Renault quer “ressuscitar” e terá SUV maior que o Duster
Estratégia comercial do grupo prevê carros mais rentáveis para a América Latina e carros descolados” para a marca Dacia
A Renault apresentou nesta quinta-feira (14) seu plano estratégico estruturado em três fases: “Ressurreição” (que vai até 2023 e tem foco total em recuperação da geração de caixa), “Renovação” (até 2025, com novo produtos que aumentem a lucratividade) e “Revolução” (a partir de 2025, focando em mobilidade, tecnologia e energia).
A apresentação foi feita na França por Luca de Meo, CEO do Grupo Renault. O plano foi chamado de “Renaulution”, uma mistura do nome Renault com "revolution". Para chegar à prometida revolução, porém, as marcas do Grupo Renault precisarão recuperar as perdas provocadas pela pandemia de coronavírus. No Brasil, a Renault caiu do 4º lugar para o 7º, perdendo mais de 107 mil vendas em um ano. As perdas da Renault só foram superadas pelas da Chevrolet, que, no entanto, manteve sua liderança no mercado.
O foco será total em carros mais lucrativos, o que significa mais caros para o consumidor. Um novo SUV do segmento C (médio) será lançado, novamente oriundo da marca romena Dacia, assim como os modelos Duster, Sandero e Logan. De Meo não usou meias palavras -- se fala em "ressurreição" é porque algo morreu.
O plano da Renault é ter quatro unidades de negócio diferenciadas e baseadas em “marcas potentes”, que devem estar orientadas para o mercado e para os clientes. Portanto, a Renault não vai mais se basear em participações de mercado e vendas para mensurar sua performance, mas sim na lucratividade, geração de caixa e eficiência dos investimentos.
“Vamos passar de uma empresa de carros que trabalha com tecnologia para uma empresa de tecnologia que trabalha com carros, fazendo pelo menos 20% de sua receita a partir de serviços, tratamento de dados e comercialização de energia até 2030”, disse Luca de Meo.
Em termos práticos para o comprador de carros, a Renault vai reduzir das plataformas de seis para três e o de motores de oito para quatro famílias. No caso dos carros, 80% do volume virá de três plataformas da Aliança Renault Nissan. Todos os modelos a ser lançados com base em plataformas existentes chegarão ao mercado em menos de três anos.
A Renault também pretende reduzir a capacidade industrial de 4 milhões de unidade, que tinha em 2019, para 3,1 milhões em 2025. Significa que haverá fechamento de fábricas, apesar de isso não ter sido dito. A empresa pretende aumentar as margens na América Latina, Índia e Coreia, além de ser mais competitiva na Espanha, Marrocos, Romênia e Turquia e criar mais sinergias com a Rússia (segundo maior mercado do Grupo Renault). Até 2025 haverá 24 lançamentos, sendo 10 deles de veículos 100% elétricos. Veja a seguir alguns pontos-chaves de cada marca.
Renault
Vai aumentar o seu mix de segmentos com uma ofensiva no segmento C e fortalecer suas posições na Europa, além de focar em canais e segmentos lucrativos em mercados-chave, como América Latina e Rússia. A marca se apoiará em nossos poderosos diferenciais:
- Líder em eletrificação até 2025;
- “Electro pole”, potencialmente no Norte da França, a maior capacidade de produção de EVs do grupo em todo o mundo;
- Joint venture em hidrogênio, de stacks de células a combustível a veículos;
- O mix “mais verde” da Europa;
- Metade dos lançamentos na Europa com motorização 100% elétrica, com margens de contribuição maiores do que os veículos equipados com motores a combustão;
- Disputar o mercado híbrido, com 35% do mix com motorizações híbridas.
Dacia e Lada
A Dacia ganhará um “toque descolado” e a Lada continuará sendo resistente e robusta, para continuar oferecendo produtos acessíveis, com base em tecnologias comprovadas dirigidas a compradores racionais, quebrando o teto de vidro do segmento C.
- Modelos de negócios supereficientes;
- Design-to-cost;
- Eficiência melhorada: de quatro plataformas para uma e de 18 carrocerias para 11;
- Gama de modelos competitiva e renovada, avançando para o segmento C;
- Sete modelos lançados até 2025, dois no segmento C;
- Renascimento de modelos icônicos;
- Eficiência em CO2.
Alpine
A marca vai reunir a Alpine Cars, Renault Sport Cars e Renault Sport Racing em uma nova organização totalmente independente, inteligente e enxuta, dedicada ao desenvolvimento de carros esportivos exclusivos e inovadores.
- Um planejamento de produto 100% elétrico, para dar sustentação à expansão da marca;
- Alavancagem da escala e capacidades do Grupo Renault e da Aliança, com as plataformas CMF-B & CMF-EV, uma presença industrial global;
- Fórmula 1 no coração dos projetos e a renovação do compromisso com o campeonato;
- Desenvolvimento da próxima geração de carros esportivos elétricos com a Lotus;
- Meta de se tornar lucrativa em 2025, incluindo investimentos em automobilismo esportivo.
Mobilize
Esta nova unidade de negócios tem a meta de desenvolver novas oportunidades de lucro a partir de serviços relacionados à energia, mobilidade e tratamento de dados, em benefício dos usuários de veículos e para gerar mais de 20% da receita do grupo até 2030. A Mobilize permitirá que o Grupo Renault dê um salto para o novo mundo da mobilidade mais rápido, oferecendo soluções e serviços para as outras marcas e parceiros externos.
Três missões:
- Maior tempo de uso dos veículos (inutilizados em 90% do tempo)
- Melhor gestão do valor residual
- Ambição de atingir uma pegada de carbono zero
Uma linha acessível e útil:
- 4 veículos concebidos sob medida, sendo dois para carsharing, um para empresas de transporte por aplicativo e um para a última etapa da entrega (last-mile);
- Soluções inovadoras de financiamento (assinatura, leasing, pay-as-you-go);
- Plataforma dedicada de dados, serviços e software;
- Novos serviços de manutenção e reciclagem (Re-Factory).