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Planejamento ajuda a melhorar a alimentação durante quarentena

39% dos entrevistados pela Vigilantes do Peso afirmaram que tiveram algum tipo de alteração nos hábitos alimentares devido ao isolamento social; veja dicas para melhorar o cardápio

29 mai 2020 - 10h10
(atualizado às 13h13)
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A prática de isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus causou diversas alterações na rotina, desde o trabalho em home office, o encontro com amigos apenas por videochamadas e, até, mudanças nos hábitos alimentares. Uma pesquisa da empresa WW Vigilantes do Peso com mais de 2 mil entrevistados indicou que 47% deles acham mais difícil manter uma alimentação saudável durante a quarentena, mas um bom planejamento alimentar pode ajudar nessa tarefa.

De acordo com a pesquisa realizada pela empresa especializada em gerenciamento de perda e manutenção de peso, dos 2.289 entrevistados, 39% tiveram algum tipo de alteração nos hábitos alimentares devido ao isolamento social. A pesquisa foi feita entre os dias 25 de abril e 1º de maio, via internet, com pessoas entre 18 e 55 anos ou mais, de todas as regiões do Brasil. Dos entrevistados, 97% aderiram à quarentena.

Já na análise da qualidade dos hábitos alimentares, 20% disseram que permaneceram iguais, 28% disseram comer melhor, 25% disseram ter hábitos piores e 27% apontaram uma alimentação descontrolada, com ansiedade e excesso de alimentos. Além disso, 47% dos entrevistados opinaram que está mais difícil manter hábitos saudáveis durante a quarentena.

O nutricionista Matheus Motta analisa que a medida mais importante para ter uma alimentação saudável, e que deve ser realizada logo no início da tentativa de melhorar os hábitos alimentares, é fazer um planejamento alimentar. "É importante saber o que você está comendo e o que quer inserir na alimentação", explica Motta. Nesse sentido, é válido entender se houve alteração na alimentação devido à quarentena, e se ela foi boa ou ruim.

Ele observa que, no contexto atual, não é indicado que as pessoas tentem fazer mudanças bruscas na alimentação, ou insiram alimentos desconhecidos no cardápio. "A ideia é pensar em alimentos que você já provou e pelo menos não desgosta e que possam ser incluídos", explica Motta.

Quais são esses alimentos? A principal recomendação do nutricionista é a inserção de legumes, frutas e verduras, além de grãos e massas integrais. Para os famosos lanches da tarde ou o café da manhã, ele indica queijos light ou brancos, iogurte, aveia e barrinhas de cereal.

A pesquisa também indicou a tentativa dos entrevistados de seguir essas dicas citadas pelo nutricionista: 42% afirmaram que passaram a consumir mais frutas, verduras e legumes, e 51% reforçaram o consumo de grãos e cereais durante a quarentena. Apesar disso, os carboidratos ainda dominam as dietas: foram citados por 65% dos entrevistados. Os doces também apareceram nas respostas de 42% das pessoas.

Matheus Motta explica que carboidrato, por si só, não é problema, o que influencia é a quantidade consumida. "[Consumir] De vez em quando tudo bem, mas não pode virar uma rotina em todas as refeições do dia", aconselha ele. Além disso, o nutricionista sugere a substituição dos carboidratos pelas versões integrais, mais saudáveis e que dão mais sensação de saciedade.

Já o consumo de grandes quantidades de doces e de outros alimentos industrializados não é recomendadopor Motta. Ele destaca, porém, que o sucesso de qualquer planejamento alimentar está em não incluir no cardápio alimentos que a pessoa não goste.

O mesmo vale para os exercícios físicos, e 42% dos entrevistados dizem ter mudado a rotina e as atividades durante o confinamento. "Se você não faz o que gosta de fazer, o que te dá prazer, não dá certo, isso vale tanto para exercícios quanto para alimentação. Dando prazer, você consegue manter na rotina, fazendo só por obrigação é difícil".

A última dica do nutricionista está ligada à fome emocional, a vontade de comer por causa de alguma emoção extrema ou por ansiedade: "para quem consegue perceber isso, que é o primeiro ponto necessário para evitá-la, é importante não reagir imediatamente a esse sentimento. É bom parar por cinco minutos e distrair a mente".

Além disso, é válido que as pessoas não tentem se cobrar muito durante o período da quarentena, estabelecendo metas de perda de peso. "Não que seja impossível perder peso, mas é importante relaxar um pouco em relação a isso, para não se cobrar muito, já que isso gera mais ansiedade, mais estresse. Você está com a rotina alterada, em que está se movimentando menos, e isso já atrapalha. É importante fazer um planejamento alimentar, incluir alimentos saudáveis", conclui Motta.

A própria WW Vigilantes do Peso dá dicas para esse período, pensando em hábitos de alimentação saudáveis e uma melhoria do bem-estar: o planejamento alimentar envolve um diário, incluindo tudo que é consumido no dia, também é importante reconhecer e evitar gatilhos, que levam a sentimentos que geram a vontade de comer mesmo sem fome, por fim, vale aumentar o consumo de água e a escolha de alimentos que dão mais sensação de saciedade (em especial os que têm muitas fibras).

'Com o isolamento pude ter mais controle da minha alimentação'

A gerente de projetos Bruna Favarelli, de 33 anos, viu sua alimentação melhorar após iniciar o período de quarentena. Antes de entrar no isolamento social ela já estava com uma dieta para emagrecer, e, sem poder sair de casa para eventos ou sociais com amigos e familiares, pode decidir melhor o que comer, e o que não comer.

Com esse controle ela e o marido, que também estava com a dieta, emagreceram oito quilos cada um. Como ambos estão em home office há pouco tempo durante a semana para cozinhar, e então a alimentação vem dos pedidos por serviços de delivery, mas Bruna conta que eles conseguiram usar isso para organizar melhor a alimentação.

"Nós já definimos o que vamos comer na semana toda, e compramos só isso. Assim, garantimos que mesmo que alguém queira comer alguma outra coisa, não vai ter", explica Bruna, destacando que o casal sempre tenta pedir apenas alimentos mais saudáveis pelos aplicativos.

Bruna destaca que o cenário atual gerou diversos momentos de ansiedade nela, que tradicionalmente poderiam levar a um consumo de alimentos mesmo sem fome. "Eu busco separar o que é ansiedade e o que é fome. Às vezes eu erro [na identificação] e aí volto e como, mas geralmente eu pego um café, dou uma volta no apartamento".

"Tentar se distrair é importante para tapear a ansiedade. Quando vejo que estou muito ansiosa, vejo um seriado, leio um livro, falo com alguém, tomo um café, escovo os dentes, tento buscar algo que seja uma escolha menos pior, mas às vezes é fome mesmo também, e aí tenho que comer", comenta Bruna.

*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

Estadão
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