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Confira a história de casais de chefs que se conheceram no trabalho

Casais à frente do AE Cozinha, Metzi e Manga contam sobre a experiência de dividir a parceria de vida dentro e fora das cozinhas

12 jun 2022 - 10h18
(atualizado às 10h18)
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Trabalhar junto com o parceiro ou parceira nem sempre dá certo - pode amargar o relacionamento. Mas, assim como sabem temperar bem seus pratos, chefs são especialistas em manter o amargor bem longe das relações pessoais.

Foto: iStock

A parceria na vida e na cozinha pode dar (muito!) certo. Ygor Lopes e Walkyria Fagundes, que comandam o AE Cozinha, em São Paulo, se conheceram há oito anos, na cozinha do Epice, antigo restaurante do chef Alberto Landgraf. "Depois, ficamos um ano trabalhando separados", conta Walkyria. Mas os pratos de Ygor e os doces de Walkyria sempre se deram bem no mesmo menu - e o casal resolveu abrir um restaurante.

O começo não foi fácil, e os problemas do negócio chegaram a interferir em casa. "No primeiro ano, nós morávamos no mesmo imóvel do restaurante. Dormíamos juntos, trabalhávamos juntos, tudo dentro do mesmo lugar. O orçamento era baixo, tinha muito estresse", conta Walkyria. "O Ygor é workaholic, ele só falava de trabalho; eu queria bater nele", brinca.

Do mundo para o Brasil

Antes de abrir o AE Cozinha, Ygor e Walkyria passaram um ano na Espanha. Decidiram voltar à terra natal para abrir a própria casa. Algo parecido aconteceu com outros dois casais de chefs: Eduardo Nava Ortiz e Luana Sabino, do Metzi, e Katrin e Dante Bassi, do Manga, em Salvador. Para eles, a decisão pelo Brasil foi especial: Eduardo é mexicano, Katrin é alemã, e seus parceiros são brasileiros.

Katrin já esteve em terras brasileiras antes do casamento: conheceu Dante quando os dois trabalhavam no D.O.M, do chef Alex Atala. Ter um restaurante, juntos, nunca foi exatamente um objetivo - mas tornou-se um bom plano quando decidiram ter filhos. "Sempre quisemos ter dois ou três filhos, um atrás do outro", conta Dante. "Com a chegada do primeiro, percebemos que seria muito difícil conciliar a nossa rotina na cozinha com uma criança. Abrir o nosso restaurante foi a solução: a rotina ainda é muito corrida, mas as crianças podem ficar por perto".

Katrin conta que o plano era ficarem próximos das famílias, para contar com uma rede de apoio no cuidado com as crianças. "Queríamos um restaurante em Ravensburg, minha cidade na Alemanha, e um em Salvador, que é a cidade do Dante".

Deu tudo certo: Katrin e Dante moram, com os três filhos, em cima do Manga. Trabalho e vida pessoal se misturam constantemente - e isso nunca foi problema.

Também não é uma questão para Eduardo e Luana. No Metzi, os dois criam pratos a quatro mãos. "Acho que conseguimos separar bem as coisas, porque fomos amigos e colegas de trabalho por um ano, antes de começarmos nosso relacionamento", diz Luana.

Os dois se conheceram no restaurante Cosme, em Nova York, especializado em cozinha mexicana. A decisão de vir ao Brasil para abrir o próprio restaurante foi mais lógica do que sentimental. "Quando eu vinha para o Brasil, visitar minha família, eu sentia muita falta da comida do México e da que fazíamos em Nova York. Percebemos que aqui seria um bom mercado para a nossa cozinha", lembra Luana.

As diferenças culturais entre Brasil e México são o que dão um sabor muito especial à parceria dos chefs. "Eu vou atrás dos ingredientes e mostro ao Eduardo como eles podem ser usados aqui. Ele traz a versão de como eles são usados no México", diz Luana. "Contribuo com a minha experiência brasileira, de conhecer bem as pessoas daqui. Sei os sabores que os clientes brasileiros rejeitam, mesmo que sejam muito bem aceitos no México".

A parceria também funciona bem na vida pessoal. Mas, assim como Ygor e Walkyria, tiveram algumas faíscas no começo. "Estávamos abrindo o Metzi quando chegou a pandemia. Tivemos que adiar a inauguração. O Eduardo tinha dificuldades com o português no começo, precisamos de um porta-voz... A gente deu uma surtada", brinca.

Folga fora da cozinha

A possibilidade de poder sair de casa, com a melhora da pandemia, foi boa para Luana e Eduardo. "Como chegamos em São Paulo no auge da pandemia, não conseguimos conhecer muitas coisas. Hoje, aproveitamos nossa folga para sair, conhecer lugares novos", conta. Em casa, ela dispensa a cozinha - Eduardo, por outro lado, gosta de cozinhar, de vez em quando.

Ygor e Walkyria também não querem saber das panelas dentro de casa. "A gente faz chá, lava salada, passa café", ri Ygor. Nos dias de folga, o casal prefere se dedicar à prática de esportes, como tênis e vôlei de praia.

Para aproveitar a energia dos três filhos, Katrin e Dante também não passam muito tempo na cozinha de casa. "Quando temos férias, ou um período mais longo de folga, nós cozinhamos", diz Dante. "Fora isso, é mais algo prático para as crianças: macarrão, salada, sanduíches… também gostamos de fazer uma fogueira, na varanda, e cozinhamos com as crianças ali".

Isso porque não é só de comida boa que se transmite o amor. E os chefs sabem equilibrar todos os pratos, para que tudo dê certo.

Estadão
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