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Esmalte que detecta 'Boa noite Cinderela' gera polêmica

O produto muda de cor em contato com uma bebida que contenha drogas usadas em estupros

28 ago 2014 - 18h20
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Foto: Getty Images

A criação de um novo tipo de esmalte que muda de cor na presença de drogas usadas em estupro tem gerado polêmica - e justamente entre ativistas anti-estupro. O projeto, que está sendo desenvolvido pela empresa "Undercover Colors", de quatro estudantes universitários da Universidade da Carolina do Norte, prevê que a tinta mude de cor em contato com uma bebida que contenha drogas usadas em estupros, como GHB e Rohypnol.

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A ideia foi inicialmente elogiada, com centenas de milhares de curtidas e compartilhamentos no Facebook e no Twitter. "Com o nosso esmalte, qualquer mulher vai ter poderes para garantir discretamente sua segurança, simplesmente mexendo a bebida com o dedo", disse a empresa. "Se seu esmalte muda de cor, ela vai saber que algo está errado".

Segundo Adam Clark Estes, do blog Gizmodo, já existem métodos para testar bebidas para drogas. "Mas não é necessariamente fácil carregar estas coisas à noite e mostrá-las em bares".

No entanto, o projeto também recebeu críticas - e, surpreendentemente, de ativistas anti-estupro. "Agradeço que jovens queiram frear o assédio sexual, mas qualquer coisa que coloca o ônus sobre as mulheres para 'discretamente' evitarem serem estupradas perde o ponto", escreveu Jessica Valenti para o jornal britânico The Guardian. "Deveríamos estar tentando impedir o estupro, não apenas evitá-lo individualmente", disse.

Jessica argumenta que a promoção de produtos como o esmalte não é apenas ineficaz mas também pode levar à conduta de "culpar a vítima" se as mulheres não tomarem todas as precauções sugeridas.

Tara Culp-Ressler, para o blog Think Progress, também criticou tais produtos e disse que eles "reforçam a cultura de estupro" da sociedade.

Já Erin Gloria Ryan, na Jezebel, disse que melhorar a conscientização sobre assédio sexual poderia ser mais benéfico do que esmaltes que mudam de cor.

Apesar das críticas, a página da empresa no Facebook tem centenas de elogios - desde mulheres interessadas no produto, mães preocupadas com filhas e manicures que querem oferecer o novo esmalte a clientes.

E, claro, feministas criticando outras ativistas por serem contra a invenção. O grupo disse que o produto ainda não está à venda e que testes estão sendo realizados para que o esmalte detecte diversos tipos de drogas.

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