Max Verstappen rumo ao bi da F1: agora, vencer é opcional
Restando nove etapas para o fim do campeonato, a pergunta que fica é: Verstappen já pode comemorar o bicampeonato ou ainda é cedo?
Max Verstappen navega por águas tranquilas em 2022. Depois alguma dificuldade no começo da temporada, quando sofreu com problemas de confiabilidade e viu Charles Leclerc abrir certa vantagem a bordo da Ferrari, o jogo virou completamente. Agora, é Leclerc quem enfrenta um mar revolto e furos no casco do barco da Ferrari, enquanto Verstappen e a Red Bull navegam de vento em popa.
No momento em que a Fórmula 1 chega à sua tradicional parada de agosto, Verstappen tem confortabilíssimos 80 pontos de folga sobre seu principal perseguidor, o já citado Leclerc.
Essa vantagem veio não só de méritos de Verstappen e de sua equipe (e, é claro, eles são muitos), mas também de uma sequência inacreditável de erros e trapalhadas da Ferrari. A equipe italiana demonstra desde o começo do ano ter feito um carro bom o bastante para sair da seca, mas os erros humanos têm custado caríssimo à Scuderia.
Para ficarmos apenas no exemplo mais fresco na memória, basta ver o que foi feito na Hungria, no último fim de semana. Uma corrida cujas circunstâncias pareciam plenamente favoráveis ao time vermelho, não fosse a bisonha estratégia escolhida, que relegou Carlos Sainz ao 4º lugar e Charles Leclerc, com a corrida nas mãos, a um distante 6º. O Parabólica falou bastante sobre os problemas da Ferrari, aqui e aqui.
As escolhas da Ferrari facilitaram a vida de Verstappen, que veio de 10º e conseguiu uma vitória improvável, abrindo ainda mais vantagem no campeonato. O resultado consolida a ótima fase vivida pelo holandês, que venceu 8 das 13 corridas realizadas na temporada até aqui.
As contas de Max
Uma informação que dá a medida do tamanho da vantagem de Verstappen é: ele não precisa vencer mais nenhuma corrida para ser campeão.
Restando 9 etapas para o fim do campeonato, mesmo que Leclerc vença e faça a volta mais rápida em todas, e ainda vença a sprint em Interlagos, bastaria que Verstappen chegasse sempre em 2º para que o título estivesse assegurado. Dá até para ser 3º em duas delas que a conta ainda fecha.
Caso a Red Bull volte a apresentar problemas de confiabilidade, ou mesmo que Verstappen erre e precise abandonar em três corridas, a liderança do campeonato ainda seria mantida. Nesse cenário, Leclerc poderia vencer as três corridas com os hipotéticos abandonos do holandês que ainda ficaria dois pontos atrás na tabela - mesmo cravando a melhor volta nas três ocasiões.
Sabendo desse panorama, basta que Verstappen corra com o regulamento embaixo do braço. Na frieza dos números, ele não precisa mais brigar com Leclerc na pista. Andar atrás do rival já é suficiente. Claro que um piloto da estirpe de um Max Verstappen sempre entra para lutar pela vitória, mas, se for arriscado, nem precisa...
E a grande questão é: alguém acha mesmo que a Ferrari é capaz de vencer 9 de 9 corridas? Ainda que o carro estivesse sobrando muito em relação aos demais, a equipe tem que vencer as próprias dificuldades internas para, com muita luta, vencer uma de cada vez. Esse caos interno, somado a um cenário com Red Bull forte e Mercedes se juntando à festa, pensar em uma soberania ferrarista na parte final do campeonato seria demais até para o mais fanático dos tifosi.
Se a situação atual já é tranquila, tudo ficaria ainda mais favorável para Max se ele acumulasse mais vitórias, obviamente. E as duas próximas etapas são “em casa”: na Bélgica, país em que nasceu, e na Holanda, nação pela qual corre. O mar laranja é presença garantida em Spa e em Zandvoort. Não custa lembrar que ele venceu os dois GPs em questão no ano passado e, em condições normais, pode muito bem repetir a dose em 2022. Não é impossível imaginar que Verstappen entre no terço final do campeonato com uma vantagem na casa dos 100 pontos. Cá entre nós, uma distância intransponível.
Agora, Leclerc é quem terá que se desdobrar para içar velas e aprumar o rumo, ao mesmo tempo em que remenda os rasgos e furos no castigado veleiro vermelho. Enquanto isso, Verstappen conta com maré boa e vento favorável. Vento esse que aponta para um bicampeonato incontestável.
Respondendo à pergunta que norteia o texto, assumo o risco de olhar para esse artigo com cara de arrependimento no fim do ano e arrisco meu palpite: é só uma questão de tempo, mas o título já é dele.
E você, concorda?