Você provavelmente já ouviu que o sobreiro, árvore que fornece a cortiça, está em extinção. Também já deve ter ficado em dúvida se comprava ou não um vinho com garrafa fechada com tampa de rosca, com receio da qualidade da bebida. Essas questões são comuns, mesmo entre os enófilos e consumidores frequentes de vinho. E não existe apenas uma recomendação. A preferência pelo uso da rosca ou rolha de cortiça está ligada à tradição de produção dos países e o tipo de vinho. O Terra conversou com sommeliers que deram dicas e informações que podem ajudar você a fazer essa escolha. Confira:
1. O tipo de fechamento pode alterar a evolução do vinho dentro da garrafa. "Tampas de rosca feitas de alumínio ainda sofrem muita resistência porque muitos acreditam que o vinho não será tão bom. Na loja mesmo, perdemos venda de alguns vinhos com tampa de rosca, pois as pessoas têm preconceito", diz o sommelier Marcelo Rosa, proprietário da Enoteca O Melhor Vinho do Mundo.
2. Segundo Pedro Alves Cardoso, docente do curso Formação de Sommelier de Vinhos do Senac São Paulo, o manejo e fechamento da bebida pedem cuidados. "Quando o vinho não está pronto, tudo pode influenciar o seu desenvolvimento."
3. As tampas de rosca (screwcap) podem ser usadas sem medo em vinhos jovens, que não precisam de guarda.
4. Os vinhos brancos e rosés são os grandes beneficiados por este tipo de fechamento, já que são mais jovens e seu tempo de guarda vai de três a quatro anos, segundo Marcelo Rosa.
5. Tintos jovens também têm compatibilidade com a screwcap e, com ela, podem ser guardados por 6 a 8 anos sem problemas.
6. "Fora do Brasil, este tipo de fechamento começou a ser usado há cerca de uma década, principalmente nos países do Novo Mundo – Austrália (grande exportadora de tecnologia de vinhos), Nova Zelândia e África do Sul. Os países produtores tradicionais, caso de França, Itália, Portugal e Espanha, ainda resistem, mas já começaram produzir com screwcap. No Brasil, a tampa de rosca vem ganhando espaço no mercado há cerca de cinco anos", afirmou Marcelo Rosa.
7. A rolha feita de cortiça permite que a bebida receba uma micro-oxigenação que beneficia a evolução do vinho na garrafa. "Portanto, as rolhas tradicionais ficariam para os vinhos tintos de longa guarda, que precisam dessa micro-oxigenação", disse o sommelier da Enoteca.
8. Existem pesquisas que estudam a possibilidade de desenvolver screwcaps que ofereçam a mesma micro-oxigenação da rolha de cortiça.
9. Outra vantagem da tampa de rosca é que, ao contrário da cortiça, ela não pode ser afetada por fungos, como o TCA, que ataca as rolhas e estraga o vinho - o famoso bouchonné.
10. Os especialistas afirmam que a screwcap é o futuro, já que a cortiça usada para fazer as rolhas, que é extraída da casca de uma árvore, um dia pode acabar. Isso porque a casca do tronco só pode ser extraída a partir dos 30 anos de idade da planta e, depois, a cada nove anos. "Não acredito na extinção do Sobreiro. Enquanto houver vinho, vai existir cortiça, pois é política dos alguns países produtores", disse Pedro Alves Cardoso, do Senac.
11. O custo para produzir uma tampa de alumínio é mais baixo.
12. Apesar da praticidade ao abrir uma tampa de rosca, a perda de charme é um forte motivo para tanta resistência. Afinal, abrir uma garrafa de vinho com um saca-rolha é um ritual do qual muitos enófilos não abrem mão.
13. Muito enófilos consideram essencial analisar a rolha ao abrir uma garrafa. "Um cheiro 'velho' ou de mofo mostra que o vinho pode estar estragado", disse Marcelo Rosa. "O cheiro da rolha é uma maneira de sentir o vinho de um jeito mais simples, afinal, ali está a porta de muitos segredos", afirmou Pedro Alves Cardoso.
