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Dieta sirt: conheça o plano alimentar que permite chocolate e vinho

Proposta é emagrecer de forma rápida sem aderir a radicalismos na alimentação

9 mai 2019 - 07h14
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Em 2016, a dieta sirt ficou bastante conhecida pelo mundo com o lançamento do livro A Dieta Sirt, escrito pelos mestres em medicina nutricional Aidan Goggins e Glen Matten. O plano alimentar, que permite o consumo de vinho e chocolate, por exemplo (desde que contenha 65% de cacau ou mais), propõe emagrecer rapidamente, sem aderir ao radicalismo, por meio da ativação do 'gene magro'.

Porém, o emagrecimento foi um resultado secundário dentro dos estudos que deram início a essa onda de sucesso. Além disso, o 'segredo' da dieta sirt é semelhante a muitas dietas da moda: a baixa ingestão calórica. Esse fator, por si só, já possibilita a perda de peso.

O médico nutrólogo Durval Ribas Filho explica que, a princípio, os benefícios da dieta sirt foram relacionados à longevidade e à redução de atividades oxidativas no organismo. Pesquisadores descobriram que as sirtuínas, proteínas que se dividem em sete tipos no corpo humano, favorecem o envelhecimento saudável por meio da neuroproteção, redução da secreção insulínica, cardioproteção e diminuição da formação de gordura.

"A partir daí, percebeu-se que algumas substâncias estariam diretamente relacionadas a essa liberação de sirtuína. Uma delas, que ficou comprovada, foi os compostos polifenólicos, cuja estrutura química reflete na antioxidação celular", afirma Ribas Filho, que é presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

Assim, alimentos ricos em polifenóis, como chá verde, cebola, couve e café, ativariam a liberação de sirtuínas. Estas, ao mesmo tempo que preservam as células, atuam na redução de peso. Ainda assim, o especialista reforça que é a baixa ingestão calórica, principalmente nas primeiras semanas de adesão à dieta, que permite emagrecer de forma rápida.

A proposta da dieta sirt

Segundo a descrição no site oficial, a dieta sirt permite perder peso rapidamente "ativando as mesmas vias do 'gene magro', normalmente induzidas apenas por exercícios e jejum". A dieta ainda promoveria a perda de peso "sem sacrificar os músculos, mantendo a saúde ideal". Os polifenóis, como ativadores das sirtuínas, seriam a chave do sucesso, incluindo na prevenção de doenças crônicas.

Em 2017, Garry Williamson, professor da Escola de Ciências Alimentares e Nutrição da Universidade de Leeds, no Reino Unido, falou ao E+ sobre a ação dessas substâncias. "Polifenóis protegem do desenvolvimento de diabete tipo 2 e doenças cardiovasculares. Um dos problemas na diabete tipo 2 é o desequilíbrio no metabolismo do açúcar, e os polifenóis podem ajudar a manejar esse metabolismo", explicou. Quanto às doenças do coração, ele esclareceu que parte delas ocorre por questões inflamatórias, e os polifenóis agem com efeitos anti-inflamatórios.

Alguns alimentos que fazem parte da dieta sirt, ricos em polifenóis, são chá verde, chocolate amargo com 65% de cacau ou mais, cebola, frutas vermelhas, oleaginosas como avelã e nozes. O café também é um boa recomendação, além dos chamados sucos detox. No caso do vinho, Ribas Filho diz que, segundo estudos, 15 gramas de álcool por dia, cinco vezes por semana, são recomendados para a saúde cardiovascular.

Fases da dieta sirt

Os autores do livro sobre a dieta sirt dividiram o plano alimentar em duas fases. Na primeira, que dura sete dias, a pessoa consome mil calorias diariamente nos três primeiros dias. Em cada um deles, ela deve tomar três sucos verdes e ingerir uma refeição rica em alimentos sirt. Do quarto ao sétimo dia, deve-se aumentar a ingestão calórica para 1,5 mil, com dois sucos verdes e duas refeições diárias.

Na segunda fase, que serve de manutenção e dura 14 dias, o objetivo é perder peso de forma constante. A pessoa pode comer três refeições balanceadas ricas em alimentos sirt todos os dias, além de um suco verde. "As duas fases podem ser repetidas sempre que desejar para aumentar a perda de gordura", indica o site.

Ribas Filho, da Abran, afirma que durante uma semana ou duas de restrição alimentar, mesmo que seja com ingestão de 500 ou 800 calorias, não há uma repercussão direta negativa no organismo. Isso ocorre porque nosso corpo tem uma reserva de energia (gordura) que será utilizada para suprir uma eventual necessidade.

"O problema ocorre em médio e longo prazos. Estudos mostram que uma dieta de 800 calorias requer suplementação e reposição de vitaminas e minerais", diz o médico. A princípio, qualquer pessoa poderia aderir à dieta sirt. A contraindicação, segundo o especialista em nutrologia, seria para quem tem insuficiência renal, hiperglicemia, bulimia ou distúrbios psiquiátricos.

Mais que dieta, um estilo de vida

Os criadores do plano alimentar afirmam que a dieta sirt não é para ser única, mas um modo de vida. Depois das três primeiras semanas, eles encorajam as pessoas a continuar tomando suco verde e comendo alimentos ricos em polifenóis, que ativam a liberação de sirtuínas. O médico nutrólogo afirma que a dieta pode ser um bom incentivo para a redução de peso, mas é difícil segui-la por muito tempo.

"Estudos em nutrologia mostram que dietas populares, depois de um certo tempo, são monótonas, então a taxa de abandono é alta", afirma. Mas ele reforça a indicação de que "todos nós, em tese, deveríamos fazer de tudo para ingerir alimentos que tenham antioxidantes, que tenham polifenóis".

Estadão
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