imunodeprimidos?

Diferente da vacina contra febre amarela, a da gripe não dá chance para que uma pessoa com baixa imunidade desenvolva a doença. Isso porque a medicação é feita com vírus inativados, ou seja, mortos, o que garante total proteção.

O risco, segundo Gecilmara, é a pessoa não responder adequadamente ao imunizante. "Quanto mais deprimido [o sistema imunológico] e mais forte a medicação, pode não ter proteção adequada. Não é certeza, mas existe chance de responder menos", diz.

No caso da vacina contra febre amarela, pessoas imunodeprimidas podem ter a infecção porque o imunizante é desenvolvido com o vírus atenuado. Neste caso, o agente infeccioso está vivo, mas parcialmente potente.

Estadão
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