14. Há também muitos vinhos fechados com rolhas sintéticas. Nesse caso, os que defendem a preservação do sobreiro também condenam o uso de plástico no item. "O plástico sempre vai ser visto como o vilão da história, mas não é nada que o mercado não possa absorver buscando outras saídas", disse Pedro Alves Cardoso.
15. Existem ainda as versões BIB ou Bag in Box, uma alternativa para reduzir o preço dos vinhos mais simples, para o dia a dia, mas que ainda enfrenta muito preconceito no Brasil. "Na Europa, as caixas se tornam cada vez mais sofisticadas e mais interessantes. Como isso faz parte do crescimento da reciclagem em países vinhateiros deve, aos poucos, influenciar culturalmente também o Brasil. Mas, como o brasileiro vê o vinho como uma bebida de consumo de classe social mais elevada, diferente da Europa, essa influência deve acontecer aos poucos", afirmou o docente do Senac.
16. Há vários estudos e pesquisas para outras alternativas de embalagens para vinhos, como garrafa de papel reciclado ou mesmo garrafas recicladas.
A sétima edição do Espaço café Brasil, a maior feira do setor da América Latina, reuniu cerca de 80 marcas no Expo Center Norte, em São Paulo. No evento, que vai até sábado (6), as empresas apresentam as novidades e o melhor de suas produções. Confira alguns rótulos de cafés especiais encontrados na feira
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
Nova no mercado, a Terroá Cafés Especiais produz na Chapada Diamantina, na Bahia. O café utilizado pela marca vem das plantações mais altas do Brasil, situadas entre 1.200 e 1.600 metros acima do mar. São três variações bem aromatizadas com diferentes tipos de torrefação: o Sol Amarelo, mais delicado e suave, Vento Norte, médio, e Terra Vermelha, um café mais encorpado e forte. Preço médio: R$ 20, por 250g
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
O café Jaccu Bird, da Camocim organic, já causou muita polêmica. O café super premium, considerado o mais raro do Brasil, é selecionado no pé pela ave Jacu, passáro que se alimenta de grande quantidade de café. Uma vez que comeu os frutos, o Jacu elimina os grãos, que são colhidos manualmente pela equipe da fazenda, sendo secos, limpos e, após um período de descanso, torrados para consumo. A fazenda Camocim trabalha com agricultura orgânica e está localizada na região das montanhas do Espírito Santo. Preço médio de R$ 129, por 250g
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
Além do rótulo próprio com certificação da Brazil Specialty Coffe Association, a Braúna ainda produz rótulos em parcerias. A fazenda está localizada na região da matas de Minas Gerais e possui plantas da variedade arábica. Preço médio: R$ 15, por 250 g
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
A marca Braúna também fechou parceria para a produção do primeiro licor de café especial do Brasil. A cachaçaria Vale Verde é responsável pelo 1727, nome dado em homenagem ao ano de início da indústria cafeeira no país. Preço médio: R$ 70 a garrafa de 700 ml
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
Tradicional marca, a Baggio apresenta uma variedade grande de café. O Baggio Bourbon é uma versão gourmet 100% Arábica. Este café especial é torrado artesanalmente, criando diferentes notas gustativas. Preço médio: R$ 50 por kg
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
Já o Baggio Gourmet Cerrado Gran Reserva é produzido no cerrado mineiro e possui cor achocolatada, textura consistente e aroma frutado. Preço médio: R$ 50 por kg
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
A Baggio também possui uma linha de cafés aromatizados nas versões chocolate com menta, amaretto, limão, chocolate trufado, caramelo e açaí. Preço médio: R$ 10 por 150 g
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
O café Fazenda Mantissa é um estate coffe, ou seja, com grãos produzidos em uma única fazenda no Sul de Minas. A fazenda fica em altitudes acima de 1.260 metros e faz um café gourmet de origem controlada. Preço médio: R$ 6,79 por 250 g
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
A Ateliê Café produz diversos blends de cafés produzidos na Fazenda Daterra do Grupo DPaschoal, na região do cerrado mineiro e da Mogiana. Entre os rótulos, está o Bourbon Collection, que possui aroma floral, acidez cítrica e corpo achocolatado. Preço médio: R$ 27,50 por 500 g
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
