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Restaurante bom tem grande custo-benefício, diz editor da ‘Restaurant'

Em entrevista exclusiva, William Drew, editor-chefe da revista inglesa que organiza anualmente a lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, reforça que bons pratos não devem ser sinônimos de preços altos

23 abr 2013 - 13h40
(atualizado em 26/4/2013 às 12h50)
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<p>William Drew confessa que não é grande conhecedor da gastronomia brasileira</p>
William Drew confessa que não é grande conhecedor da gastronomia brasileira
Foto: Divulgação
Comer bem não significa gastar uma fortuna. O raciocínio parece básico, mas serve de lembrete para aqueles que gostam de frequentar bons restaurantes em capitais brasileiras como São Paulo e Rio de Janeiro, onde cobra-se – e paga-se – preços exorbitantes por uma refeição minimamente sofisticada. E quem faz a ressalva é ninguém menos que William Drew, editor-chefe da revista inglesa Restaurant, que organiza anualmente a lista dos 50 melhores restaurantes do mundo.  A edição 2013 do prêmio será realizada em Londres na próxima segunda-feira (29). 

Mas, ao dizer isso, Drew não se refere ao brasileiro Alex Atala, que atualmente está na 4ª posição do ranking com seu restaurante paulistano D.O.M., tampouco ao dinamarquês René Redzepi, que ocupa o topo da lista desde 2010 com o Noma, em Copenhague. Pelo que servem e prestígio que ostentam, esses chefs estariam  ‘habilitados’ a apresentar faturas que chegam a ultrapassar um salário-mínimo, por cabeça. Mas essa não pode ser a regra.  

“Bons restaurantes precisam oferecer um ótimo custo-benefício”, garante o jornalista inglês em entrevista ao Terra. A ironia é que, em breve, Drew pode se tornar o responsável indireto por inflacionar ainda mais a já exorbitante cena gastronômica brasileira. O editor não confirma oficialmente – o que deve ser feito na premiação da próxima segunda (29) - mas é dado como certo o lançamento da lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina, ao que tudo indica em setembro deste ano.  “Estamos  investigando outras possibilidades em termos regionais”, diz. 

O editor da Restaurant confessa também que ainda não é um grande conhecedor da cozinha brasileira. Algo que Alex Atala, um dos principais candidatos a assumir o número 1 da lista de 2013, certamente está trabalhando para mudar.  Confira abaixo a entrevista com William Drew.

<a href="http://culinaria.terra.com.br/infograficos/50-melhores-restaurantes-mundo/iframe.htm">veja o infogr&aacute;fico</a>

Terra – A lista dos 50 melhores restaurantes do mundo foi criada há mais de 10 anos. Qual a relevância da premiação hoje e a relação criada com o público?

William Drew – Primeiramente e, acima de tudo, a lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, patrocinada por San Pellegrino e Acqua Panna,  é uma pesquisa feita na indústria. É um evento da indústria. Isso é crucial para a integridade e credibilidade do evento e da lista. Uma vez que a lista é anunciada, claro, os apaixonados por comida do mundo todo podem utilizá-la para descobrir novos lugares e planejar aventuras gastronômicas. 

Terra - Podemos dizer, então, que se trata, em última instância, de uma grande indicação para o público sobre onde comer bem?

William Drew – Entretanto, existem apenas 50 restaurantes na lista. E outros 50 (números 51-100) são publicados no guia. Isso, obviamente, representa uma fatia muito pequena dos grandes restaurantes que existem no mundo. É um grupo de elite. E a premiação tem como objetivo celebrar o melhor dos melhores.   

 

Terra - Mas a lista já recebeu críticas no passado por não adotar critérios técnicos rigorosos para a votação realizada com profissionais da área. Isso não afeta a credibilidade da eleição? 

William Drew – Acreditamos que esse é um dos pontos fortes da lista – o fato que restaurantes de qualquer estilo podem entrar na seleção, desde templos da gastronomia até estabelecimentos de comida casual de rua. Também acreditamos que a lista tem o máximo de credibilidade possível. Mesmo assim, estamos sempre nos esforçando para melhorá-la. 

