Anfavea projeta 2,25 milhões de carros vendidos em 2021
Associação das montadoras prevê vendas de 1,85 milhão para automóveis de passeio e de 400 mil para comerciais leves
O mercado brasileiro de veículos leves deve crescer 15% em 2021, apesar do dólar a R$ 5,00 e dos desafios impostos pela pandemia de coronavírus. A projeção foi feita nesta sexta-feira (8) pelo presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, na primeira entrevista coletiva da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. O volume previsto é de 2,25 milhões.
Veículos leves são os automóveis de passeio e os comerciais leves. Segundo a Anfavea, a venda de automóveis de passeio deve passar de 1,616 milhão para 1,850 milhão (+14%) e o de comerciais leves deve ir de 399 mil para 400 mil unidades (+18%). No ano passado, o setor vendeu 1,955 milhão de carros.
No total da indústria automobilística, incluindo veículos pesados (caminhões e ônibus), a previsão é de 2,367 milhões de unidades, um crescimento de 15% em relação aos 2,058 milhões vendidos em 2020. Apesar da previsão de crescimento, a Anfavea acredita que “a neblina ainda continua no horizonte”. Veja no quadro abaixo as previsões da Anfavea.
PROJEÇÃO ANFAVEA |
VENDAS 2020 (x1.000) |
VENDAS 2021 (x1.000) |
DIF. |
TOTAL DE AUTOVEÍCULOS | 2.058 | 2.367 | +15% |
VEÍCULOS LEVES | 1.955 | 2.250 | +15% |
Automóveis de passeio | 1.616 | 1.850 | +14% |
Comerciais leves | 339 | 400 | +18% |
VEÍCULOS PESADOS | 104 | 117 | +13% |
Caminhões | 90 | 101 | +13% |
Ônibus | 14 | 16 | +13% |
EXPORTAÇÕES | 307 | 333 | +8% |
PRODUÇÃO TOTAL | 2.014 | 2.520 | +25% |
A média diária de vendas prevista pela Anfavea é menor do que a média registrada em dezembro, que fechou com 243.967 veículos, um crescimento de 8,4% em relação ao mês anterior. Luiz Carlos Moraes justificou a previsão conservadora dizendo que os 15% equivalem a três vezes a previsão de crescimento do PIB, que é de 5%.
Moraes também criticou duramente o governo do Estado de São Paulo – maior mercado do país – por ter aumentado o ICMS para carros usados e carros zero km a partir de abril. Para carros zero km, o ICMS subiu de 12% para 13,5% agora e passará a 14,5% em abril. “O Brasil não aguenta mais o sistema tributário”, reclamou.
No caso de carros usados, a alíquota de 18% (aplicada sobre 10% do valor de venda) passa a ser de 30,7%. Segundo o site Automotive Business, “em um exemplo de um carro vendido por R$ 60 mil, o total a pagar de ICMS passa de R$ 1.080 para R$ 3.315,60”.
O sistema tributário foi uma das principais razões para a previsão de crescimento de 15%. “Não temos nenhum problema em revisar esses números se daqui a três meses o cenário estiver melhor, lembrando ainda que a pandemia existe”, disse Luiz Carlos Moraes. “Nunca enfrentei uma crise dessa dimensão, que é uma crise na economia e uma crise de saúde, uma crise mundial.”
Em 2020, a queda na venda de veículos leves foi de -26,7%. Mas a queda de automóveis foi ainda maior (-28,6%), perdendo apenas para queda nas vendas de ônibus (-33,4%). Já os comerciais leves tiveram uma queda mais leve (-16,0%). Como país, entretanto, as quedas foram diferentes, em termos de regiões.
Segundo um mapa de vendas divulgado pela Anfavea, os estados do Rio de Janeiro (-38%), Minas Gerais (-33%) e São Paulo (-30%) tiveram as maiores quedas de venda, superando a média do Brasil.
Apesar da queda de vendas em 2020, o Brasil manteve o 6º lugar no ranking mundial dos maiores mercados automotivos. De acordo com a Anfavea, o país está atrás de China, EUA, Japão, Alemanha e Índia, superando França, Reino Unido, Itália e Canadá no ranking top 10. Até 2014, o Brasil era o 4º colocado, caindo nos anos seguintes até o 8º lugar. Em produção, a indústria automobilística brasileira caiu para 9º lugar, sendo superada pela indústria espanhola.
Moraes voltou a citar os problemas estruturais do Brasil como um empecilho para a indústria automobilística, citando o fechamento da fábrica de carros da Mercedes-Benz em Itirapina (SP) como exemplo da busca mundial por produções menos complexas em termos burocráticos e menos custosas em termos tributários.