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Anfavea mostra como a indústria devolve incentivos fiscais

Indústria automobilística reage à proposta do presidente do IPEA de desindustrialização do Brasil e aponta incoerência

4 fev 2021 - 12h19
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Luiz Carlos Moraes: “O Chile tem 20 milhões de habitantes e o Brasil tem 20 milhões de desempregados e desalentados”.
Luiz Carlos Moraes: “O Chile tem 20 milhões de habitantes e o Brasil tem 20 milhões de desempregados e desalentados”.
Foto: Sergio Quintanilha / Reprodução

Em apresentação recheada de dados empíricos e coletados junto à Receita Federal, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, rebateu de forma contundente a ideia de desindustrialização do Brasil. Foi uma resposta a uma entrevista do presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Carlos Von Doellinger, ao jornal Valor Econômico. Segundo Moraes, o setor automotivo proporcionou um saldo de R$ 11,1 bilhões entre o que arrecadou e o que teve de desoneração fiscal.

O IPEA é um órgão do governo federal. Segundo Doellinger, seu presidente, “o Brasil precisa apostar em suas vantagens comparativas, suas vantagens competitivas. Não somos bons em produzir materiais de transporte, não somos bons nisso (….) nosso caminho não é a indústria manufatureira, a não ser aquela ligada a beneficiamento de produtos naturais, minérios”. 

Moraes disse que a indústria automobilística aumentou as exportações de 443 mil para 766 mil veículos de 2012 para 2017 e que isso é fundamental para a balança comercial do país. Segundo o presidente da Anfavea, se as ideias do presidente do IPEA forem seguidas, “em cinco ou seis anos o Brasil ficaria sem as reservas cambiais de US$ 360 bilhões e sua economia ficaria fragilizada como a da Argentina”. 

Retorno em arrecadação tributária foi muito maior do que a desoneração de 2011 a 2017.
Retorno em arrecadação tributária foi muito maior do que a desoneração de 2011 a 2017.
Foto: Anfavea / Reprodução

“Diferentemente dos teóricos e dos acadêmicos, eu vou para o chão de fábrica, percorro o entorno e tenho a dimensão da importância do nosso setor para o país”, desabafou Luiz Carlos Moraes. Segundo a Anfavea, a indústria de transformação, na qual se inclui a de automóveis, teve uma desoneração de R$ 194 bilhões entre 2011 e 2017, mas proporcionou uma arrecadação tributária de R$ 1,855 bilhão. No caso da indústria automobilística, a desoneração foi de R$ 24 bilhões e a arrecadação foi de R$ 268 bilhões.

Falando em nome de uma indústria moderna, mas que tem um alto nível de ociosidade devido às constantes crises econômicas do Brasil, Luiz Carlos Moraes destacou que a Anfavea é a favor do agronegócio e da abertura do mercado, mas que o país cometerá um erro histórico se abrir mão de seu parque industrial. Em sua entrevista, o presidente do IPEA comparou o Brasil com o Chile, que só importa carros. Moraes retrucou: “O Chile tem 20 milhões de habitantes e o Brasil tem 20 milhões de desempregados e desalentados”.

Brasil é o campeão dos impostos na área de carros: média de 44% e quem paga é o consumidor.
Brasil é o campeão dos impostos na área de carros: média de 44% e quem paga é o consumidor.
Foto: Anfavea / Reprodução

Segundo a Anfavea, para cada R$ 1,00 incentivado pelo Inovar-Auto, R$ 3,60 foram investidos em pesquisa e desenvolvimento -- e isso é uma prática em todos os países com economia forte. Devido à melhora dos carros desde o Inovar-Auto (2013 a 2017), o país teve uma redução de R$ 7 bilhões por ano nos gastos com combustíveis, embora os gastos tributários com o Inovar-Auto tenham sido de R$ 6,8 bilhões no total de cinco anos. Além disso, a redução das emissões de CO2 foi de 2 milhões de toneladas por ano, equivalente a 14 milhões de árvores.

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