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Apesar da crise, número de cirurgias plásticas para estética cresce 25% em 2 anos

Aumento na mama, lipo e abdominoplastia são os procedimentos preferidos dos brasileiros; procura também tem crescido entre idosos

16 ago 2019 - 11h11
(atualizado em 17/8/2019 às 01h59)
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Mesmo com a crise econômica, a quantidade de cirurgias plásticas com fins estéticos cresce no Brasil. Foi realizado no ano passado 1,7 milhão de operações no País, sendo 60% para fins estéticos, estima o censo bianual da Sociedade de Cirurgia Plástica (SBCP), principal entidade do setor. O Brasil é um dos países líderes em número de intervenções desse tipo.

Comparando com dados do censo anterior, de 2016, o número de cirurgias plásticas estéticas é 25,2% maior. O levantamento reúne relatos obtidos com profissionais associados da SBCP - em dois anos, houve aumento de 10,3% no número de associados. Os dados totais são uma projeção estatística com base na amostra obtida pela entidade.

A técnica em enfermagem Ana Cláudia Machado, de 32 anos, ajudou a engrossar os números de 2018. No ano passado, de uma só vez, fez lipoaspiração e colocou 355 ml de prótese na mama. "O seio sempre foi uma cirurgia dos sonhos", conta ela, de Guarulhos, na Grande São Paulo.

Para conseguir pagar os procedimentos, diz, houve um esforço financeiro. "Pesquisei bastante, fiz avaliações que não caberiam nunca no meu bolso. Juntei minhas férias, fiquei durante cinco meses sem comprar nada e consegui o dinheiro."

As cirurgias pelas quais Ana Cláudia passou estão entre as preferidas dos brasileiros, segundo o censo. Os procedimentos mais procurados são o aumento de mama, a lipoaspiração e a abdominoplastia. Entre 2016 e 2018, porém, houve redução na procura pelo aumento de mama. Por outro lado, foi registrada maior busca pela redução mamária.

Alternativas como parcelamento e até consórcios ajudaram a popularizar as plásticas. "Fiz parcelado no cartão em 12 vezes", conta a atendente Eliana Oliveira, de 41 anos, que pôs prótese mamária.

Procura de plástica tem crescido entre idosos

Pessoas de 36 a 50 anos são as que mais se submetem aos procedimentos, mas, segundo Níveo Steffen, presidente da SBCP, chama a atenção o aumento na procura de procedimentos por pessoas com mais de 65. Os dados revelam que o porcentual de cirurgias plásticas para estética em idosos passou de 5,4% para 6,6% entre 2016 e 2018.

A alta pode parecer pequena, mas evidencia uma tendência. "Por ano, representam em torno de 70 mil a 80 mil cirurgias realizadas com o propósito de melhoria dessa parte estética", diz Steffen. "Antes, essa faixa etária não tinha um significado dentro da cirurgia plástica estética."

Segundo ele, operações no rosto, nas mamas e no abdome são as preferidas desse público. "As pessoas chegam a essa faixa etária com saúde e vigor e, muitas vezes, o corpo não corresponde a esse bem-estar interior", afirma o especialista.

Aos 60 anos, a comerciante Jane Assis planeja ir para a mesa de cirurgia ainda neste mês. Depois de fazer uma mamoplastia (para modelar a mama) no ano passado, agora ela quer colocar 290 ml de prótese. "Custei a convencer o médico", conta.

Hipertensa, ela não teme complicações. "O que manda, em primeiro lugar, é a cabeça, se você quer aquilo, e os exames em dia", diz Jane, que há 23 anos operou o abdome. Os resultados, diz, não são para parecer mais jovem aos olhares de fora. "Gosto para mim mesma, para olhar no espelho. Tem dia que não acredito que tenho 60 anos. Minha cabeça, pelo menos, não é de 60."

Procedimentos não-cirúrgicos também aumentam

Outro número que chama a atenção é o de procedimentos estéticos não-cirúrgicos, como aplicação de botox e preenchimentos. Em 2018, o número de intervenções desse tipo se equiparou ao de operações plásticas. O cenário no Brasil segue tendência mundial de preferência por essas aplicações.

"Os produtos melhoraram bastante. Uma cirurgia envolve todo um pré-operatório, avaliações, exames e pós-operatório. A complexidade é absolutamente diferente", explica Steffen. "Os não-cirúrgicos têm uma morbidade infinitamente menor."

Apesar de mais simples, os procedimentos não-cirúrgicos também podem trazer complicações graves. Segundo Steffen, é provável que hoje mais pessoas façam botox ou preenchimentos com profissionais que não têm especialização em cirurgia do que com cirurgiões.

No ano passado, chamou a atenção no País a divulgação de casos de mulheres que tiveram complicações após a aplicação de substâncias como o polimetilmetacrilato (PMMA). O episódio mais marcante envolveu o médico Dênis Furtado, conhecido como Dr. Bumbum, que fazia os procedimentos em sua cobertura no Rio. Furtado foi preso em julho de 2018, mas ganhou habeas corpus em janeiro deste ano.

Dicas para evitar problemas com as cirurgias

  • Riscos. Entenda que todos os procedimentos têm riscos. Cabe ao médico informar aos pacientes os eventuais problemas associados.
  • Expectativas. Certifique-se de que suas expectativas são realistas. Nas redes sociais, há profissionais e não profissionais que anunciam resultados improváveis.
  • Busca. Antes de qualquer procedimento, procure profissionais habilitados, com especialização em cirurgia. É possível consultar informações sobre médicos no Conselho Federal de Medicina. Investigue também equipamentos e substâncias envolvidas na operação.
  • Pós-operatório. Siga as recomendações para uma recuperação tranquila e não corte os vínculos com o médico após a cirurgia. Comunique sempre que notar alterações.
Estadão
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