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Crianças esperam mais de dois meses por atendimento em saúde mental na Inglaterra

Especialistas alertam para a importância do diagnóstico precoce para evitar problemas na vida adulta

10 out 2018 - 11h17
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Relatório do Instituto de Políticas de Educação da Inglaterra revela que crianças e jovens estão enfrentando uma espera média de dois meses para receber tratamento em saúde mental. O caso de atendimento mais demorado foi de 188 dias.

Uma espécie de 'triagem' é realizada em pouco mais de um mês. Especialistas sugerem que longas filas, além de problemas de saúde mental preexistentes, podem causar danos significativos e dificultar a recuperação dos pacientes.

O terapeuta Pat Capel explica porque é importante agir rapidamente quando se trata de criança: "Todos nós sabemos que, quanto mais cedo tratamos a saúde mental, melhor é o prognóstico a longo prazo", avalia em entrevista ao jornal britânico Metro.

E a vida adulta de quem tem o atendimento infantil negligenciado pode ser muito difícil. Se relacionar com outras pessoas e em algumas situações, como no ambiente de trabalho, será um caminho tortuoso. Além da falta de um atendimento rápido, os casos de rejeição também crescem na Inglaterra. O estudo mostra que 56 mil crianças foram rejeitadas dos serviços de saúde mental só em 2017.

Um desses casos é o de Kieran, de 13 anos. Ele foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista por causa de problemas comportamentais. Sem atendimento adequado, está aos cuidados da mãe. Kristine conta que o filho ficou por nove meses esperando atendimento e não conseguiu: "Ele fica frustrado e sofre com ansiedade em situações que não consegue controlar. Ele se sente mal e acaba sendo agressivo. Então, pedi uma referência ao Serviço de Saúde Mental para Crianças e Adolescentes, mas ele foi recusado", desabafou.

Quanto mais o tempo passa, mais difícil ficará para Kieran se adaptar às situações do cotidiano. "Se chegarmos aos 18 anos e ele não tiver estratégias para lidar com suas emoções, quem vai ajudá-lo? Tivemos um incidente em maio, na escola, onde ele atacou e acabou caindo pelas escadas porque estava tentando fugir da situação. Está ficando maior e mais forte. Quando tem essas explosões, ele pode causar mais danos", avisou a mãe do adolescente.

O psiquiatra infantil Richard Graham aconselha aos pais a ouvir sempre seus filhos. "Tentar entender o que está acontecendo com eles é a essência da terapia familiar. Sentir-se valorizado e não julgado pode ter efeito curativo", analisou o médico.

Estadão
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