Terra - Por que a Restaurant decidiu criar listas regionaism como os 50 melhores da Ásia e possivelmente a versão latino americana? 

William Drew – Lançamos os 50 melhores restaurantes da Ásia neste ano depois de uma pesquisa extensa com a indústria do continente. Primeiro, havia apetite por um evento regional por parte dos chefs, restaurateurs, e mídia especializada da Ásia. A cena gastronômica da Ásia está crescendo em perfil, sofisticação, variedade e qualidade. E queriamos colocar os holofotes nessa qualidade e rica diversidade. Também sabemos que muitas pessoas acreditavam que os restaurantes asiáticos não estavam bem representados na lista dos 50 melhores do mundo, pelo menos não da forma como mereceriam.  Esperamos que esse lançamento possa dar a eles um perfil em escala global. 

Terra - E a América Latina pode esperar um movimento nesse sentido?

William Drew – No momento, estamos investigando outras possibilidades em termos regionais.

Terra - Mas a Lista dos 50 melhores da América Latina já está confirmada?

William Drew – Não. Ainda não está confirmada.  

Terra - Ano passado, quando o D.O.M. foi nomeado  4º melhor restaurante do mundo, Mark Durden-Smith (apresentador do evento) disse que Alex Atala lutava sozinho para promover a cozinha brasileira no mundo. Isso mudou no último ano? 

William Drew – Tenho certeza que Alex não está lutando sozinho, mas ele tem sido o líder internacional da cozinha brasileira por meio de seu perfil, suas viagens e a excelência do D.O.M. 

Terra - O que você normalmente gosta de pedir quando vai a um restaurante?

William Drew – Não posso te dizer quais são as minhas escolhas favoritas, infelizmente. Isso pode ser visto como algo que influenciaria o resultado da lista, mesmo que, evidentemente, isso não ocorra. 

Terra - Mas então poderia falar o que gosta de cozinhar?

William Drew – Preciso confessar que sou muito melhor comendo do que cozinhando!

Terra - Sobre a cozinha brasileira, o que conhece? Algum sabor favorito?

William Drew – Mais uma vez preciso me desculpar, mas meu conhecimento sobre a cozinha brasileira não é tão extenso.  Por isso, não me sinto habilitado para responder a essa pergunta. 

Terra - Especialmente no Brasil, hoje, bons restaurantes são sinônimo de contas inacreditavelmente altas. Essa é uma condição sine qua non para se comer bem? 

William Drew – Certamente não. Bons restaurantes devem oferecer grande relação custo-benefício. E isso pode ser em qualquer nível de preço. Claro, muitos dos restaurantes da lista dos 50 melhores do mundo são caros. Não há como negar isso. Mas vale lembrar que nem todos são.

Anúncio dos 50 melhores

O Terra, a maior empresa latino-americana de mídia digital, transmitirá ao vivo o anúncio dos 50 melhores restaurantes do mundo na próxima segunda-feira (29), a partir das 16h, direto do Guildhall, em Londres, na Inglaterra. A transmissão estará disponível inclusive para tablets, smartphones e TVs conectadas.

No ranking de 2012, o restaurante D.O.M., de Alex Atala, ficou com o 4º. lugar no ranking mundial. Mais dois brasileiros foram mencionados não entre os 50, mas entre os 100 melhores restaurantes do mundo. O restaurante Maní, da chef Helena Rizzo, em São Paulo, ficou com a 51ª posição, e o Roberta Sudbrack, da chef de mesmo nome, no Rio de Janeiro, pegou a 71ª posição.

O ranking 'The World's 50 Best Restaurants', organizado pela revista Restaurant, elege os 50 melhores restaurantes do mundo, escolhidos por 936 jurados especializados. A transmissão do 'The World's 50 Best Restaurants' é um oferecimento da FineDiningLovers.com, com patrocínio de S. Pellegino e Acqua Panna. 

Fonte: Terra
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