Mulheres portadoras de epilepsia informaram que o uso de compostos contendo estrogênio - como algumas pílulas anticoncepcionais - parece agravar as convulsões, revelaram dois estudos apresentados nesta semana durante o 56o. encontro anual da Sociedade Americana de Epilepsia.Embora não sejam conclusivos, os resultados sugerem haver uma associação entre o estrogênio e as crises, disse o coordenador das pesquisas, Pavel Klein, do Hospital Universitário Georgetown, em Washington (DC), à Reuters Health. "Caso o médico tenha uma paciente com epilepsia, ele deve perguntar se o distúrbio parece ser sensível aos hormônios. Nessa situação, é prudente tomar alguns cuidados com o uso de anticoncepcionais orais contendo estrogênio", afirmou o especialista.
No primeiro estudo, a equipe de Klein avaliou 142 mulheres portadoras de epilepsia que estavam na faixa etária dos 14 aos 55 anos. Cerca de metade do grupo nunca havia usado contraceptivo oral. Entre as pacientes que tomavam pílula anticoncepcional, porém, a duração do uso variou de dois meses a 14 anos. "Cerca de 20 por cento das mulheres apresentaram piora das crises epilépticas quando usaram contraceptivos contendo estrogênio", disse Klein. "Mas não foi possível identificar um tipo específico de estrogênio, pois o uso de muitas versões prejudicou a obtenção de dados estatísticos significativos."
Das mulheres que tomaram a pílula no passado, 22 por cento não se lembravam da marca do medicamento consumido. Mas 21 por cento das usuárias de pílulas à base de estrogênio afirmaram que as convulsões haviam se agravado. "O trabalho revelou ainda outro resultado interessante: as pacientes que tomaram anticoncepcionais à base do hormônio progesterona por muito tempo - tanto em versões injetáveis, como Depo-Provera, quanto implantes, como o Norplant - não apresentaram agravamento das crises", explicou Klein.
"Seria sensato dar um pouco mais de atenção e avaliar o uso do Depo-Provera", acrescentou o autor. No outro estudo, Klein registrou o caso de duas mulheres que passaram a apresentar convulsões com uma frequência maior após o início da terapia de reposição hormonal com estrogênio para combater os sintomas da menopausa.
Esses dois registros isolados não permitem tirar conclusões, disse o coordenador das pesquisas. Mas, assim como no caso dos anticoncepcionais orais, é necessário ser mais cauteloso com as indicações de terapia de reposição hormonal caso as convulsões da paciente sejam suscetíveis aos hormônios.