Mercedes e Haas iniciam a F1 2022 sem entrar na pista
Antes do Natal, Mercedes liga motor e Haas anuncia aprovação em teste de resistência
Quando o público está se recuperando da ressaca do final do campeonato, ainda não terminou de xingar o Michael Masi e se prepara para o Natal...teve gente que resolveu queimar a largada e adiantar 2022: a Mercedes soltou um vídeo mostrando a partida do motor do W13 em sua fábrica e a Haas anunciou que o VF-22 foi aprovado nos testes de resistência da FIA (crash-test).
Não deixa de ser uma surpresa até certo ponto estas notícias. Normalmente, estas situações têm vindo a público mais próximo da pré-temporada e das datas de apresentação dos carros. Não quer dizer que os carros serão apresentados logo. Por exemplo, Mattia Binotto, em entrevista dada a alguns veículos de imprensa, declarou que a Ferrari 2022 será apresentada entre 16 e 18 de fevereiro, alguns dias antes do início dos testes em Barcelona (23 a 25 de fevereiro). Mas normalmente esta época é intensa nas fábricas...
Todas as equipes trabalham neste projeto desde 2019. Houve um período de “congelamento” formal de desenvolvimento em 2020 por conta da COVID e a atividade foi retomada este ano, com a restrição oficial de uso de túnel de vento e computadores e ainda o trabalho no carro de 2021. Normalmente, os times têm dois grupos na área de projetos: um que trata do desenvolvimento do carro do próximo ano (um F1 leva pelo menos 9 meses para ser concebido) e outro que trata do desenvolvimento corrente. Mas com as mudanças, houve um foco maior no novo regulamento.
Mesmo com a “parada” em 2020, o trabalho do departamento técnico já havia sido bem adiantado. E uma interação forte das equipes com a FIA e a F1 para os ajustes que iam surgindo (um exemplo: o peso mínimo do carro começou em 773kg e a última revisão ficou em 795kg). Só que se perguntar para um engenheiro se ele vai querer terminar logo um projeto e ter mais uma oportunidade de melhorar mais um pouco, normalmente, optará pela segunda...
Este é o motivo de muitos projetos acabarem ficando prontos em cima da hora. No caso, o pessoal usa o velho parâmetro de gerenciamento de projetos, em que se deve gastar 80% trabalhando no planejamento e 20% na execução. Então, é muito trabalho vendo formas, estudando fluxos.... Mas há um limite. Por exemplo, um chassi leva de 25 a 35 dias para ficar pronto. Se for esperto, o diretor técnico tem como controlar o cronograma a tempo. Mas problemas podem aparecer...a terceira temporada do Drive To Survive mostrando a epopeia da Williams para concluir o carro para a pré-temporada de 2019 é o retrato do que pode acontecer.
Neste momento, os times já devem estar com o dito “projeto básico” pronto, com base nos dados de simuladores e preparando o primeiro chassi para o teste de resistência da FIA. Cada time faz testes prévios, mas o que vale é o oficial da FIA e, sem ele, a equipe não pode participar de corridas. E os times ficam esperando pois, caso não seja aprovado, causa um retrabalho de como o chassi deve ser construído e cada unidade sai por volta de US$ 500.000. Somente depois desta aprovação é que mais chassis podem ser feitos (cada equipe trabalha com um mínimo de 5, incluindo a unidade usada no teste. A Mercedes trabalha com 8).
Pegando o exemplo da Mercedes, o teste de motor agora em dezembro mostra que a equipe trabalhou bem para ter bastante tempo de entender o carro e trabalhar com calma no desenvolvimento. Afinal, trata-se de uma mudança grande e entender como as coisas funcionam é importante. Ainda mais quando só terão disponíveis 6 dias efetivos de pista antes da temporada começar. Nesta hora, será importante que a qualidade dos dados do simulador esteja o mais semelhante possível com as informações de pista (a tal da correlação tão falada pelos times) para que o trabalho a ser executado em Barcelona e no Bahrein seja o mais otimizado possível e ter a possibilidade de localizar problemas rapidamente. Pois, mesmo com toda a tecnologia, o tempo de pista ainda prevalece.
Parabéns, fã. A F1 2022 já começou.