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Só Hamilton e mais 8 pilotos são essenciais na Fórmula 1

Opinião: Hamilton, Vettel, Leclerc, Russell, Norris, Sainz, Pérez, Verstappen e Tsunoda são os pilotos essenciais da F1 nesta temporada

8 abr 2021 - 13h03
(atualizado em 9/4/2021 às 16h05)
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A história da Fórmula 1 está repleta de vencedores e vencidos. Nem sempre os melhores ganham. Há casos de enormes injustiças, como, por exemplo, o fato de Moss, Pironi e Villeneuve (Gilles) nunca terem sido campeões. A lista pode abrigar outros nomes, dependendo do olhar de quem a faz. Há também casos de campeões que se tornaram meros diletantes. Mas também aqueles que são essenciais para a F1. Sem eles, a Fórmula 1 não é (ou não seria) a mesma.

Quais seriam, então, os pilotos essenciais na temporada 2021? No grid de 20 pilotos, quais são aqueles que realmente fazem a diferença? Para listar os pilotos essenciais, primeiro é preciso definir o conceito. O que é uma coisa essencial? É aquilo sem a qual não se pode ter a mesma experiência. O ar e a água são essenciais para a vida. O dinheiro é essencial na sociedade de consumo. O conceito de essencial, portanto, é bem amplo e depende muito de onde e como é aplicado.

No caso do mundinho da F1, considero essenciais os pilotos que fazem a diferença no espetáculo. Que têm alta capacidade de competir mesmo em condições não ideais. Que mantém acesa a chama de uma volta perfeita, de uma ultrapassagem ousada, de uma vitória inesperada. Não é preciso ser campeão ou ganhar corridas para ser essencial.

Sabendo que este texto é polêmico, arrisco dizer que apenas nove pilotos são essenciais para a Fórmula 1: Hamilton, Vettel, Leclerc, Russell, Norris, Sainz, Pérez, Verstappen e Tsunoda. São esses nove pilotos que, na minha visão de jornalista (não de fã) que acompanha a F1 desde 1972, são essenciais na temporada 2021. Apenas esses nove. Primeiro vou dizer porque os considero essenciais e depois vou justificar a ausência de outros nomes.

Hamilton: é essencial porque, apesar dos sete títulos mundiais e do recorde de vitórias, nunca desiste de pilotar de forma agressiva e competitiva. Para além disso, é um homem preto brilhando num ambiente historicamente dominado por homens brancos, totalmente engajado na luta contra o racismo, ampliando de forma inimaginável o significado de suas vitórias. 

Fangio, Gonzales, Rodrigues (Pedro) e Fittipaldi (Emerson) foram essenciais porque colocaram a América Latina no mapa dos grandes pilotos, inclusive com títulos. Piquet foi essencial porque transformou a criatividade em vitórias e títulos. Senna foi essencial porque resgatou o espírito de Clark, o velocista de técnica primorosa. Piquet e Senna também foram essenciais para levantar a auto-estima de um país cansado de derrotas econômicas e futebolísticas.

Vettel é essencial (ainda) porque tem quatro títulos e até “ontem” lutava em igualdade de condições com Hamilton. Caiu numa certa depressão quando roubaram-lhe uma vitória no GP do Canadá. Porém, se voltar a correr sem compromisso, como fez no Bahrein, deixará de ser essencial. Leclerc é essencial porque, além de rápido, tem uma determinação incomum. Ele nunca desiste, mesmo com um carro ruim. Russell é essencial porque já mostrou que está muito acima do carro que lhe deram. Vê-lo num Williams sem chances de vitória é um dos muitos absurdos cometidos pela Fórmula 1 pós Pactos da Concórdia.

Norris é essencial porque não parece disposto a ceder a prerrogativa de piloto número 1 da McLaren à fama, simpatia e currículo de Ricciardo. Norris também é o piloto que mais bem utiliza o seu capacete como espaço para mensagens inclusivas. Parece sincero. Pérez é essencial porque é o único latino-americano do grid e, por mais que seja um milionário, sua carreira na F1 é uma síntese do mexicano que não desiste da luta. É talentoso também.

Verstappen é essencial porque é o piloto mais rápido e mais arrojado da Fórmula 1 atual. Ele evoluiu muito nos últimos anos e está pronto para ser campeão. Lembra um pouco o Senna de 1986 e 1987, quando já era um piloto maduro, mas não tinha carro para brigar pelo título. Tsunoda é essencial porque representa a nova geração de pilotos japoneses, que veio no vácuo de nomes competentes como Sato (vencedor das 500 Milhas de Indianápolis duas vezes), destruindo o preconceito contra os nascidos no Japão.

E os outros? Por que não os considero essenciais para a F1? Bem, vamos a eles. Alonso: bicampeão mundial, mas a F1 “sobreviveu” duas temporadas sem ele. Trata-se de um espanhol extremamente talentoso, mas algumas atitudes suas não fizeram bem ao esporte. Parece velho para ser campeão novamente. Raikkonen: se chovesse em todas as corridas, poderia até ser campeão do mundo, mas hoje é um diletante, corre por prazer. Bottas: competente, mas não a ponto de incomodar Hamilton ou sequer Verstappen, mesmo tendo o melhor carro da F1. Ricciardo faria melhor; Ocon ou Gasly fariam igual.

Gasly: ganhou uma corrida que lhe caiu no colo. Foi bacana, mas ficou nisso. Ricciardo: parece ter passado do ponto para ser campeão. Desde que Verstappen surgiu na sua vida (na Red Bull), tem sido um bom pontuador. Em 2020, sofreu com Ocon. Na primeira corrida de 2021, sofreu com Norris. Conseguirá fazer mais do que isso? Restam, portanto, Ocon, Stroll, Giovinazzi, Schumacher (Miki) e Latify. Ninguém sentiria falta se outros pilotos estivessem no lugar deles. Que a temporada de 2021 me desminta. Ou não.

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