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Mãe denuncia racismo sofrido por filhas em estação de metrô da Bahia

Gêmeas de três anos foram chamadas por segurança de 'bucha um e bucha dois'; delegacia de polícia investiga o caso

29 jan 2020 - 16h08
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Crianças de três anos foram vítimas de injúria racial no metrô de Salvador, capital baiana.
Crianças de três anos foram vítimas de injúria racial no metrô de Salvador, capital baiana.
Foto: Facebook / Sandre Weydee / Estadão

Uma mulher chamada Sandra Weydee, de 37 anos, registrou na tarde de terça-feira, 28, na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), uma ofensa sofrida por suas filhas gêmeas no metrô de Salvador, capital da Bahia. O caso, ocorrido no último sábado, 25, foi tipificado como crime de injúria racial.

Em entrevista ao E+, a mãe conta que as crianças, de três anos, foram chamadas por um segurança da estação de "bucha um e bucha dois", comparando o cabelo black power delas com a lã de aço usada para limpeza.

Sandra e as meninas voltavam para casa depois de um passeio, por volta das 18h30. Quando passaram pelas catracas da estação Rodoviária, avistaram três seguranças, um branco e dois negros. O homem branco, ao avistar as garotas, gritou: "Misericórdia. Bucha um e bucha dois". Em seguida, começou a dar risada.

As pequenas, chamadas Verena e Valentina, perceberam que o comentário era para elas. Uma perguntou o que era "bucha" e a outra entendeu que o homem se referia ao cabelo delas. Sandra ficou sem reação no momento e entrou no vagão do trem, mas voltou atrás para procurar o funcionário do metrô.

"O [homem] que ofendeu não estava mais lá. O outro que estava junto pediu desculpa, disse que o colega de trabalho estava brincando. Aí o superior deles veio e pediu desculpa em nome da CCR [empresa responsável pela linha de metrô]", diz a mulher.

"Depois, fui abordada por uma segurança na estação Retiro, que pediu meu telefone, dizendo que a coordenação [da CCR] ia ligar. Até agora não ligou", completa.

Sandra conta que as crianças se sentiram mal com a situação. "Ficaram um pouco inseguras, querendo prender o cabelo, passar creme. Falei para elas que elas devem se aceitar como são", conta a mãe.

Resposta do metrô

Ao E+, a CCR Metrô Bahia informou, por nota, que repudia atitudes racistas ou discriminatórias de qualquer natureza e que isso "norteia o trabalho diário de todos os colaboradores". A empresa ressalta ainda que tem trabalhado pela "valorização da pluralidade cultural do povo baiano e reforça o seu compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial e de gênero".

Questionada pela reportagem sobre quais medidas tomará com o segurança, a CCR não respondeu. A Dercca instaurou inquérito para apurar o crime de injúria racial.

Leia na íntegra a nota do grupo CCR:

A CCR Metrô Bahia esclarece que repudia atitudes racistas ou discriminatórias, de qualquer natureza, premissa que norteia o trabalho diário de todos os seus colaboradores. A opinião dos clientes é imprescindível para o aprimoramento de protocolos em busca da excelência do atendimento. Isso inclui a adequação dos treinamentos periódicos realizados junto aos Agentes de Atendimento, a fim de melhorar a prestação do serviço. A empresa ressalta ainda que tem trabalhado pela valorização da pluralidade cultural do povo baiano e reforça o seu compromisso com a promoção da igualdade étnico-racial e de gênero.

*Estagiário sob a supervisão de Charlise Morais

Estadão
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