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Covid-19 dá oportunidade a pilotos reservas na Fórmula 1

Pandemia da Covid-19 pode mudar a relação das equipes da F1 com os pilotos reservas, que podem ocupar o cockpit a qualquer momento

1 fev 2021 - 10h16
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Robert Shwartzman e Antonio Fuoco, da Ferrari.
Robert Shwartzman e Antonio Fuoco, da Ferrari.
Foto: Divulgação

É bem possível que, por mais um ano, os pilotos reservas fiquem em evidência na Fórmula 1 e possam assumir o cockpit dos titulares a qualquer momento, porque mesmo com a pandemia de Covid-19 a categoria não pretende cancelar provas se algum piloto testar positivo durante a temporada. Foi o que aconteceu no ano passado com Sergio Pérez e Lance Stroll, pilotos da Racing Point, substituídos por Nico Hulkenberg. O alemão estava fora da F1 depois de ter sido dispensado pela Renault ao final de 2019. E, no final da temporada, a situação aconteceu com Lewis Hamilton, que ficou fora do Grande Prêmio do Sakhir e foi substituído por George Russell, que embora também seja piloto Mercedes, não era o reserva imediato da equipe.

Não é segredo para ninguém que para os pilotos de testes, dos programas de desenvolvimento das equipes e reservas o maior objetivo é o de ocupar a lista de potenciais nomes a estarem, um dia, no grid de Fórmula 1. Mas ter talento, apenas, não basta. É necessário adquirir experiência e mostrar potencial para ser escolhido quando a oportunidade chegar. Ser reserva não é, necessariamente, garantia de que será o piloto chamado para correr, mesmo que no dia a dia ele tenha um papel fundamental nas atividades realizadas nos simuladores, no desenvolvimento dos carros e nas pistas.

Pietro Fiipaldi, da Haas.
Pietro Fiipaldi, da Haas.
Foto: Divulgação

Na temporada de 2020, Pietro Fittipaldi era o piloto de testes e reserva da equipe Haas e disputou duas corridas na Fórmula 1 em substituição a Romain Grosjean, que sofreu um acidente no Bahrein. Considerando que o brasileiro havia pilotado o carro da equipe pela última vez havia um ano, o bom trabalho foi reconhecido pela equipe americana. Mesmo assim, Pietro permanece com o futuro incerto na categoria. Após o final da temporada, chegou a dizer que não gostaria de se afastar da F1, mas queria mesmo uma oportunidade, talvez na IndyCar, para competir em uma temporada inteira.

Outro piloto que fez sua estreia em 2020, foi Jack Aitken, piloto anglo-coreano, que disputou o Grande Prêmio do Sakhir, substituindo George Russell na Williams. Além de servir como piloto reserva e fazer parte do programa de pilotos da Williams, Aitken competiu na Fórmula 2 pela terceira temporada consecutiva, terminando 2020 na 14ª colocação com dois pódios. Roy Nissany, piloto de testes da equipe Williams e que está na F2, participou de três sessões de treinos livres na temporada: Espanha, Itália e Bahrein, e participou com o time de Grove no teste de pós-temporada em Abu Dhabi. O israelense, nascido em Tel-Aviv e criado na França, deve guiar o carro também em um dos dias dos testes de pré-temporada em março, no Bahrein.

Mick Schumacher, da Haas.
Mick Schumacher, da Haas.
Foto: Divulgação

Além da Williams, no final da temporada passada, Mercedes, Ferrari, Red Bull, Renault, AlphaTauri, Haas e Alfa Romeo colocaram seus carros na pista em Abu Dhabi, dando chance a jovens pilotos de ocupar o cockpit de um Fórmula 1. McLaren e Racing Point não participaram das atividades pós-temporada, porque não concordaram com as regras que bloqueariam a participação de pilotos que tivessem competido em tempo integral em 2020, mas liberaria a atividade para todos os demais fora dessas condições. Por isso, entre os jovens tivemos a participação de pilotos experientes e com passagens pela F1, como Fernando Alonso, piloto da equipe Renault (atual Alpine), e os pilotos de testes da Red Bull, Sébastien Buemi, da Alfa Romeo, Robert Kubica, e da Mercedes, Stoffel Vandoorne.

O bicampeão espanhol teve como companheiro de testes Guanyu Zhou, piloto da Renault Sport Academy. Nascido em Xangai, o piloto chinês se juntou à Renault/Alpine no início de 2019 e passou a competir na Fórmula 2. No ano de estreia, foi considerado o melhor estreante e terminou o campeonato em sétimo lugar e no ano passado, ficou em sexto lugar. A meta de ser o primeiro piloto chinês da Fórmula 1, passa agora pela conquista da Superlicença e, dessa forma, estar preparado para a oportunidade quando houver um assento livre na categoria.

Juri Vips, da Red Bull.
Juri Vips, da Red Bull.
Foto: Divulgação

Pela Red Bull, foram escalados Sébastien Buemi e Jüri Vips. Buemi, de 32 anos, disputou 55 grandes prêmios entre 2009 e 2011 pela Toro Rosso na Fórmula 1, além de ter sido campeão da Fórmula E na temporada 2015/2016. Já Vips fez sua estreia a bordo do F1 em Abu Dhabi. O estoniano entrou para o programa de jovens pilotos da Red Bull em 2018 após conquistar o título da F4 alemã e ter feito uma campanha de destaque na então F3 europeia. Em 2020, Vips competiu na F2 em três etapas, marcando 16 pontos, incluindo um pódio nas seis corridas com a equipe DAMS e em 2021 será piloto da equipe Hitech.

