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Porque a Aston Martin deve olhar para o exemplo da Ferrari

A equipe inglesa muda muito e rapidamente em busca de resultados imediatos. Mas o exemplo da Ferrari pode servir para inspirar

8 abr 2022 - 17h41
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Aston Martin em ação na Arábia Saudita: muito longe do esperado até agora
Aston Martin em ação na Arábia Saudita: muito longe do esperado até agora
Foto: Aston Martin F1 / Divulgação

Em certa forma, podemos dizer que a Aston Martin é uma das decepções dos últimos anos. Se esperava que a antiga Force India, que fazia bons trabalhos com orçamentos reduzidos, agora com toda a força do consórcio comandado por Lawrence Stroll, a equipe cresceria. Mas não é bem isso...

Desde quando a equipe assumiu a identidade de Aston Martin, concluiu-se uma fase que Lawrence Stroll planejava há muito, que era dar um nome de peso para o time. Inicialmente, se pensou em Brabham ou Lola. Mas a montadora inglesa surgiu como uma boa oportunidade, diante da necessidade de financiamento e a queda de vendas.

Neste ponto, os ingleses buscavam o clássico caso de usar a imagem das pistas para promoção da marca. A Aston Martin tem um histórico em competições e o namoro com a F1 já vinha com a relação com a Red Bull (embora a marca tenha competido na categoria em 1959). A escolha fazia sentido.

Para mostrar que não era uma cartada aventureira, um grande plano de crescimento foi feito: se fez um acordo com a Mercedes para fornecimento de motor e o trem traseiro até 2025; também foi fechado acordo para uso do túnel de vento do time em Brackley; uma nova sede seria construída não muito longe da atual, de maneira a unir todos os funcionários (afinal, a base ainda basicamente a mesma da época da Jordan, à beira de Silverstone).

Mas não era só isso: Sebastian Vettel vinha a peso de ouro e uma série de técnicos de outros times vinham sendo contratados. Parecia que agora a coisa ia para a frente. Parecia...

Stroll pai e filho, junto com Martin Whitmarsh, na apresentação do AMR22. Poucos motivos para sorrisos nos ultimos tempos
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Foto: Aston Martin F1 / Divulgação

O RP20, que ganhou prova em 2020, foi atualizado para o regulamento de 2021 e sofreu com as mudanças. Uma série de situações por conta do crescimento se passaram e isso complicou o ano. Mas havia a esperança de que, com o regulamento novo e o estreitamento de laços com a Mercedes, as coisas melhorariam...

Mas, aparentemente, Lawrence Stroll quer resultados rápidos. E seguiu mexendo. Trouxe Luca Furbatto da Sauber (ex-responsável de engenharia), Rob Fellowes, um dos principais técnicos da Red Bull, e Martin Whitmarsh, ex-todo poderoso da McLaren. Na virada do ano, demitiu Otmar Szafnauer da Direção de Prova e trouxe Mike Krack, vindo do programa esportivo da BMW.

Neste ponto, a Aston Martin adota aquilo que o ex-CEO da Ferrari, Louis Camilleri, chamou de “política da porta giratória”: tem sempre alguém chegando e saindo e nada se resolve. Szafnauer, em uma de suas falas logo após ter saído da equipe (e ter entrado na Alpine), disse “que não concordava com uma série de situações que apareciam”. E isso acaba corroborando algumas falas de que Stroll estaria se intrometendo em várias questões do time.

Por incrível que pareça, podemos dar a Ferrari como exemplo. Após um 2019 complicado e um início de 2020 terrível, o comando decidiu dar carta branca a Mattia Binotto e realizar uma grande mudança e consolidação. Foi um tempo de muita tempestade, mas que com sangue frio e – principalmente - apoio da alta gestão, que não interferiu no processo, parece dar resultado agora.

Talvez seja nisso que a Aston Martin tenha que olhar para os italianos: escolher uma direção e deixar as coisas se assentarem. A desorganização fora da pista afeta o resultado dentro e já vimos isso acontecer várias vezes. Para as coisas caminharem, talvez o mantra agora seja balançar o barco o menos possível. Muitas mudanças ao mesmo tempo trazem muitos problemas e, na situação em que Lawrence Stroll está, tratando de recuperar a marca e tendo algumas cabeças questionando seus métodos, este seja um ótimo conselho. Olhe para o lado vermelho da força, Stroll. Exemplos estão aí para serem seguidos. 

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