A Ateliê Café trabalha com torra sob encomenda, o processo acontece apenas às terças e quintas. O café Bruzzi, com notas de chocolate, custa R$ 24,10 (500 g); o São João, produzido apenas com grãos mocca, é o mais barato da marca, custando R$ 17 (500 g); o Bourbon Yellow, ganhador do melhor café para moka pela revista Espresso, custa R$ 26 (500 g); o Orgânico custa R$ 34 (500g); e o Sweet Collection, com sabor delicado de baunilha, custa R$ 27,50 (500 g)
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
O café Madame Dor Ouro do Cerrado é feito de Bourbon amarelo. Ele é uma edição especial, 100% arábica, da marca Madame Dorvilliers. Preço médio: R$ 20,30 por 250 g
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
O Madame Dorvilliers foi premiado pela ABIC como o melhor café do Brasil
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A Madame Dorvilliers ainda possui os rótulos Café Gourmet e Specialty Café
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A marca internacional La Marzocco comercializa diferentes tipos de cafés orgânicos produzidos em Minas Gerais. Entre eles está o Bourbon vermelho, produzido em Santa Terezinha. Preço médio: R$ 180 por kg
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O Florais do Sertão, do Café do Moço, é um orgânico selvagem produzido no sertão de Pernambuco. Preço médio: R$ 80 por kg
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O Café Gourmet Santa Monica é um premium, 100% arábica. A empresa comanda todo o processo, desde a plantação em fazendas do sul de Minas Gerais, passando pela trorrefação, até chegar ao cliente final e também oferece treinamento e cursos para baristas. Preço médio: R$ 32 por kg
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Vencedor do prêmio Cup of Excellence de 2011, o Café Orfeu é produzido em fazenda em Sertãozinho, sul de Minas Gerais. Ele é um café gourmet 100% arábica de origem controlada. Preço médio: R$ 60 por kg
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Segundo colocado no prêmio Cup of Excellence 2011, o Lucca Fazenda Senhor do Bonfim é uma edição limitada. O grão é produzido na Bahia é cultivado a 1.260 metros de altitude. A empresa ainda comercializa diversos rótulos de café especiais, como os também premiados Fazenda Grota São Pedro e Fazenda Bateia. Preço médio: R$ 35 por 250 g
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Os cafés da Fazenda Baú podem ser rastreados para garantia de procedência. Os pacotes dos cafés especiais possuem um código que pode ser consultado pela internet, revelando a descrição completa do produto, da fabricação à distribuição.
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O Grenat, produzido na Fazenda Baú, no cerrado mineiro, é um café 100% arábica. A marca possui microlotes que formam edições limitadas. Preço médio: R$ 26 por 250 g
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A Fazenda Baú também possui uma marca própria de café 100% arábica. Preço médio: R$ 20 por 250g
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O café gourmet Dona Mathilde é produzido na Fazenda Recreio, em São Sebastião da Grama, na divisa de São Paulo e Minas Gerais, que pertence à mesma família desde os anos 1890. O produto já ganhou diversos prêmios como o Cup of Excellence, o Concurso Estadual de Qualidade Café de São Paulo, e o Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café. Preço médio: R$ 38 por kg
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Marca conhecida de cafés especiais, a Suplicy faz a torra artesanalmente. Os grãos vêm de diferentes regiões e recebem torrefação clara, média e escura. Além disso, a empresa possui versão orgânica e descafeinada e ainda comercializa microlotes especiais. Preço médio: de R$ 17 a R$ 25 por 250g
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Com uma tradição familiar de mais de 100 anos na produção de cafés finos, a Spress decidiu disponibilizar a produção, antes destinada somente à exportação, para o consumo no Brasil. A empresa tem fazenda própria e possui diversos rótulos, como o café tradicional Bourbon Amerelo, o orgânico e descafeinado. Preço médio: R$ 17 por 250 g
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
O Vale do Caxixe trabalha com microlotes de cafés especiais. A produção de cada tipo é de cerca de 10 sacas. O produto é sempre moído na hora para venda. Preço médio: R$ 10, por 250 g