Dori Caymmi diz que música brasileira 'está doente com tanto mau gosto'
Foto: reprodução do instagram @ dori_caymmi_oficial_
Aos 82 anos, o compositor e violonista Dori Caymmi lançou um novo trabalho, o álbum “Utopia”, pela gravadora Biscoito Fino. Ele aproveitou o momento para refletir, em tom duro, sobre o estado atual da música brasileira.
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Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, ele declarou que a música do país atravessa “um momento de mau gosto e vazio artístico”, em que a busca pela fama se sobrepõe à criação.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
“A música brasileira está doente. Virou uma coisa de ser famoso, de fazer sucesso. O sucesso normalmente vem com algo fácil de entender e cantar”, afirmou Dori.
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Produzido por Jorge Helder, o novo álbum traz na capa uma arte feita por Dorival Caymmi, na qual Dori aparece com semblante sério - imagem que, segundo o músico, remete à figura do “tô de mal” da clássica “Marina”, famosa composição de seu pai.
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“Toda a música que eu faço é utópica. Em um momento tão antimusical, meu disco não tem a menor possibilidade de uma divulgação decente”, reforçou Dori Caymmi.
Foto: Miriam Villas Boas/Divulgação
Com mais de 60 anos de carreira, Dori Caymmi tem uma respeitada obra discográfica, composta por parcerias com nomes como Paulo César Pinheiro, Nelson Motta, Chico Buarque e até mesmo o escritor Jorge Amado, amigo de seu pai e com quem criou “Alegre Menina”.
Foto: Fundação Jorge Amado
A família Caymmi ocupa um lugar de destaque na história da música popular brasileira - com raízes profundas na Bahia, influências culturais diversas e uma herança que se estende por várias gerações.
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Tudo começou com Dorival Caymmi, nascido em Salvador, em 1914, filho de pai italiano e mãe baiana de ascendência africana.
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Autodidata no violão, Dorival começou a compor ainda jovem e logo levou para suas canções o universo que o cercava - o mar, os pescadores, as mulheres da praia, a religiosidade e a cadência da vida baiana.
Foto: reprodução do instagram @nanacaymmi
No final dos anos 1930, ao se mudar para o Rio de Janeiro, ele levou consigo o som da Bahia e, em 1939, viu sua canção “O Que É Que a Baiana Tem?” tornar-se um marco da cultura popular ao ser interpretada por Carmen Miranda no filme “Banana da Terra”.
Foto: New York Sunday News eBay Photo Wikimedia Commons
A partir daí, Dorival Caymmi firmou-se como um dos grandes nomes da música brasileira, reconhecido por sua simplicidade poética, pela força das melodias e pela autenticidade com que retratava o povo e os costumes de sua terra.
Foto: reprodução do instagram @danilocaymmi
Suas composições, como “O Samba da Minha Terra”, “Você Já Foi à Bahia?”, “Marina”, “Saudade da Bahia”, entre outras, tornaram-se clássicos, revisitados por artistas de várias gerações.
Foto: Arquivo Nacional/Wikimedia Commons
A influência de Dorival ultrapassou sua própria obra e se consolidou com a formação de uma verdadeira dinastia musical.
Foto: reprodução do instagram @ dori_caymmi_oficial_
Casado com a cantora e atriz Stella Maris, ele teve três filhos - Nana, Dori e Danilo -, todos músicos de grande relevância. Cada um seguiu seu próprio caminho artístico, mas sempre em diálogo com o legado do pai.
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Nana Caymmi (1941 - 2025) destacou-se como uma das maiores intérpretes da MPB, dona de uma voz poderosa e de uma interpretação intensa de canções de compositores como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Milton Nascimento e, claro, do próprio pai Dorival.
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Dori Caymmi trilhou uma trajetória mais introspectiva e sofisticada, como violonista, arranjador e compositor, aproximando-se de harmonias refinadas e de uma estética mais próxima do jazz.
Foto: Divulgação
Já Danilo Caymmi, flautista, cantor e compositor, herdou do pai o lirismo e a delicadeza, mantendo viva a sonoridade praieira que sempre caracterizou a família.
Foto: reprodução do instagram @danilocaymmi
As obras dos Caymmi dialogam com diferentes períodos da música brasileira - do samba-canção à bossa nova, do regional ao erudito -, sempre mantendo como eixo central a valorização da cultura brasileira e o compromisso com a beleza melódica.
Foto: reprodução do instagram @ dori_caymmi_oficial_
Três gerações de músicos mantêm o nome vivo, cada qual com sua identidade, mas unidos por uma herança que privilegia a harmonia, o lirismo e o respeito pela canção. De Dorival a seus filhos e, mais recentemente, aos netos que também se aventuram na música, como a cantora Alice Caymmi, filha de Danilo
Foto: reprodução do instagram @alicecaymmi
A influência do clã ultrapassa o próprio sobrenome e se espalha por toda a música popular. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia e tantos outros artistas da chamada geração tropicalista reconheceram em Dorival Caymmi um mestre que abriu caminho para a expressão moderna da baianidade.
Foto: - Instagram @acervochicobuarque
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