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Orca que carregava filhote morto há 17 dias finalmente o deixa ir

Animal estava sendo monitorado por time de cientistas, que se preocupavam com sua saúde

12 ago 2018 - 15h35
(atualizado às 16h32)
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A orca identificada como J35 carregou seu filhote morto por cerca de 17 dias enquanto viajava pelas águas do oceano Pacífico na costa noroeste dos Estados Unidos.
A orca identificada como J35 carregou seu filhote morto por cerca de 17 dias enquanto viajava pelas águas do oceano Pacífico na costa noroeste dos Estados Unidos.
Foto: Facebook / Michael Weiss, Center for Whale Research / Estadão

Após 17 angustiantes dias e mais de mil e seiscentos quilômetros percorridos, a orca J35, também chamada de Tahlequah, finalmente deixou o corpo de seu filhote morto descansar nas águas do oceano Pacífico.

Tahlequah havia dado à luz em 24 de julho, mas seu bebê viveu por apenas algumas horas. Desolada, a fêmea começou levar o corpo inerte para a superfície e ainda carregá-lo por onde ia. Ela tentou até dar algumas mordidas leves em sua barbatana, como se estivesse tentando acordá-lo.

Ken Balcomb, fundador do Center for Whale Research (CWR), entidade que monitora a população de orcas na região, disse à CNN que tanto a orca mãe quanto sua família sabiam exatamente o que estava acontecendo e que o processo todo era uma forma do grupo vivenciar o luto.

Os cientistas, no entanto, estavam preocupados que J35 pudesse ficar doente por carregar o corpo do filhote, gastando energia e se alimentando mal nesse tempo.

Tahlequah e sua família são parte da comunidade de orcas residentes do sul, um grupo de animais que vive na porção nordeste do oceano Pacífico entre a costa americana e canadense. O grupo, no entanto, está sob risco de extinção, já que a pesca predatória e o alto trânsito marítimo na área têm feito a população declinar de forma dramática.

De acordo com a última atualização feita no site da CWR, Tahlequah foi avistada hoje perseguindo um cardume de salmões (o principal alimento das orcas da região). Segundo os cientistas que fizeram a observação, ela estava bastante ativa, aparentando boa saúde e com um comportamento descrito como "brincalhão", o que foi considerado um bom sinal.

Segundo o jornal Seattle Times, o comportamento de Tahlequah não é incomum. Orcas, golfinhos e outros mamíferos já foram observados carregando filhotes mortos no que é entendido pelos cientistas como uma expressão de dor e luto.

Mas a situação vivida por Tahlequah foi extraordinária, já que não há registros de outra situação em que esse comportamento tenha se prolongado por tanto tempo.

Sheila Thorton, bióloga especializada em orcas da Fisheries and Oceans Canada, entidade do governo canadense que monitora as águas na região onde as orcas residentes do sul moram, disse ao jornal que o forte laço familiar que une esses animais conduz grande parte de seu comportamento. As residentes do sul, por exemplo, compartilham uma forma de se comunicar e conhecimento sobre onde encontrar peixe, o único alimento que elas consomem.

Atualmente, as orcas residentes do sul estão reduzidas a uma população de apenas 75 indivíduos.

Estadão
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