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Câncer: congelar óvulos e esperma preserva fertilidade

30 mai 2012 - 09h09
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Os tratamentos para o combate de câncer representam uma via de mão dupla para o paciente. Ao mesmo tempo em que servem com uma arma contra a doença, a quimioterapia, a radioterapia e cirurgias localizadas no aparelho reprodutor deixam como sequela a infertilidade. Nas mulheres, as medicações causam destruição e envelhecimento precoce dos óvulos, enquanto os homens podem perder a capacidade de produzir espermatozoides.

Os tratamentos para o combate de câncer representam uma via de mão dupla para o paciente. Ao mesmo tempo em que servem com uma arma contra a doença, deixam como sequela a infertilidade
Os tratamentos para o combate de câncer representam uma via de mão dupla para o paciente. Ao mesmo tempo em que servem com uma arma contra a doença, deixam como sequela a infertilidade
Foto: Shutterstock / Especial para Terra


Uma saída para preservar a fertilidade de pacientes que terão de se submeter a tratamentos contra a doença é o congelamento de gametas (óvulos e espermatozoides). No entanto, de acordo com um estudo da Universidade da Califórnia, essa possibilidade é pouco divulgada em consultórios médicos.



O levantamento foi feito com 1.041 pacientes com câncer, todas do sexo feminino, com idades entre 18 anos e 40 anos, revelou que, desse total, 918 passaram por tratamentos que agridem a fertilidade. A pesquisa constatou que 61% dessas pacientes receberam a orientação de que poderiam ficar inférteis depois de se tratar. Apenas 4% das entrevistadas procuraram o procedimento para preservar a fertilidade.



Maratona contra o tempo

Para Carlos Alberto Petta, membro da equipe médica do Instituto de Oncologia Radium, de Campinas (SP), e diretor do Centro de Reprodução Humana de Campinas (CRHC), é importante ter essa conversa logo depois de o câncer ser diagnosticado - além de conscientizar o paciente de que ele pode congelar seu material genético. Normalmente, após quatro semanas de descoberta da doença o paciente já precisa ser submetido aos tratamentos.

Para os homens, esse o congelamento de espermatozoides é mais simples e não precisa de estimulação medicamentosa para ser realizado. Já para as mulheres, congelar óvulos não é tão simples. Para fazer a coleta do material, a paciente terá de passar por cerca de 14 dias de aplicações de hormônios a fim de estimular a produção ovariana e aspirar os óvulos que serão congelados.

O procedimento e os custos

O congelamento do material genético do homem é mais simples de fazer. O paciente passa por exames para avaliar a saúde sexual e faz a coleta do espermatozoide que será congelado.

No congelamento de óvulos, o nível de dificuldade aumenta. Além de passar pela estimulação ovariana, a mulher será submetida a uma punção para a aspiração das células - semelhante a que é feita nas fertilizações in vitro (FIV).

De acordo com o banco de sêmen Pro-Seed, de São Paulo, o congelamento de espermatozoides tem custo inicial de cerca de R$ 1.650 (o valor inclui três coletas de espermatozoides e a primeira taxa de manutenção do congelamento). Para as mulheres, devido à complexidade do procedimento, o valor inicial do congelamento de óvulos é de cerca de R$ 12 mil, segundo o diretor do CRHC. Tanto o homem quanto a mulher terão de pagar uma taxa semestral de manutenção do congelamento.

Conscientização
Para Carlos, que está iniciando um programa de conscientização da preservação da fertilidade em pacientes com câncer - em parceria com o Instituto Radium -, é importante que a mulher e o homem saibam que existe a possibilidade de engravidar depois de tratarem a doença. "O paciente pode até decidir não fazer o procedimento, é uma escolha dele. Mas é importante que ele tenha consciência dos efeitos que esses tratamentos podem acarretar para a fertilidade humana e que a medicina dispõe de recursos que podem driblar essa sequela", diz o médico.

Fonte: Cross Content
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