Astrini: 'O que vai acontecer com o planeta é o que aconteceu em Rio Bonito do Iguaçu'

O tornado que levou ventos de 250 km/h a Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, na última sexta-feira, 7, matando seis pessoas e devastando a cidade, deveria ser o tema em destaque nesta segunda-feira, 10, primeiro dia da COP-30, segundo análise de Márcio Astrini, diretor do Observatório do Clima, em sua coluna na Rádio Eldorado.

"O destaque em qualquer conferência do clima deveria ser a vida real das pessoas", afirmou, lembrando que as negociações em geral são presas a muitas tecnicalidades. "O que vai acontecer com o planeta é o que aconteceu em Rio Bonito do Iguaçu: parece que caiu uma bomba na cidade. Isso se chama extremos climáticos."

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De fato, em discurso na abertura da COP-30, duas horas depois da veiculação da coluna de Astrini, o presidente Luis Inácio Lula da Silva citou a devastação da cidade paranaense como exemplo de extremos climáticos que serão cada vez mais intensos e frequentes com o aumento das temperaturas médias do planeta.

"A ciência faz a parte dela, dá alertas, indica caminhos, mostra o tamanho do perigo", afirmou no programa. "Os governos deveriam tomar atitudes, é por isso que existem essas conferências, mas, em geral, tudo para na mão deles e não vai para frente."

Como pontos positivos nos eventos pré-COP-30, Astrini afirmou que os discursos foram mais enfáticos, "melhor do que imaginávamos", com o governo brasileiro à frente, protagonizando uma chamada aos outros países para a ação. "Foi um saldo positivo."

Astrini também destacou a importância da adoção da agenda proposta para a reunião, que precisa ser aprovada por todos os países. Sem a aceitação da agenda, em geral, as reuniões já começam sem um consenso sobre os temas a serem debatidos.