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Entenda como uma alimentação saudável ajuda a prevenir obesidade e câncer

A maioria dos tumores tem relação direta com fatores ambientais e de estilo de vida

2 mar 2020 - 09h10
(atualizado às 15h10)
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Uma alimentação saudável é aliada no combate a doenças crônicas, mas colocá-la em prática pode ser um desafio, pois demanda disciplina e tempo. Conscientizar a população sobre os benefícios dos alimentos para a saúde é a principal estratégia para modificar hábitos — e quanto mais cedo se aprende sobre isso, melhores serão os resultados.

É com esse objetivo que a campanha Alimentos Tarja Verde, idealizada pelo Instituto Vencer o Câncer, foca na obesidade infantil e na prevenção de tumores na fase adulta. Segundo o oncologista Fernando Maluf, um dos fundadores da organização, pelo menos dois terços dos cânceres têm relação direta com fatores nocivos, como dieta inadequada, sedentarismo, tabagismo e etilismo.

Ele afirma que a maioria desses hábitos começa na infância e adolescência, fases da vida em que a modificação de costumes é mais fácil. Por isso, um dos focos da campanha são as crianças. Mas a ideia aqui é unir pais, famílias e educadores para ensinar os pequenos a terem um bom estilo de vida. "Se a criança é educada a comer verdura, frutas, carnes magras, vai adorar isso", diz o médico.

Maluf informa que a obesidade infantil cresceu dez vezes nos últimos 40 anos no Brasil e hoje temos mais de 11 milhões de crianças obesas ou com sobrepeso. "É um problema crescente no País e no mundo, tanto que nos próximos dois anos vamos ter mais crianças obesas do que desnutridas."

Com a prevenção da obesidade na infância por meio da boa alimentação, evita-se um adulto obeso cuja condição pode levar a um câncer. Maluf diz que mais de 20 tumores estão ligados ao aumento de peso, como o de próstata, mama, intestino e fígado. Além disso, a obesidade é fator de risco para doenças cardíacas, metabólicas, respiratórias, ortopédicas e diabete. "A gente sabe que obesidade, sedentarismo e dieta inadequada, junto com cigarro, são o maior fator de risco oncológico no mundo", afirma o médico.

Mais do que ampliar o debate sobre os temas e promover ações de conscientização, a campanha Alimentos Tarja Verde convida empresas e fornecedores a adotarem a proposta, colocando uma tarja verde nos alimentos que produzem e são benéficos para a saúde. Os interessados podem entrar em contato com o instituto. "A campanha é muito ampla, vai desde as casas até o atacado, varejo e colégios. E o desafio é mudar o comportamento", diz Maluf.

A função dos alimentos saudáveis

Frutas, verduras e vegetais são ricos em substâncias que nutrem e melhoram as funções do organismo. Os fitonutrientes são parte desses compostos que, quando ingeridos, têm ação antioxidante e protegem o corpo de radiação, toxinas e poluição.

Os alimentos verdes, como couve e brócolis, têm grande quantidade de clorofila e betacaroteno, que fortalecem os mecanismos de defesa, o que ajuda a prevenir agentes infecciosos. Ao resistir a esses fatores externos, as chances de haver mudanças nas células que vão levar ao aparecimento de um câncer são bem menores.

No caso da obesidade, além de todo o efeito protetor, os bons alimentos estão livres de açúcar, sal e gorduras em excesso, que estão associados ao aumento de peso e doenças como hipertensão. Os resultados são ainda melhores quando se unem outros hábitos de vida positivos, como fazer exercícios físicos, controlar o estresse e cuidar da saúde do sono.

Alimentos contra e a favor do câncer

Uma vez que a maioria dos tumores tem como uma das causas a alimentação inadequada, é fato que modificá-la ajuda a prevenir a doença. Mas há outros fatores, sobre os quais não temos controle, que vão desencadear em células cancerígenas, como a predisposição genética. Ainda assim, mesmo com a enfermidade instalada, é possível se aliar aos alimentos como parte do tratamento oncológico.

A relações públicas Letícia Prates da Fonseca, de 31 anos, sempre foi fisicamente ativa na infância e adolescência. Ela jogava basquete, fazia natação, mas confessa que nunca se preocupou muito com a alimentação. Durante a faculdade, começou a engordar e foi apenas quando quis emagrecer para a formatura, com uma preocupação estética, que ela começou a ingerir alimentos mais saudáveis.

Passados alguns anos, sem ter retomado a prática de atividades físicas, ela foi diagnosticada com câncer de mama em março de 2014, aos 25 anos. Depois de todo o tratamento, a doença voltou em abril de 2017. "Da primeira vez, eu não cuidava. Os efeitos colaterais duravam de sete a dez dias, passando mal. Na segunda vez, com exercício e alimentação adequada, os efeitos duravam três dias", conta. Com essa mudança, ela descobriu que precisava conhecer bem os tipos de alimentos para fortalecer o corpo "nessa guerra".

Atualmente, Letícia não toma refrigerantes e desenvolveu uma espécie de aversão a alimentos industrializados e ultraprocessados. Quando come algo do tipo, tem problemas de digestão. "Hoje, eu descasco mais e desembalo menos", afirma. A adaptação alimentar que teve de fazer devido à doença tornou-se estilo de vida. "Aumentei o consumo de folhas verdes, passei a consumir farelo de aveia, diversos grãos, abacate, berinjela, cenoura e beterraba cruas. Diminuí carnes, processados e embalados de todas as formas."

Ela também reconhece que não é fácil toda essa modificação, mas aprendeu, com o tempo, a programar a alimentação. Uma vez por semana, ela vai ao supermercado com a lista de todos os alimentos que compõem a dieta recomendada pela nutricionista. Com tudo em casa, fraciona a comida em potes que ficam congelados, prontos para uso ou consumo. "Passei por um processo de metamorfose muito grande e agradeço por esse recomeço. Hoje me sinto mais saudável", diz Letícia.

Estadão
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