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Transmissor de Chagas é encontrado em amostras de açaí analisadas pela Fiocruz

140 amostras de alimentos foram coletadas em feiras e supermercados entre 2010 e 2015 no RJ e PA

5 set 2018 - 17h09
(atualizado às 20h09)
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Uma pesquisa elaborada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) constatou a presença de material genético do parasita causador da doença de Chagas. As amostras foram encontradas em alimentos à base de açaí, comercializados nos estados do Rio de Janeiro e Pará.

O perigo da transmissão oral é que ela torna a manifestação inicial da doença muito mais intensa. Foto: Shutterstock / Por Alexander Ruiz Acevedo
O perigo da transmissão oral é que ela torna a manifestação inicial da doença muito mais intensa. Foto: Shutterstock / Por Alexander Ruiz Acevedo
Foto: Getty Images / Minha Vida

De acordo com a Fiocruz, o estudo pode ser um fator contribuinte para a investigação dos casos de transmissão via oral, que atualmente representam cerca de 70% dos registros de infecção aguda no Brasil. Segundo a Fundação, dados do Ministério da Saúde apontam que entre 2007 e 2016, foram registrados em média 200 casos agudos de doença de Chagas por ano no país.

No total foram analisadas 140 amostras de alimentos coletados em feiras e supermercados. No Pará, a coleta ocorreu entre 2010 e 2015, já no Rio de Janeiro durou de 2010 a 2012. O resultado da análise apontou que em 10% das amostras havia a presença do material genético do Trypanosoma cruzi, parasito causador da doença. Na análise também foi encontrado o DNA do triatomíneo, o inseto transmissor do parasito, popularmente chamado de barbeiro.

A lista de amostras coletadas em ambos os estados incluía diferentes tipos de alimentos, como os próprios frutos secos, sucos de açaí e polpas congeladas, sendo que esta última categoria envolve também as polpas que são misturadas com xarope de guaraná e/ou outras frutas.

"Reforçamos que, como não foi avaliado o potencial de infecção dos microrganismos, é provável que eles estivessem mortos e não pudessem provocar o agravo. Mas a simples presença do DNA do parasito mostra que houve contato com o alimento, apontando para falhas no processo de produção que podem levar à transmissão da doença de Chagas", alerta Otacílio Moreira, autor do estudo e pesquisador do Laboratório de Biologia Molecular de Doenças Endêmicas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC).

O perigo da transmissão oral é que ela torna a manifestação inicial da doença muito mais intensa. "Na transmissão oral temos a contaminação do alimento por múltiplos barbeiros, diferentemente da transmissão direta que é decorrente do contato com um único inseto", explica Filipe Piastrelli, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) faz uma série de recomendações que envolvem os processos de colheita, debulha, armazenamento, transporte e processamento do açaí. Além dessas medidas, o órgão recomenda também a higiene pessoal dos manipuladores de alimentos.

"Apesar de existirem importantes estratégias sendo implementadas, o Brasil ainda está num estágio embrionário e pontual no combate à doença de Chagas transmitida pelo consumo alimentar, incluindo o açaí. As boas práticas de higiene e de manufatura, assim como a aproximação entre instituições de ciência e os produtores de açaí, são essenciais para contribuir na solução deste problema", finaliza a principal autora do trabalho e pesquisadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), Renata Trotta Barroso Ferreira.

Como prevenir a transmissão oral da doença de Chagas?

Existem algumas medidas que podem prevenir a contaminação por doença de Chagas em alimentos naturais:

  • Compre alimentos como açaí e palmito de fornecedores registrados e que cumpram as condições sanitárias necessárias.
  • Evite consumo de frutas em estado cru nos locais de maior ocorrência de surtos da doença.
  • Fora desses locais, opte por esses alimentos pasteurizados ou liofilizados. Não se sabe ao certo por quanto tempo o parasita fica viável em preparações líquidas congeladas.

Entenda as outras formas de transmissão da doença e seus respectivos tratamentos aqui.

Minha Vida
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