PUBLICIDADE

Carô Rennó: “muito mais que uma cantora careca”

A cantora e bancária mineira tem alopecia universalis e não se incomoda de não ter nenhum pelo no corpo

Compartilhar

A cantora e bancária Carô Rennó nasceu com alopecia universa lis, condição genética que impede o crescimento de qualquer tipo de pelo no corpo. O que pode parecer um problema nem passa pela cabeça da mineira, de 33 anos, que desde criança foi criada pelos pais como uma pessoa absolutamente normal.

A cantora e bancária quando estava grávida de seis meses.
A cantora e bancária quando estava grávida de seis meses.
Foto: Leandro Couri / Divulgação

“Apesar de a literatura médica tratar como uma doença, não vejo assim. É uma alteração genética apenas. Não me sinto doente por não ter pelos”, disse Carô, ao questionar o estereótipo criado nas mídias em relação a uma mulher ou criança carecas.  “As peças publicitárias sobre câncer sempre têm uma mulher ou uma criança sem cabelos. Nunca um homem. Ou seja, o fato de não ter pelos está sempre associado a uma doença, sendo que hoje, apesar de caras, há formas de um paciente que passa por quimioterapia não perder os fios, por exemplo.”

Ela já perdeu as contas de quantas vezes foi perguntada se estava passando por algum tratamento. Muitas pessoas a olham com pena, como se estivesse doente. E, claro, que teve bullying quando estava na escola, mas, com a educação da família, sempre tirou de letra. “Minha mãe foi minha primeira professora quando eu era criança. Ela dizia que, se alguém me chamasse de careca, era normal. Mas se alguém falasse que eu era cabeluda, era para chamá-la porque ela ia ajudar a me defender. Afinal, eu era careca, e não cabeluda”.

A formação familiar, aliás, foi a grande vantagem para se aceitar e ter a autoestima em alta sempre. “Nunca ouvi meus pais reclamarem por eu não ter cabelos. Sempre me colocavam para cima, assim como meu irmão, que também tem alopecia universalis.” Ela conta que uma tia um dia sugeriu comprar uma peruca, quando tinha 3 anos. A mãe ignorou a proposta e disse que se um dia ela quisesse usar, seria por sua própria decisão.

Carô não usa perucas, mas é vaidosa e gosta de ressaltar alguns pontos fortes do rosto, com blush (“saúde em pó”, segundo ela), um pouco de lápis marrom, batom vermelho e brincos. “Não gosto de mangas bufantes e amplas, porque vão parecer dois ombros enormes, com uma cabecinha no meio, mas isso é uma percepção minha apenas”, brinca. Ela afirma que nunca teve problemas com namorados e costuma ouvir na rua elogios sobre sua beleza.

Cantora e bancária

Carô Rennó faz parte do grupo musical mineiro Caffeine Trio, que acaba de lançar seu primeiro CD, e também trabalha como assistente operacional em banco. “Digo que ser bancária é um hobby e cantar é uma profissão, mas me dedico às duas atividades de forma igual”, afirmou. A mãe de Maria Flor, de 2 anos e três meses, está fazendo mestrado em performance musical pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e especialização em Gestão Cultural no Senac-SP. “E almejo o cargo de gerência no banco, onde nunca sofri nenhum tipo de preconceito.”

Sua filha tem cabelos ralos e Carô não sabe se ela vai ou não desenvolver a alteração. “A medicina não conhece muito sobre a alopecia. Pode ser que desenvolva ou não, mas não me preocupo com isso. Maria Flor sabe que a mãe não tem cabelos. Ela diz: a mamãe não tem cabelo e a Maria (a filha) e minha boneca têm.”

Moda

Alta e magra, Carô disse que na adolescência até buscou algum trabalho como modelo, mas não era seu interesse principal. Trabalhou por duas vezes com o estilista Guto Carvalhoneto, sendo a última ao desfilar no Rio Moda Rio, em 2016. Ela foi a personagem principal do curta que o estilista apresentou no evento.

A mineira vê com bons olhos o fato de algumas modelos se apresentarem nas passarelas com os cabelos raspados. “É uma forma de mudar a percepção das pessoas sobre as mulheres. Sem o véu dos cabelos as cobrindo. Se quer usar cabelo curtos, raspado, tem de usar.”

Autoestima

E qual o conselho para quem tem autoestima baixa por conta de alguma condição física diferente? A resposta é a seguinte: “Um dia vi uma palestra que falava sobre estereótipos. Não que estereótipo seja uma mentira, mas são incompletos. As pessoas se baseiam na história delas para criar uma imagem a respeito dos outros. Então, acredito que seja ótimo para autoestima de uma pessoa que tenha algo diferente do socialmente aceito ser um canal de informação para ajudar os outros a crescer e ver o mundo sem preconceitos”. Sim, Carô é “muito mais que uma cantora careca”, como está escrito em sua conta no Instagram.

Fonte: PP
Compartilhar
Publicidade