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Não há nada melhor do que fazer o bem

3 jan 2020 - 08h48
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Foto: iStock

Para Jorge Medauar, em memória

O homem enxugou a testa com o lenço. Apesar do ventilador girando próximo dele, o calor daquele penúltimo dia de dezembro era intenso. Ele observava o movimento à sua volta.

Estava num Centro Espírita. Um companheiro de trabalho, com esforço, o convenceu a oferecer um donativo para as gentes carentes. “Coisa rápida” garantia o amigo, “e muito gratificante! Não há nada melhor do que fazer o bem...”

Essa última observação foi decisiva e, no horário de almoço, caminharam para o endereço. O salão era branco, muito limpo e arejado. As pessoas em grande número concluíam rapidamente uma porção de tarefas.

Ele, que nunca estivera num local como aquele, achou que também já havia cumprido sua tarefa, quando o amigo, aproximou-se, explicou que ainda não era hora, pois haveria uma cerimônia de agradecimento aos bons companheiros do espaço, pela ajuda recebida.

Sentou-se próximo do ventilador e esperou. Lá na frente do amplo salão, numa mesa grande, cercada por oito cadeiras, acomodaram-se os médiuns. Ele ouvia as preces, mas sentia imenso sono e não conseguia prestar atenção.

Talvez tivesse adormecido...

Acordou com o som de uma voz firme a chamá-lo: “Senhor Borges! Senhor Borges!”

Ao ouvir seu nome, pulou desconcertado da cadeira e ainda estonteado e se pôs em pé, da melhor forma possível.

O médium estendia para ele um papel branco. “Senhor Borges, essa mensagem é para o senhor”. Apanhou o papel e leu o escrito: “Papai, mamãe: Sempre muito amor por vocês. Beijos. Rafa”.

Não entendeu nada... Quem seriam papai e mamãe? Quem seria Rafa? Guardou a mensagem no bolso e preparou-se para ir embora. Despediu-se de longe do amigo, que estava cercado por muitas pessoas e partiu.

Chegando em casa, a animada agitação da esposa que preparava uma pequena comemoração de Ano Novo: “Borges, convidei o marido e aquela minha amiga da faculdade para passarem com a gente amanhã. Foi um ano difícil para eles. No último Reveillón, que triste, eles perderam um filho, de vinte anos, atropelado por um motorista bêbado”.

Estancado de surpresa, de olhos bem abertos, num fiapo de voz, indagou: “É, filho? Puxa. E como chamava o menino?” A esposa, caminhando para a cozinha, respondeu numa dicção clara, sílaba por sílaba: “Ra-fa-el”.

Um vento gelado subiu pela espinha. A lucidez de entender a vida e a morte. Colocou a mão no bolso e certificou-se que o papel, com aquela caligrafia juvenil, ainda estava ali.

Ficou feliz. Comprovava o que dissera o companheiro de trabalho: “Não há nada melhor do que fazer o bem...”

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui .

Fonte: Marina Gold
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