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Motores Mercedes: fora do regulamento da F1 ou não?

Depois de Silverstone, a dúvida sobre a legalidade dos motores alemães paira no ar

10 set 2021 - 16h49
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Mercedes: sagacidade ou malandragem?
Mercedes: sagacidade ou malandragem?
Foto: Mercedes F1 / Divulgação

No início, era uma desconfiança, mas a partir de Silverstone, o ganho de desempenho da Mercedes chamou a atenção. A Red Bull deu um salto com a introdução de novidades, especialmente com a entrada em cena no GP da França da segunda versão da unidade de potência da Honda, que veio com cerca de 20 cv a mais do que a anterior.

Além de mudanças aerodinâmicas, a Mercedes introduziu algumas alterações na sua unidade de potência. E é isso que chama a atenção da Red Bull e da Ferrari. Pelo regulamento, uma vez que a unidade de potência foi homologada pela FIA, melhorias podem ser feitas por questões de confiabilidade. Entretanto, os ganhos de potência vindos destas mudanças acabam ocorrendo como “efeito colateral” do processo.

O questionamento feito pela Red Bull junto à FIA é que a Mercedes estaria burlando a regra de motor em relação a entrada de ar. Segundo o item 5.6.8 do regulamento técnico, a entrada de ar do motor pode ter uma temperatura até 10 °C menor que a temperatura ambiente. Para verificar isso, um sensor controlado pela FIA faz esse tipo de medição.

Admissão do motor Mercedes deste ano (à esq.) e de 2020 (à dir.).
Admissão do motor Mercedes deste ano (à esq.) e de 2020 (à dir.).
Foto: @techF1les / Twitter

Essa parte, chamada plenum, está localizada na altura da parte de admissão do ar. Sabe aquela abertura que existe em cima do capacete do piloto? Trata-se do fluxo que vai por ali. Um dos fatores de sucesso para o bom funcionamento do motor é que o ar entre bastante ali para que aumente a troca de calor e otimize a queima de combustível.

Qual seria o pulo do gato da Mercedes neste aspecto? Diante das limitações regulamentares, os técnicos trabalharam bastante nesta área. E não fizeram mistério nenhum em relação a isso, dando muitas declarações no início do ano que o principal foco de atuação foi na admissão de ar. A maior prova disso foi ver o “calombo” que Aston Martin e Mercedes apresentaram em seus capôs para os carros deste ano. Justamente para acomodar estas alterações.

Esta mudança permite que entre mais ar para a admissão, deixando o ar mais frio do que previsto no regulamento. Mas os técnicos projetaram o sistema de jeito que, o lugar onde a medição de temperatura atenderia às regras, mas o ar chegaria mais frio, com mais densidade e menor volume. Lembra do que acontece com a água quando gela? É mais ou menos isso. Essa solução teria impacto na curva de potência em baixos/médios regimes, permitindo ter mais potência em retomada de curvas. Aí reside o principal ganho de velocidade da Mercedes, especialmente na Hungria.

Até agora, a situação está no campo das observações, mas já motivou uma fala de Mattia Binotto esta semana, dizendo que não entende porque não se fala tanto nesse assunto como se dizia em relação à Ferrari em 2019. Podemos fazer sim um paralelo em relação com o que aconteceu na questão das asas flexíveis. Oficialmente, a FIA está tratando o assunto e verificaremos em breve se terá alguma tratativa. Se houver, saberemos através de uma das famosas diretivas técnicas que a Federação lança, mas que não chegam ao grande público.

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