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Oferecer colo constante ao filho pode deixar a criança mimada?

Contato físico e emocional é garantia de sobrevivência e desenvolvimento do ser humano

14 fev 2019 - 14h25
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Que atire a primeira pedra o pai ou a mãe que nunca ouviu a frase: "Cuidado, não fica dando muito colo para essa criança, pois ela ficará mimada". Será que o bebê tem repertório cognitivo suficiente para 'agir de propósito' para testar a paciência dos cuidadores? Segundo especialistas, a resposta é não.

"Nos primeiros momentos da vida, o bebê sequer reconhece o limite do próprio corpo e será a partir do colo, do toque, que essa sensação, essa dimensão se formará", explica a pediatra Florência Fuks, integrante da Clínica Conviva e do Hospital Israelita Albert Einstein.

A atriz Sheron Menezzes deu à luz o filho Benjamin em outubro de 2017. Desde então, compartilha com os seguidores nas redes sociais a experiência com o filho, como a vivência do parto natural. Ela, a psicanalista Vera Iaconelli, presidente do Instituto Gerar, e a pediatra Florência Fuks participaram do encontro 'O Poder do Colo', organizado pela Novalgina e Sanofi em São Paulo nesta quinta-feira, 14.

"Muitas vezes não é a criança que quer colo e sim a mãe que quer dar. Então, a mãe tem que perceber como ela se sente. Se o Benja cai, eu não vou lá e corro. Eu deixo ele no chão e falo: "Levanta, filho!". Ele fica olhando até eu buscar. Eu não vou e ele levanta. Então, a percepção é da mãe de quando ela protege demais ou sufoca de amor. Então, vai...vai brincar, vai para a creche", afirma Sheron Menezzes.

Existe limite para o colo?

A pele, formada ainda no embrião, é um importante órgão modulador de estímulos. E o colo, materno ou paterno, faz esse papel de comunicação entre bebê e cuidador.

"Quando a criança pede colo, está precisando se estruturar por meio do contato com a mãe, o pai ou a pessoa mais próxima. O valor do acolhimento é muito maior do que a necessidade de ensinar limites, deixando-o sentir a falta. A cólica, por exemplo, pode ser lida como uma solicitação de aconchego", avalia a pediatra Florência Fuks.

Esse cuidado inicial, logo nos primeiros meses de vida, pode ser preponderante para a fase adulta, na opinião da psicanalista Vera Iaconelli, do Instituto Gerar. "O bebê necessita do colo efetivo, mas a criança de quatro anos, por exemplo, já pode se contentar com o aconchego de uma palavra, um olhar, um abraço. Para adolescentes, jovens e adultos, a escuta empática pode ser suficiente", explica.

Entenda a evolução do colo

O desenvolvimento humano é individual e depende de uma série de fatores biológicos e ambientais. Porém, algumas dicas podem ser preciosas para estimular o vínculo entre bebês e cuidadores.

De 0 a 2 anos:

Pegar efetivamente no colo, olhar, ouvir, falar, acariciar, ajudar a se organizar física e psiquicamente.

De 2 a 4 anos:

O colo deve ser avaliado conforme a necessidade, quando a criança sente medo, tristeza e dor. Mas é preciso dar autonomia para começar a descobrir o mundo por si.

De 4 a 10 anos:

Não é mais necessário colocar a criança no colo o tempo todo, mas é importante olhar, ouvir, conversar, abraçar, beijar e mostrar empatia.

De 11 a 16 anos:

Conversar é o mais importante. Com entendimento melhor de mundo, a palavra tem mais efeito sobre o adolescente.

De 16 a 21 anos:

Jovens podem ser mais avessos ao toque. Conversar por telefone e por mensagem de texto já causa grande efeito.

Vida adulta:

O distanciamento entre as pessoas pode fazer com que o toque volte a ser importante. Conversar, mesmo que por telefone, faz as pessoas se sentirem melhor.

Estadão
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