Na mesma situação de Buemi e Alonso, Robert Kubica, que correu pela última vez na Fórmula 1 em 2019, esteve nos testes como piloto reserva da Alfa Romeo. O polonês de 36 anos se juntou à equipe na temporada passada, um ano após ter voltado a correr na categoria pela Williams. Para quem não se recorda, a Alfa Romeo nada mais é do que a antiga BMW Sauber, em que Kubica foi piloto entre 2006 e 2009, e onde conquistou sua única vitória, no Canadá, em 2008. O outro piloto que esteve nos testes com a Alfa Romeo foi Callum Ilott, piloto da Fórmula 2 e da Ferrari Driver Academy. O britânico de 22 anos foi vice-campeão em 2020 pela equipe UNI-Virtuosi e desde o início deste ano é piloto de testes da Ferrari.

Marino Sato, da AlphaTauri.
Marino Sato, da AlphaTauri.
Foto: Divulgação

Pela equipe Ferrari, participaram dos testes Robert Shwartzman e Antonio Fuoco. Shwartzman é piloto da academia da equipe italiana e em 2021 será piloto da Prema na Fórmula 2. No ano passado, o russo venceu quatro corridas e se destacou pelo ritmo de qualificação: terminou com pontos em mais de 60% das provas. Antonio Fuoco, italiano que fez parte da Ferrari Driver Academy entre 2014 e 2018, quando disputou a F2, atualmente se concentra no trabalho do simulador para o time de Maranello.

A equipe Mercedes mandou para a pista em Abu Dhabi pilotos que competem pela equipe de Fórmula E: Stoffel Vandoorne e Nyck de Vries. Vandoorne, que é piloto reserva da equipe na Fórmula 1 e que esteve perto de voltar ao cockpit da Mercedes após o teste positivo de Lewis Hamilton no Grande Prêmio do Bahrein, já competiu pela categoria. O belga competiu durante duas temporadas com a McLaren na Fórmula 1, entre 2017 e 2018, somando 41 corridas. De Vries, por outro lado, mesmo tendo passado pelo programa de pilotos da McLaren nunca tinha dirigido um F1. O holandês se juntou à equipe de Fórmula E da Mercedes na temporada 2019-20 depois de sua conquista do título da F2, em 2019.

Nyck de Vries, da Mercedes.
Nyck de Vries, da Mercedes.
Foto: Divulgação

Antes de ter sido anunciado como piloto da AlphaTauri em 2021, Yuki Tsunoda também foi para a pista nos testes do final do ano. Ele havia guiado um carro de 2018 em Ímola, no início de novembro, e dessa vez conseguiu dar um feedback para a equipe com o carro atual. Tsunoda teve a companhia do compatriota Marino Sato, que debutou na F1 com a equipe de Faenza. Sato começou a carreira nos monopostos em 2015, competindo na Fórmula 4 italiana, passando pela F3 europeia (2018) e conquistou o título do Euroformula Open em 2019. Estreou no mesmo ano na F2 no mesmo ano e no ano seguinte, disputou o campeonato de Fórmula 2 pela equipe Trident.

Outro piloto que já estava confirmado para disputar a Fórmula 1 em 2021, mas participou dos testes no circuito de Yas Marina foi Mick Schumacher. O piloto da Haas, e campeão da F2, fez a estreia na Fórmula 1 durante a primeira sessão de treinos livres para o Grande Prêmio de Abu Dhabi, a bordo do Alfa Romeo. A verdade é que a estreia era para ter sido antes, no final de semana do GP de Eifel, mas uma neblina tomou conta do circuito de Nurburgring e ele não entrou na pista.

Fernando Alonso e Guanyu Zhou, da Alpine.
Fernando Alonso e Guanyu Zhou, da Alpine.
Foto: Divulgação

Na semana passada, a Ferrari concluiu os cinco dias de testes no circuito particular da equipe em Fiorano, contando com a participação de sete pilotos a bordo do SF71H 2018, rodando mais de 1.500 quilômetros. Além dos titulares Charles Leclerc e Carlos Sainz, estiveram na pista de Maranello Callum Ilott, Mick Schumacher, a dupla da Academia de Pilotos da Ferrari e pilotos da F2, Robert Shwartzman (Prema Racing) e Marcus Armstrong (DAMS), além de Giuliano Alesi. O francês, filho do ex-piloto Jean Alesi, fez a despedida do time de jovens pilotos da Ferrari e segue para o Japão para disputar os campeonatos da Super Formula Light pela TOM e Super GT GT300 pela Team Thailand, equipes com apoio da Toyota. 

Callum Ilott, da Haas.
Callum Ilott, da Haas.
Foto: Divulgação

Os testes são chances para que jovens pilotos tenham oportunidades com os carros atuais, mostrem seu potencial, mas não podemos pensar que as equipes apenas os escolhem com base no talento. Há interesses comerciais, dentro e fora das pistas, que comandam esse mercado. E o mesmo mercado segue de olho no que as equipes podem enfrentar nesta temporada. A situação em tempos de pandemia até poderá promover jovens talentos, desde que tenham a Superlicença, mas também podem trazer pilotos que não tem contrato e com experiência na Fórmula 1, tudo em razão dos pontos valiosos do campeonato.

Mas, você arriscaria dizer quem tem chances de conseguir um assento na Fórmula 1 nos próximos anos?

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