PUBLICIDADE

Condições de trabalho da mãe podem afetar a amamentação, sugere estudo

Pesquisadores maranhenses analisaram as ocupações de mais de 5 mil mães que interromperam ou não o aleitamento exclusivo, e o resultado é revelador

9 ago 2022 - 17h24
(atualizado às 17h54)
Compartilhar
Exibir comentários

Já é comprovado que o estresse pode prejudicar o aleitamento materno, ainda mais se for associado a fatores como cansaço e ansiedade. E se tínhamos alguma dúvida de que o ambiente de trabalho é um prato cheio para potencializar estas condições na mãe, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) conseguiu confirmar esse fato.

Foto: skaman306/Getty Images / Bebe.com

Publicada na revista científica Cadernos de Saúde Pública no início deste mês, a pesquisa entrevistou mais 5 mil puérperas que residiam em São Luís, Maranhão, durante o ano de 2010 (e posteriormente, com os filhos maiores). O resultado do trabalho constatou que mães com ocupações classificadas como "trabalho manual semiespecializado" - ou seja, aquelas que são manicures, balconistas, costureiras, feirantes, entre outros -, são mais propensas a interromper a amamentação exclusiva. Entre elas, 58,2% descontinuavam a prática até a criança atingir 4 meses de idade, e 34,4% das entrevistadas até os 6 meses.

Além disso, mulheres com jornada de trabalho de 8 horas ou mais, que exerciam seu cargo mais de 4 dias na semana e tinham ocupações em escritórios também amamentaram seus filhos por menos tempo, quando comparadas às mães sem ocupação remunerada.

O curioso é que a interrupção do aleitamento materno exclusivo até 4 ou 6 meses também era prevalente entre as mães que trabalhavam em pé a maior parte do tempo e as que levantavam objetos pesados durante o serviço.

Por outro lado, 64% das mulheres que não tinham algum trabalho remunerado conseguiram amamentar o filho até quatro meses de vida, e 46% até os seis meses.

O tipo de trabalho da mãe pode interferir na amamentação, sugere estudo
O tipo de trabalho da mãe pode interferir na amamentação, sugere estudo
Foto: Mehmet Kirkgoz/Pexels / Bebe.com

Para os pesquisadores, os resultados confirmaram que mulheres brasileiras que têm ocupações manuais semiespecializadas geralmente desempenham atividades mal remuneradas, de maneira irregular e sob pressão. "Nesse contexto, a proteção à maternidade não é garantida para as trabalhadoras, o que pode gerar estresse ou diminuição da oferta do leite materno e interrupção da amamentação exclusiva até os seis meses de idade", revelou o estudo. Já no caso das mulheres com ocupações em escritórios e carga horária acima de 8 horas de trabalho, o material indica que tenham interrompido a amamentação pois as suas atividades são desenvolvidas em empresas de pequeno porte, às vezes com contratos informais, sem direitos trabalhistas ou apoio adequado para o aleitamento no ambiente de trabalho.

"Esses achados reforçam as dificuldades de mulheres exercerem concomitantemente as funções de trabalhadoras e mães. É possível que as características do trabalho materno remunerado tenham interferido negativamente na amamentação exclusiva até o quarto mês de vida da criança pelos 120 dias de licença-maternidade, em especial para mulheres de piores condições socioeconômicas", concluiu a pesquisa.

Bebe.com
Compartilhar
Publicidade
Publicidade