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Vício em celular leva Motorola a criar reality show para debater uso de smartphones

Iniciativa se baseia em um levantamento da marca com dados preocupantes sobre a compulsividade e dependência emocional dos usuários de aparelhos móveis

22 mar 2019 - 14h14
(atualizado às 17h11)
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Oito a cada dez curtidas no Instagram são feitas no banheiro e 75% das pessoas já receberam uma mensagem de alguém que estava do lado. Os dados coletados do estudo Phone Life Balance - encomendada pela Motorola - deflagram uma realidade que não tem volta: as pessoas estão cada vez mais dependentes do celular. E não é para pouco, uma vez que já existe até a primeira geração de filhos que são fruto do Tinder - segundo a pesquisa.

Diante disso, a fabricante de tecnologia decidiu repensar o uso de dispositivos móveis e produziu, em parceria com a Discovery Channel, a série Desconectados - Um Desafio Motorola, que vai ao ar na próxima quarta-feira, 27, às 11h40 da noite.

O programa apresenta três pessoas, do Brasil, Argentina e México, tendo que viver dois dias sem seus aparelhos, a fim de provocar hábitos poucos comuns para quem vive ao lado de um smartphone: usar lista telefônica, orelhão e marcar compromissos sem depender do WhatsApp, por exemplo.

O carioca Victor Selqueira é um dos participantes e, numa das cenas, questiona-se como vai paquerar sem estar com o Tinder. Já a bailarina argentina Macarena Fuentes encontra dificuldades para chegar a um compromisso, enquanto a mexicana e produtora de casamentos Gema Kareh se mostra perdida e insegura ao perder sua rotina de trabalho ultraconectada.

Apesar de descontraído e próximo da realidade da maioria das pessoas, o programa se baseia num perfil preocupante: os 4.418 usuários entrevistados para a pesquisa - entre 16 e 65 anos dos Estados Unidos, Brasil, França e Índia - demonstraram compulsividade e dependência emocional. Quatro em cada dez brasileiros se sentem tentados a ver o celular constantemente e 56% ficam aflitos ao perder o telefone móvel.

Assim, os participantes do reality show serão analisados pelo neurocientista André Rieznik e a bióloga pós-graduada em neurociência e educação María Eugenia López.

Ódio na internet X limites

De acordo com a jornalista e cofundadora do podcast Mamilos, Cris Bartis, esses números revelam um sentimento de angústia e não pertencimento ao mundo no imaginário da sociedade. "Existe a percepção de que você não é visto pelo outro. Precisamos controlar essa narrativa", afirma.

Ela destaca ainda que a reeducação tecnológica vem à tona nos dias de hoje diante dos discursos de ódio espalhados pela internet. "Essas pessoas precisam de limites", enfatiza. A afirmação dela dialoga com a existência de ameaças como a Momo, boneca japonesa que recentemente causou polêmica por aparecer em vídeos ensinando crianças a se suicidar.

Uma das organizadoras do estudo que embasou a criação do Desconectados, Nancy Etcoff, da Universidade de Harvard, acredita que a iniciativa da Motorola mostra que a indústria de smartphones não pode se isentar no debate sobre dependência, mesmo sendo a responsável por criar aparelhos cada vez mais atrativos. "Cutucadas comportamentais, controle ambiental e consciência são fatores que ajudarão [a diminuir a dependência]. O padrão social da pesquisa destaca a necessidade de ações coletivas", afirma ela, que é psicóloga especialista comportamento mente-cérebro.

A Apple também se abriu à ideia de evitar o excesso de uso de seus iPhones e, desde junho de 2018, o sistema iOS oferece ferramentas de controle de tempo. Veja dados curiosos da pesquisa Fone Life Balance.

*Estagiário sob a supervisão de Charlise Morais

Estadão
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