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Há dois anos, Vettel vencia sua última corrida pela Ferrari

GP de Cingapura foi marcado por polêmica entre Leclerc e Vettel graças à estratégia da Ferrari

22 set 2021 - 19h11
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Largada do GP de Cingapura de 2019.
Largada do GP de Cingapura de 2019.
Foto: F1 / Twitter

Sebastian Vettel foi anunciado pela Ferrari para a temporada de 2015 e a esperança era que o alemão seguisse os passos do seu ídolo, Michael Schumacher, recolocando a equipe novamente no rumo dos títulos. Mas, infelizmente, não aconteceu assim. A Ferrari chegou a disputar os títulos de 2017 e 2018, mas Hamilton venceu com antecedência nas duas oportunidades.

Mas um fator importante para entender as questões de Vettel na Ferrari foi a mudança de filosofia do carro entre 2017 e 2018. No carro de 2017, o alemão se sentia muito mais confortável com uma ideia de um carro que gerava mais downforce e era mais neutro. Já no de 2018, a Ferrari apostou na força de seu motor e fez um carro melhor para retas, porém com o ônus de ser mais instável e sair de traseira, algo que não agradava ao estilo de Vettel, levando a equipe a trabalhar bastante no acerto para adaptá-lo ao seu estilo. 

Em 2019, a equipe trocou seu segundo piloto: saiu Kimi Raikkonen e entrou o monegasco Charles Leclerc. Inicialmente, com exceção do GP do Bahrein, onde Charles sobrou e não venceu por problemas no motor, Vettel teve um desempenho superior até o GP da França, quando a Ferrari, ainda tentando se recuperar no campeonato em cima da Mercedes, trouxe novas atualizações, o que deixou carro mais traseiro, onde Leclerc se adaptava melhor.

Foi nesse contexto que a Ferrari venceu com Leclerc na Bélgica e na Itália, nas duas corridas anteriores ao GP de Cingapura. Uma boa performance da equipe italiana não era esperada nas ruas de Marina Bay, até pelas características do circuito, que exige muito downforce. Na qualificação, os carros da Mercedes dominaram o Q1, as Ferraris ficaram em 3-4. No Q2, foi Leclerc que fez o melhor tempo, seguido de Vettel. No Q3, Leclerc fez a pole, Hamilton conseguiu ficar em segundo e com Vettel em terceiro. 

Vettel no pódio após conquistar sua 53° vitória.
Vettel no pódio após conquistar sua 53° vitória.
Foto: F1 / Twitter

A Ferrari sabia que, em ritmo bruto, não poderia superar Hamilton. Então montou uma estratégia bem interessante para a corrida: a ideia era que Leclerc andasse em um ritmo mais lento, para manter os carros atrás bem juntos e evitar que Hamilton pudesse fazer um undercut, ou seja, quando um piloto para antes para com pneus novos ganhar a posição quando o carro a frente parar. Caso Hamilton parasse nessa situação, ele pegaria tráfego e não conseguiria roubar a posição.

O plano deu bastante certo já que as posições foram mantidas e Marina Bay é uma pista muito difícil de passar. Leclerc era o primeiro com Hamilton, Vettel e Verstappen na sequência. A janela de paradas abriu na volta 18, e na volta seguinte Hamilton conversava com a equipe para fazer um undercut. A ação da Ferrari foi responder, mas não com Leclerc e sim com Vettel. O alemão parou e levou Max Verstappen com ele.

Na volta 20, Hamilton recebeu a ordem de parar, desde que Leclerc continuasse na pista, o que não aconteceu. Leclerc parou nos boxes, sua parada foi apenas 0s216 mais lenta que do alemão, mas foi o suficiente para Vettel conquistar a posição, retirando 2s479 em uma única volta com pneus novos. O monegasco chegou a perguntar no rádio o que havia acontecido, pois não acreditava.

A Mercedes preferiu manter Hamilton na pista, pois já se sabia que naquela situação ele perderia a posição até para Max Verstappen e voltaria em quarto. Restava apenas esperar um carro de segurança. Mas esse prazo tinha limite e Hamilton pediu para se manter na pista. Porém, se continuasse iria perder a posição para Bottas e Albon, que na época era piloto da Red Bull.

Na volta 26, a Mercedes teve que pedir para Bottas segurar um pouco o ritmo para conseguir fazer voltar Hamilton à frente. O fato curioso é que, naquela altura do campeonato, Bottas era o mais próximo do britânico no campeonato, com 65 pontos de diferença. Mas a ordem foi cumprida e Hamilton voltou em quarto lugar. As posições se mantiveram assim até o final. Leclerc chegou a pressionar seu companheiro de equipe, mas sem sucesso. 

O “climão" após o final do GP era perceptível por todos. Leclerc nem respondeu ao rádio que Binotto o parabenizando pelo segundo lugar. Sua irritação era enorme pelo fato de sua própria equipe ter lhe dado um undercut. Mas se controlou publicamente. O clima entre Vettel e Leclerc iria piorar no GP seguinte, na Rússia, mas isso é história para outro texto.

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