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Opinião: Ferrari não tem competência para disputar o título

A equipe italiana vive um jejum de 15 anos e, mesmo mostrando ter o melhor carro em várias corridas, consegue perder para ela mesma

31 jul 2022 - 12h33
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Mattia Binotto, chefe da Ferrari. Equipe vai perdendo o campeonato para ela mesma
Mattia Binotto, chefe da Ferrari. Equipe vai perdendo o campeonato para ela mesma
Foto: Ferrari / Twitter

O GP da Hungria parecia uma boa oportunidade para a Ferrari vencer, até com dobradinha, já que o ritmo muito forte na sexta se mostrava promissor. Na qualificação, Russell conseguiu a pole, mas a equipe ainda contava com o ritmo de corrida. O erro começa pela estratégia inicial, largando de pneus médios, ao invés de macios, como Russell e os carros da Red Bull.

Estar 64 pontos atrás deveria fazer com que a Ferrari pensasse em privilegiar o Leclerc, mas ela não fez isso no primeiro stint, com Russell em P1, Sainz em P2 e Leclerc em P3. A estratégia inicialmente parecia boa, pois deixou Leclerc mais tempo na pista, fazendo com que ganhasse a posição do companheiro e pudesse atacar Russell. Tudo parecia muito bem, mas Verstappen, que vinha de trás parecia uma ameaça em P4.

Verstappen parou, colocando pneus médios - como já dito, ele largou de pneus macios. Mas a resposta da Ferrari foi horrível para Leclerc, colocando pneus duros, que durante os treinos de sexta, se mostraram sem rendimento. Leclerc perdeu a posição para Max Verstappen, que rodou, dando a posição a Leclerc novamente, mas, sem rendimento algum, o monegasco virou presa fácil não só de Verstappen, mas também de Russell. Leclerc teve que parar novamente e voltou apenas em P6.

Sainz também não se deu muito melhor, ele atrasou a parada, mas seu rendimento, colocando pneus macios e andando 26 voltas também não se mostrou uma boa: estava em P3, mas levou uma ultrapassagem de Hamilton caindo para P4. No fim a Ferrari, que era a favorita, só fez P4 e P6, com Verstappen abrindo 80 pontos para Leclerc.

Também há que se considerar que o desempenho da Ferrari foi afetado pela baixa temperatura. O carro não foi tão dominante, mas com os pneus certos tinha rendimento. A vitória de Leclerc era bem possível sem erros. Perder para a Red Bull, que largou de trás, foi um golpe.

É, de certa forma, inacreditável o que a Ferrari vem fazendo. O departamento técnico está muito bem, e de fato a equipe consegue se manter competitiva com poucas atualizações, mesmo com os problemas de confiabilidade de motor, que aqui podem ser colocados na conta do salto de desempenho muito grande de um ano para o outro, custando a confiabilidade. Este é um mérito de Binotto, chefe de equipe, que modernizou a estrutura da equipe.

Mas o grande demérito vem nas execuções de corrida. O estrategista chefe da equipe é Inaki Rueda, espanhol que se mantém no cargo desde a era Vettel. Mesmo com erros e continuando a errar feio, a Ferrari não consegue executar estratégias muito boas, e não só na Hungria. Com Leclerc, tivemos erros inacreditáveis que tiraram vitórias em Mônaco e Grã-Bretanha. É possível dizer que isso tenha custado 44 pontos ao monegasco.

Leclerc perdeu outros 32 pontos com erros em ìmola, ao rodar e cair de P3 para P6, e no GP da França, ao rodar sozinho, bater e perder uma vitória certa. Também tem que se considerar as corridas em que Leclerc teve problemas de motor, que foram Espanha e Azerbaijão, onde liderava. É difícil cravar que iria fazer a volta mais rápida, mas seu rendimento, principalmente em Barcelona, era muito forte, de modo que podemos dizer que nisso se foram 51 pontos. Mais 1 ponto vindo a Áustria, ao ter problemas no acelerador no fim, onde iria fazer a volta mais rápida, com muito mais ritmo.

Como já dito, os problemas de confiabilidade de motor são até perdoados, mas os problemas em relação à estratégia são inadmissíveis. A Ferrari parece não mostrar forças para lutar por um título, Binotto que fez muito bem a parte técnica, precisa fazer uma reforma no pessoal de corrida, começando pela demissão de Rueda. Se não fizer isso, é ele que pode perder o cargo ao final da temporada, já que a equipe parece ter jogado todo o bom trabalho técnico no lixo.  

Também existe o mérito de outro lado, a Red Bull não tem o melhor carro, mas as execuções de corrida, comandada pela estrategista, Hannah Schmitz, fazem com que a equipe consiga estar muito bem e pontuar em cima da incompetência da rival. A Red Bull vai para as férias com 97 pontos de vantagem para a Ferrari, Verstappen com 80 pontos para Leclerc, com o campeonato praticamente ganho.

É possível dizer que se as coisas não mudarem, apenas Mercedes e Red Bull vão ter competência, quando tiverem o devido equipamento, de disputar títulos. Foram elas que venceram os últimos 11, tanto de construtores quanto de pilotos. A Ferrari se mostra com uma desorganização crônica, e parece incapaz de conseguir brigar por um título. Desse jeito, seu jejum de 15 anos só tende a aumentar.

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