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Dia Nacional do Voluntariado: pandemia cria desafios para a área

Presidente de ONG, que atua há 31 anos como voluntário, destaca expectativa de que 'onda de solidariedade' continue no futuro

28 ago 2020 - 16h09
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A ONG Anjos da Noite conta apenas com o trabalho de voluntários, e ajuda cerca de 800 pessoas em situação de rua
A ONG Anjos da Noite conta apenas com o trabalho de voluntários, e ajuda cerca de 800 pessoas em situação de rua
Foto: Instagram / @anjosdanoite.ong / Estadão

O Dia Nacional do Voluntariado é celebrado nesta sexta-feira, 28 de agosto. A data tem como objetivo não apenas homenagear a atividade, mas também incentivar mais pessoas a se tornarem voluntárias. Neste ano, além dos desafios tradicionais da prática, os voluntários se depararam com as mudanças trazidas pela pandemia do novo coronavírus.

Há a preocupação com a própria saúde, exigindo cuidados para evitar o contágio e transmissão do vírus. Ao mesmo tempo, tornou-se necessário não apenas manter ações de assistência social, mas também intensificá-las, devido aos impactos sociais e econômicos da pandemia.

Kaká Ferreira, presidente da ONG Anjos da Noite, resume o cenário: "aumentou o número de pessoas necessitadas, mas também o de pessoas que querem ajudar". Para ele, a pandemia trouxe também uma "onda de solidariedade", e o voluntariado é um de seus reflexos.

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"Quando começou a pandemia todo mundo queria ajudar, e depois, nem elas têm mais [recursos] para doar, e tem gente com medo de botar a mão na massa com medo de pegar o covid-19", resume Kaká.

Ele considera que o aumento no interesse é importante, já que a situação de pessoas em situação de vulnerabilidade "está assustadora", com um crescimento na quantidade de pessoas precisando de ajuda. O cenário piorou com a última onda de frio que atingiu São Paulo em agosto: "esse inverno foi mais rigoroso, nos picos. Essa onda de frio foi horrível, ainda bem que está indo embora. Nesses momentos é que o morador de rua mais precisa de ajuda".

Apesar das dificuldades, Kaká destaca os benefícios de praticar o voluntariado: "a sensação de você estar sendo útil na sociedade, você pode fazer a diferença e é importante sentir que faz parte da construção de um mundo melhor". Para ele, "o que faz a diferença na nossa vida é ajudar os outros sem esperar nada em troca".

Nesse sentido, ele espera que mais pessoas se conscientizem sobre a importância do voluntariado, e também tentem dedicar tempo à causa. "Eu acho que nós estamos percebendo que unidos nós seremos mais fortes", opina, considerando que é importante manter e fomentar essa percepção.

Kaká também destaca os momentos em que encontra pessoas na rua que agradecem pela ação do Anjos da Noite, "elas dizem que não estão mais na rua, conseguiram isso ou aquilo, estão em casa, formando família. A gente fica feliz porque vê o resultado, o trabalho não foi em vão". Mas também existem momentos difíceis, "como quando você está na rua, vai levar um cobertor e a pessoa já está morta. Isso deixa a gente mal pra caramba".

"Eu acho que ainda vale a pena, sair do eu pra ir pro nós. O trabalho voluntário dá um senso de gratidão para sua vida, automaticamente tem que ter empatia, se colocar no lugar do outro, você começa a ter senso de gratidão com o que tem", comenta Kaká.

Ele conclui, pensando na data, que o "voluntariado é como o Sol, que ilumina a vida de todo mundo. Ele ilumina a minha. É a coisa mais importante na minha vida hoje. Não tenho intenção de parar".

*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

Estadão
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