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Mercedes e Haas iniciam a F1 2022 sem entrar na pista

Antes do Natal, Mercedes liga motor e Haas anuncia aprovação em teste de resistência

24 dez 2021 - 07h00
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Todos os preparativos para os testes na fábrica
Todos os preparativos para os testes na fábrica
Foto: Mercedes AMG F1

Quando o público está se recuperando da ressaca do final do campeonato, ainda não terminou de xingar o Michael Masi e se prepara para o Natal...teve gente que resolveu queimar a largada e adiantar 2022: a Mercedes soltou um vídeo mostrando a partida do motor do W13 em sua fábrica e a Haas anunciou que o VF-22 foi aprovado nos testes de resistência da FIA (crash-test). 

Não deixa de ser uma surpresa até certo ponto estas notícias. Normalmente, estas situações têm vindo a público mais próximo da pré-temporada e das datas de apresentação dos carros. Não quer dizer que os carros serão apresentados logo. Por exemplo, Mattia Binotto, em entrevista dada a alguns veículos de imprensa, declarou que a Ferrari 2022 será apresentada entre 16 e 18 de fevereiro, alguns dias antes do início dos testes em Barcelona (23 a 25 de fevereiro). Mas normalmente esta época é intensa nas fábricas...

Todas as equipes trabalham neste projeto desde 2019. Houve um período de “congelamento” formal de desenvolvimento em 2020 por conta da COVID e a atividade foi retomada este ano, com a restrição oficial de uso de túnel de vento e computadores e ainda o trabalho no carro de 2021. Normalmente, os times têm dois grupos na área de projetos: um que trata do desenvolvimento do carro do próximo ano (um F1 leva pelo menos 9 meses para ser concebido) e outro que trata do desenvolvimento corrente. Mas com as mudanças, houve um foco maior no novo regulamento.

Mesmo com a “parada” em 2020, o trabalho do departamento técnico já havia sido bem adiantado. E uma interação forte das equipes com a FIA e a F1 para os ajustes que iam surgindo (um exemplo: o peso mínimo do carro começou em 773kg e a última revisão ficou em 795kg). Só que se perguntar para um engenheiro se ele vai querer terminar logo um projeto e ter mais uma oportunidade de melhorar mais um pouco, normalmente, optará pela segunda...

Exemplo de um dos testes de resistencia de chassi feitos pela FIA
Exemplo de um dos testes de resistencia de chassi feitos pela FIA
Foto: Red Bull Technology

Este é o motivo de muitos projetos acabarem ficando prontos em cima da hora. No caso, o pessoal usa o velho parâmetro de gerenciamento de projetos, em que se deve gastar 80% trabalhando no planejamento e 20% na execução. Então, é muito trabalho vendo formas, estudando fluxos.... Mas há um limite. Por exemplo, um chassi leva de 25 a 35 dias para ficar pronto. Se for esperto, o diretor técnico tem como controlar o cronograma a tempo. Mas problemas podem aparecer...a terceira temporada do Drive To Survive mostrando a epopeia da Williams para concluir o carro para a pré-temporada de 2019 é o retrato do que pode acontecer.

Neste momento, os times já devem estar com o dito “projeto básico” pronto, com base nos dados de simuladores e preparando o primeiro chassi para o teste de resistência da FIA. Cada time faz testes prévios, mas o que vale é o oficial da FIA  e, sem ele, a equipe não pode participar de corridas. E os times ficam esperando pois, caso não seja aprovado, causa um retrabalho de como o chassi deve ser construído e cada unidade sai por volta de US$ 500.000. Somente depois desta aprovação é que mais chassis podem ser feitos (cada equipe trabalha com um mínimo de 5, incluindo a unidade usada no teste. A Mercedes trabalha com 8).

Pegando o exemplo da Mercedes, o teste de motor agora em dezembro mostra que a equipe trabalhou bem para ter bastante tempo de entender o carro e trabalhar com calma no desenvolvimento. Afinal, trata-se de uma mudança grande e entender como as coisas funcionam é importante. Ainda mais quando só terão disponíveis 6 dias efetivos de pista antes da temporada começar. Nesta hora, será importante que a qualidade dos dados do simulador esteja o mais semelhante possível com as informações de pista (a tal da correlação tão falada pelos times) para que o trabalho a ser executado em Barcelona e no Bahrein seja o mais otimizado possível e ter a possibilidade de localizar problemas rapidamente. Pois, mesmo com toda a tecnologia, o tempo de pista ainda prevalece. 

Parabéns, fã. A F1 2022 já começou.

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