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O desafio de achar o equilíbrio de acerto no GP do México

Acertar um F1 já é algo complicado. O GP do México tem um elemento que torna a tarefa mais tensa: o ar rarefeito

4 nov 2021 - 10h24
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O GP do México traz muitos desafios para as equipes
O GP do México traz muitos desafios para as equipes
Foto: Fórmula 1 / Reprodução

O GP do México apresenta um desafio para achar o ajuste fino dos carros. Não é somente o estilo do circuito que faz os engenheiros suarem. Afinal, você tem uma primeira parte que exige bastante de velocidade e uma outra extremamente sinuosa, em que a capacidade de fazer curvas é que conta. 

Como fazer um carro de F1 é um grande compromisso, situações como estas te colocam contra a parede. Por exemplo: desde o início da temporada a Williams já dizia que, por conta de escolhas aerodinâmicas feitas, teria melhor desempenho em algumas pistas do que em outras. Mas o fator chamado altitude acaba impactando a situação. 

A Cidade do México encontra-se a 2.200 metros ao nível do mar. O que isso significa? Quanto mais se sobe, menos oxigênio no ar. Como a gravidade fica mais concentrada no centro da terra, se vamos mais longe, menos ação se faz. Isso não impacta somente em máquinas, mas em pessoas (quantas vezes não vemos este fator sendo citado pelos times de futebol?). Este fato impacta diretamente nos F1. Vejamos. 

Aerodinâmica

O ar rarefeito traz coisas boas e ruins. O lado bom: como há menos partículas, a resistência para superar o ar diminui (pode ainda haver mais variação com o ar mais úmido. Se o ar está mais seco, a resistência diminui mais ainda. Por isso que vemos umas “bandeirinhas” nos aerofólios traseiros quando a temperatura é mais baixa. O ar sai mais quente e mais condensado...). Com isso, os carros acabam ganhando mais velocidade. Para a primeira parte do circuito, isso é ótimo. Mas... 

Qual é o lado ruim da situação? O ar rarefeito gera menos pressão aerodinâmica nos carros (se estima um impacto de 25%). O que isso significa? O carro não fica tão próximo ao solo, perdendo estabilidade, especialmente nas curvas. Para que não haja tanta perda nas partes mais sinuosas, as equipes trazem as maiores asas disponíveis (as mesmas de Mônaco). Isso também impacta diretamente na gestão de pneus (menos pressão, o carro acaba confiando mais na aderência mecânica – entenda-se suspensão). 

A aerodinâmica também é impactada pelo fato das equipes usarem dutos maiores para a refrigeração dos freios e aberturas maiores para a refrigeração dos motores. Isso acaba gerando um pouco mais de arrasto, mesmo com a melhora deste aspecto citada no início deste tópico. 

Mapa do circuito Hermanos Rodrigues (GP do México) com velocidade mínima e marchas
Mapa do circuito Hermanos Rodrigues (GP do México) com velocidade mínima e marchas
Foto: Mercedes-AMG F1 / Reprodução

Motores

Aqui é outra área bem afetada. O ar rarefeito ataca o motor em duas frentes: potência e refrigeração. 

Embora o uso do turbo acabe compensando parte das perdas, a questão é: para que a parte de combustão gere potência, é preciso que haja duas coisas: gasolina e oxigênio. Com um ar com menos oxigênio, o motor vai gerar menos potência do que poderia. Pense como se fosse uma pessoa respirando. Quanto mais ela inspira, mais ela tenta gerar energia. Se você está numa situação desta, tem que fazer um esforço maior para fazer um mesmo movimento. 

O mesmo acontece com o motor. Para gerar mais potência, ele vai fazer mais esforço, mas não consegue compensar tudo. O principal elemento que ajuda a recuperar parte é o turbo. E nisso o tamanho acaba sendo fundamental. Em condições normais, se você traz mais ar para dentro, melhor vai rodar e gerar mais potência. Mas, nestes casos, uma turbina menor acaba sendo mais efetiva. 

Neste ponto, a Honda acaba se sobressaindo, pois investiu bastante nos últimos anos para otimizar o desempenho neste ponto. E teria uma unidade menor do que a Mercedes... 

Outro ponto que os motores são forçados neste ponto é a refrigeração. Menos ar, os motores funcionam em temperatura mais alta. Para compensar, as equipes liberam mais espaços no carro para poder “aumentar a respiração” do carro, a despeito do prejuízo aerodinâmico. Maior troca de temperatura, mais o motor pode ser forçado. 

Em um campeonato tão acirrado não somente pelo título, mas em outras posições também, qualquer detalhe pode fazer a diferença. O GP do México tem tudo para ser mais um ponto interessante desta temporada 2021. 

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