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Batekoo lança selo musical para dar voz a artistas negros e LGBTs

Marca oferece assessoria de imagem, produção audiovisual, fotográfica e publicitária para cantores

6 jun 2019 - 14h37
(atualizado em 7/6/2019 às 16h10)
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Já pensou abrir um negócio com 20 reais e torná-lo conhecido em diversos lugares do Brasil? Foi assim que Maurício Sacramento, de 24 anos, e Wesley Almeida, 26, começaram a festa Batekoo, há cinco anos, em Salvador. Os dois compraram uma placa para recortar no formato do nome da marca, colaram na parede e deram início a uma festa com funk, reggae, dancehall e outros ritmos de origem negra e periférica.

O objetivo era promover uma festa onde negros, LGBTs e pessoas fora do padrão de beleza pudessem se divertir sem medo de sofrer preconceitos, o que transformou a iniciativa em um ícone de libertação e representação de jovens da periferia no País.

Hoje, a Batekoo está em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Goiânia, Brasília e Belo Horizonte, além de ter se destacado no carnaval paulistano com um bloco seguido por 50 mil foliões neste ano, segundo a Prefeitura. A visibilidade deu aos organizadores força para um projeto ousado: eles lançaram há pouco tempo a Batekoo Records, um selo musical da marca com foco no crescimento da música independente.

"A gente percebeu que existem muitos talentos parados e com potencial de estourar na música, só falta um empurrão. Então a nossa nova aposta é oferecer estrutura para essas pessoas que estão buscando o sucesso", explica Maurício. "Queremos também resgatar a carreira de cantores que estão na cena faz tempo, mas tiveram a carreira interrompida por algum motivo", completa.

Pensando assim, a Batekoo Records não se limita à música e oferece também assessoria de imagem, produção audiovisual, fotográfica e campanhas publicitárias. Tudo isso é feito sem perder de vista a preocupação com os grupos sociais que engrandeceram a marca. "O racismo, gordofobia, homofobia e outros preconceitos refletem o que a gente produz", destaca o cofundador.

Apostas confrontam 'padrões conservadores' da música

A primeira parceria do selo é com a cantora Deize Tigrona. Considerada uma das precursoras do feminismo no funk carioca, ela sofreu depressão no auge do sucesso, no começo dos anos 2000, e se distanciou dos palcos. Os anos se passaram e as oportunidades musicais pararam de aparecer em sua vida, o que a fez trabalhar como gari por um bom tempo.

A parceria da funkeira com a marca não é de hoje. Em junho de 2018, ela fez um show para a Batekoo e os organizadores a homenagearam com um trecho do documentário Favela On Blast. No vídeo, publicado no Instagram, ela aparece cantando a música Injeção, marcada por batidas do estilo Furacão 2000. Assista:

A segunda aposta do selo é na cantora de dancehall Mis Ivy. Ainda em começo de carreira, as performances dela atraem jovens negros da periferia em pequenos shows e já atingiram quase 500 mil visualizações no YouTube. Veja:

Maurício Sacramento acredita no crescimento de ambas em escala nacional e está negociando com outros artistas para futuros lançamentos. Por enquanto, ele prefere não divulgar nomes e não descarta a possibilidade de fomentar parcerias entre artistas grandes e os que estão no início. Vale ressaltar que o carro-chefe do selo são músicas de origem negra e periférica, mas também há espaço para outros gêneros, como o samba, a MPB, o pagode e o rap.

Apesar de Mis Ivy e Deize Tigrona cantarem ritmos diferentes, o desejo de romper com padrões conservadores do mercado da música as unem na Batekoo Records. "São gêneros que ainda são vistos de forma vulgar, porque as músicas contêm tabus como sexo e corporalidades", diz Sacramento.

*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

Estadão
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