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3 sinais do impacto avançado das mudanças climáticas na Europa

Derretimento de geleiras e incêndios generalizados estão alarmando cientistas e a imprensa, e 60% do continente enfrenta seca extrema

15 ago 2022 - 23h24
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por Cinthia Leone/Climainfos

Derretimento de geleiras e incêndios generalizados estão alarmando cientistas e a imprensa, e 60% do continente enfrenta seca extrema 

Foto: Climatempo

Foto: Getty Imagens

O verão de 2022 na Europa fez a comunidade científica e a imprensa entenderem que a crise climática está mais avançada do que as estimativas indicavam. Países da África e da América do Sul, inclusive o Brasil, já estão experimentando secas e chuvas extremas causadas pela mudança do clima, mas foi necessário que o velho continente fosse atingido em cheio para que o alarme soasse. 

O mundo hoje está cerca de 1,1°C mais quente do que era no século 19, quando começou a industrialização. A meta do Acordo de Paris é manter o aquecimento global bem abaixo de 2°C, idealmente não ultrapassando 1,5°C. A gravidade dos eventos atuais pode indicar que mesmo se o mundo cumprir a meta, consequências negativas da alteração do clima serão a realidade deste século. 

O projeto Clima Que Queremos selecionou três exemplos de como os impactos da mudança do clima já ameaçam a vida na Europa. 

Os rios estão sumindo

Em toda a Europa, a seca está devorando os rios mais importantes para as atividades econômicas. O maior rio da França, o Loire, pode ser atravessado a pé em vários pontos, enquanto o Reno está inavegável em diferentes trechos. O rio Pó, o mais importante da Itália, está tristemente virando pó, interrompendo atividades agrícolas e colocando a maior parte da população em racionamento de água. O Danúbio, que corta vários países, está com seu leito exposto em diversas cidades.

Os cientistas ainda estão fazendo as contas, mas já avaliam que uma seca como esta não foi observada nos últimos 500 anos. Hoje, 60% do continente está em seca severa. Mesmo em 2018, quando a seca já foi extrema, o cenário não era tão severo.

O site indiano Outlook India mostra em fotos a gravidade do problema na Hungria, enquanto o The Atlantic, dos EUA, traz imagens de objetos revelados pela seca. 

As atuais condições de seca se devem a um inverno e uma primavera excepcionalmente pouco chuvosos na região, seguidos por um verão extremo em todo o continente. 

As consequências econômicas já são generalizadas. Das indústrias de vinho e azeite, passando pelo turismo de cruzeiro, todos acumulam prejuízos que muitos achavam que sobrariam para filhos e netos. As previsões em toda a Europa não indicam qualquer alívio para a secura nos próximos dias. 

 

Geleiras derretem aceleradamente

Algumas regiões dos Alpes estão perdendo completamente o gelo neste verão pela primeira vez em anos de história.

Neste vídeo é possível entender como o verão atual se compara ao dos anos anteriores. Embora seja comum algum nível de derretimento no tempo mais quente, áreas como a ligação entre a montanha Scex Rouge e o glacial Tsanfleuron na Suíça, estiveram permanentemente cobertos de neve pelo menos desde a era Romana. Os meteorologistas afirmam que a neve nesta ligação será totalmente derretida nos próximos dias.

O derretimento está revelando achados arqueológicos. A múmia de um animal - um tipo de cabra ainda não identificado - foi encontrada na semana passada, e os pesquisadores estimam que possa ter 500 anos, segundo reportagem do National Geographic. 

Menos gelo significa menos água. O rio Pó, aquele que está secando na Itália, é um dos muitos rios que nascem na região alpina. 

Menos gelo também significa menos empregos. Estações de ski em várias partes da Europa registram fechamento precoce, e milhares de postos de trabalho no setor de turismo estão ameaçados. 

 

Incêndios maiores e mais perigosos

Mais 1.500 pessoas foram retiradas de suas casas neste final de semana nos arredores de Aragon, no norte da Espanha, devido a um gigantesco incêndio. Nesta segunda-feira (15), outras 80 casas foram evacuadas, com os bombeiros enfrentando enormes dificuldades para conter o fogo, que já consumiu 8 mil hectares. Um jornal local mostra imagens do trabalho dos brigadistas. 

A região de Aragon é considerada a mais quente e seca do país, e os incêndios no verão são frequentes, mas algumas partes da Europa estão vivendo o "inferno" pela primeira vez.

Quando uma região nos arredores de Londres pegou fogo durante a onda de calor de julho, as equipes não estavam minimamente preparadas. Isto porque incêndios acidentais agravados pelo excesso de calor eram impensáveis naquela região de clima frio. Desde então, os bombeiros não tiveram descanso: foram diversos focos na semana passada, e o fogo continua surgindo em pontos ao sul da Inglaterra, como reporta a BBC. 

Na França, o clima é de cansaço e desespero entre os bombeiros e voluntários, que combatem incêndios devastadores há mais de um mês. Uma boa parte das matas do sul do país estão destruídas, e plantações de uva e outros cultivos se perderam. Equipes de outras partes da Europa foram mobilizadas para tentar conter o que foi apelidado de "Chamas Monstro". A Al Jazeera tem imagens. 

Foto: Climatempo
Climatempo
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