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Homem preso injustamente vira advogado e ajuda réus acusados por erro da Justiça

Ex-presidiário foi condenado, erroneamente, por violência sexual, estudou direito e hoje trabalha num projeto que investiga casos de inocência

14 ago 2018 - 14h28
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Jarrett Adams segura um cartaz com a mensagem: "a justiça não pode esperar, porque nosso futuro depende dela".
Jarrett Adams segura um cartaz com a mensagem: "a justiça não pode esperar, porque nosso futuro depende dela".
Foto: Facebook / Jarrett Adams / Estadão

Histórias de superação não são comuns para quem está atrás das grades, sobretudo nos Estados Unidos, que possuem a maior população carcerária do mundo, com dois milhões de presos. No entanto, o norte-americano Jarett Adams foi uma exceção à regra.

Ele passou uma década na cadeia após ser condenado injustamente por uma acusação de estupro, aos 17 anos, em 1997. Tudo começou quando o ex-detento saiu do ensino médio, em Chicago, e foi a uma festa na Universidade de Wiscosin, onde ele e mais dois amigos conheceram uma jovem com quem se relacionaram sexualmente.

Adams afirmou que foi um encontro consensual, mas, três semanas depois, a mulher os denunciou por agressão sexual. Os rapazes, que não tinham condições de arcar com os custos de suas defesas, foram levados à Justiça, e um advogado público foi nomeado para defendê-los, mas resolveu não ajudá-los.

"Esse cara [o defensor] nos disse: 'sabemos que vocês não fizeram isso. Eles não provaram o caso e a melhor defesa é não ter defesa'", explicou Adams à emissora NBC News. "Pareceu bom, porque não sabíamos de nada. Mas na realidade foi uma ideia horrível não chamar testemunhas, não investigar, e colocar o problema na frente de um júri todo branco, racialmente carregado. Não tivemos chance", recordou.

Sem proteção legal, o jovem foi condenado a 28 anos de prisão, um dos amigos, a 20 anos. O outro foi absolvido após ter conseguido um advogado particular, mesmo sendo acusado do mesmo crime.

Tudo parecia perdido, mas Adams começou a ler livros sobre leis e encontrou um artigo na Constituição que exigia a assistência de um advogado ao réu. Assim, o ex-detento recorreu ao projeto penal Wisconsin Innocence, da Universidade de Wisconsin, que ajudou a revogar sua sentença, em 2007. Um mês depois, ele entrou no curso de Direito, formou-se em 2015 e hoje advoga para a instituição que lhe tirou da cadeia, ajudando pessoas acusadas injustamente e investigando casos de inocência.

"O que eu mais queria era dar orgulho à minha mãe, para que quando ela fosse à igreja e as pessoas perguntassem sobre seu filho, ela não abaixasse a cabeça em sua bíblia e começasse a chorar", desabafou Adams à NBC.

Estadão
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