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Viva ou morta, a Red Bull resistirá e seguirá na Fórmula 1

Histórico da F1 mostra que raramente uma equipe desaparece das pistas. Ela muda de nome e renasce para uma nova vida. Veja os exemplos

6 out 2020 - 10h39
(atualizado às 14h30)
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Red Bull: língua solta de Helmut Marko e provocações midiáticas de Christian Horner dificultam.
Red Bull: língua solta de Helmut Marko e provocações midiáticas de Christian Horner dificultam.
Foto: Divulgação

O recente comunicado da Honda de que vai deixar a Fórmula l ao fim de 2021 desencadeou uma torrente de especulações, quase todas temerosas quanto ao futuro da Red Bull e da Toro Rosso, as equipes que utilizam os motores japoneses. São várias as consequências listadas. As mais amenas tentam prever quem preencherá a lacuna deixada pela montadora nipônica. Fala-se em Renault, Mercedes e Ferrari, os três fabricantes que permanecem na Fórmula 1. Fala-se também na aquisição dos direitos de fabricação e desenvolvimento do motor Honda pela Red Bull.

Tudo somado e dividido, a opção mais provável é a primeira: uma nova união entre Renault e Red Bull. Juntas por 12 anos, elas venceram quatro vezes o campeonato mundial de construtores e o mundial de pilotos (com Sebastian Vettel) e obtiveram 59 vitórias – nas últimas nove, o motor era intitulado TAG-Heuer por razões comerciais.

Red Bull nos tempos de Vettel e Renault: parceria com os franceses rendeu quatro títulos.
Red Bull nos tempos de Vettel e Renault: parceria com os franceses rendeu quatro títulos.
Foto: Divulgação

CAMPEONATOS, VITÓRIAS E DESAFOROS

Além de vitórias e títulos mundiais, as duas entidades também compartilharam dissabores, queixas e desaforos. A união durou de 2007 a 2018, desaguando em uma separação belicosa em que não faltaram juras de “nunca mais”, “já vai tarde” e “antes só do que mal acompanhado” de parte a parte. Acredita-se que este passado não tão distante será engolido, acompanhado de toneladas de sapos. Será um sacrifício em nome de uma causa sedutora: mais do que permanecer na Fórmula 1, voltar a vencer na Fórmula 1.

Somem-se a excelência dos carros projetados pelo engenheiro Adrian Newey (o grande pilar das vitórias da equipe) à recente ascensão dos motores Renault (hoje na segunda colocação na hierarquia da categoria) e à agressividade do holandês Max Verstappen. O produto é a quase certeza de um conjunto capaz de desafiar e vencer as Flechas de Prata da Mercedes. 

Motor Mercedes-AMG: alemães não quiserem nem conversar quando a Red Bull deixou a Renault.
Motor Mercedes-AMG: alemães não quiserem nem conversar quando a Red Bull deixou a Renault.
Foto: Divulgação

FERRARI E MERCEDES? NUNCA, JAMAIS, EM TEMPO ALGUM

Outra dessas teorias se descarta por si: a adoção de motores Mercedes ou Ferrari. Ambas se negaram a sequer iniciar negociações quando a Red Bull as sondou para substituir a Renault. Isso em uma época anterior à atual, em que a língua solta de Helmut Marko, a eminência parda da Red Bull, e as provocações midiáticas de Christian Horner, o chefe da equipe, não azedassem ainda mais o convívio entre estas três gigantes da Fórmula 1.

Uma outra possibilidade seria a compra de direitos, pela qual a própria equipe cuidaria do desenvolvimento, fabricação e manutenção dos motores Honda. Não é impossível, mas é proibitivamente dispendioso. Se entre as montadoras isso só faz sentido para quem vence (Mercedes) ou fabrica carros esportivos (Ferrari e Alpine, denominação que a Renault vai adotar a partir de 2021), imagine-se para uma indústria de bebidas energéticas, isotônicas ou seja lá o que for.

A última possibilidade seria a saída da Fórmula 1. De fato, existe uma cláusula de revisão anual no novo contrato com a Liberty Media (detentora dos direitos comerciais) e a FIA que faculta às equipes deixarem a categoria sem ônus financeiro. Por isso, pode ser esta a segunda opção mais provável, atrás apenas da volta aos braços da Renault. Mas, mesmo que isso aconteça, não significa que o grid da F1 caia necessariamente de 10 para oito equipes, de 20 para 16 carros.

Brawn GP foi apenas um dos nomes da equipe antes de se chegar a ser Mercedes.
Brawn GP foi apenas um dos nomes da equipe antes de se chegar a ser Mercedes.
Foto: Divulgação

NA F1, SEMPRE HÁ VIDA APÓS A MORTE 

Mostra a história que, em bom número, as escuderias mais relevantes passaram por diversas encarnações. A Mercedes, por exemplo, é a última (e mais bem sucedida) versão daquela que um dia se chamou Tyrrell Racing. Sob essa denominação, a escuderia fundada pelo inglês Ken Tyrrell venceu um mundial de construtores e deu dois dos três títulos de pilotos ao escocês Jackie Stewart. Isso antes de reencarnar como British American Racing (também chamada de BAR), Honda, Brawn GP e, finalmente, Mercedes (cujo nome oficial é AMG Petronas Formula One Team). 

O mesmo aconteceu com diversas outras escuderias. A Stewart virou Jaguar que virou Red Bull; a Minardi virou Toro Rosso e hoje se chama Alpha Tauri; a Jordan, por onde Rubens Barrichello estreou na F1, virou Midland que virou Spyker que virou Force India que virou Racing Point que vai virar Aston Martin. A Toleman, que se notabilizou por ter sido a primeira equipe de Ayrton Senna, virou Benetton que virou Renault que virou Lotus e agora se chama, de novo, Renault. 

Jackie Stewart nos anos 70: equipe de Ken Tyrrell foi a origem do que hoje é a Mercedes.
Jackie Stewart nos anos 70: equipe de Ken Tyrrell foi a origem do que hoje é a Mercedes.
Foto: Divulgação

Há casos, porém, em que a reencarnação só durou mais uma vida. Foi o caso da March, que virou Leyton House; da Ligier, que virou Prost; da Manor, que virou Marussia. Todas estas viraram pó… O que a história revela é que equipes donas de patrimônio físico e histórico podem até morrer, mas são mortes transitórias. Reencarnadas, ressurgem das cinzas para, muitas vezes, viverem uma vida melhor. É grande a possibilidade de que este seja o caso da Red Bull e da Toro Rosso.

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