Livro 'A História da Mulher na Medicina' resgata pioneiras e celebra liderança feminina na ciência
Publicação que será lançada no XXVI Congresso da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) percorre séculos de resistência das mulheres na medicina e aponta para a importância das reparações históricas
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) lança o livro 'A História da Mulher na Medicina', um registro inédito sobre a trajetória de mulheres que transformaram a medicina em todo o mundo, de curandeiras e parteiras na antiguidade a cientistas laureadas e líderes de instituições contemporâneas. A obra reúne textos de médicas e pesquisadoras brasileiras e perfis de figuras históricas que desafiaram as barreiras de gênero em um campo tradicionalmente masculino.
Livro 'A História da Mulher na Medicina'
"Este trabalho é também uma forma de contribuir para a reparação histórica de injustiças que inviabilizaram o trabalho de tantas mulheres pelo simples fato de serem mulheres", afirma Dra. Angélica Nogueira, presidente da SBOC e idealizadora do projeto. "Reconhecer o que elas fizeram é fundamental para inspirar novas gerações e consolidar a liderança feminina como força estruturante da medicina contemporânea."
O livro é dividido em nove capítulos. Os primeiros percorrem a história da presença feminina na medicina mundial, latino-americana e brasileira, apresentando desde Peseshet, considerada a primeira médica conhecida do Egito Antigo (2700 a.C.), e Metrodora, autora bizantina de um tratado sobre doenças femininas, até as brasileiras que abriram caminho nas universidades e hospitais no século XX, como Nise da Silveira.
Obstáculos das mulheres
Ao longo da obra, é aprofundada a discussão sobre os obstáculos enfrentados pelas mulheres na conquista e permanência em espaços de liderança na medicina. São abordados temas como o assédio moral e sexual, que evidenciam a naturalização da violência simbólica e a cultura do silêncio; o "teto de vidro", que simboliza as barreiras invisíveis que ainda limitam o avanço das mulheres em cargos de decisão; e a síndrome da impostora, sentimento recorrente entre profissionais que, apesar dos méritos, questionam a própria capacidade. O livro também examina as disparidades salariais e de representatividade, revelando como a desigualdade de remuneração e a subrepresentação feminina em cargos de comando perpetuam o desequilíbrio estrutural na medicina.
Os capítulos finais ampliam o debate, apontando para os desafios contemporâneos da liderança feminina e a importância da equidade de gênero como princípio estruturante da prática médica. Entre as homenageadas estão Marie Curie, Rosalind Franklin, Virginia Apgar, Elisabeth Kübler-Ross, Cicely Saunders, Jane Cooke Wright e Gerty Cori — mulheres que revolucionaram áreas como a oncologia, genética, psiquiatria e cuidados paliativos.
A obra também destaca a transformação da própria SBOC, que vive um ciclo inédito com três mulheres consecutivamente na presidência e uma CEO também mulher.
"Quando uma mulher entra na medicina, ela não entra sozinha — abre espaço para todas que virão depois", diz Dra. Angélica Nogueira. "Este livro é uma carta de amor à ciência, mas também um lembrete de que a equidade não é um favor: é um direito construído com coragem, inteligência e solidariedade entre gerações."
A História da Mulher na Medicina será lançado no dia 5 de novembro, durante o Congresso da SBOC,
no Rio de Janeiro.