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Verdes obtêm ganhos históricos nas eleições suíças

21 out 2019 - 14h05
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Partidos ambientalistas geram "onda verde" no país e postulam participação na próxima formação de governo. Sigla populista de direita e anti-imigração se mantém como a maior força, apesar de perda significativa de apoio.O Partido Verde da Suíça obteve ganhos históricos nas eleições deste domingo (20/10), enquanto a legenda populista de direita e anti-imigração Partido Popular Suíço (SVP) se manteve como a maior força no Parlamento, apesar de uma perda significativa de apoio.

Regula Rytz, líder do Partido Verde, que postula vaga no gabinete do governo federal
Regula Rytz, líder do Partido Verde, que postula vaga no gabinete do governo federal
Foto: DW / Deutsche Welle

Os Verdes receberam 13,2% dos votos, superando as projeções iniciais e marcando um salto de seis pontos percentuais em relação às eleições de 2015.

A presidente do partido, Regula Rytz, considerou o resultado uma "mudança tectônica" na política do país. "Foi definitivamente uma eleição sobre o clima", disse Balthasar Glaettli, líder dos Verdes na câmara baixa do Parlamento.

Os Liberais Verdes, uma legenda ambientalista que defende políticas socioeconômicas liberais, também ampliaram sua participação, conquistando 7,8% dos votos. Nas eleições anteriores, o partido ficou com menos de 5%.

O resultado das urnas confirmou as previsões de uma "onda verde" nas eleições nacionais, como reflexo do aumento das preocupações em relação às mudanças climáticas entre os eleitores suíços, seguindo uma tendência observada em outros países da Europa.

Segundo o instituto de pesquisas suíço Gfs Bern, as mudanças climáticas e as emissões de CO2 foram o tema mais decisivo para os eleitores, à frente da alta dos custos do sistema de saúde e dos entraves nas conversações entre a União Europeia (UE) e o país, que não é membro do bloco.

"Isso é mais do que uma onda, é um maremoto em escala suíça", avaliou o cientista político Pascal Sciarini. A questão agora é aguardar para ver se os Verdes, ou uma coalizão dos dois partidos ambientalistas, ocuparão um dos sete gabinetes que são compartilhados entre os líderes dos partidos.

Neste ano, o SVP foi o único partido a não propor soluções para lidar com os efeitos do clima. Ao contrário, seus membros preferiram concentrar suas críticas nas ameaças impostas pela imigração e alertar para uma "histeria climática" na política suíça. O SVP também é conhecido por condenar a influência da UE na Suíça, mesmo não sendo um Estado-membro.

"Sabíamos que sofreríamos um revés", disse o senador do SVP Oscar Freysinger. "Mas o ponto mais importante permanece sendo que, antes de salvarmos o planeta, precisamos salvar a soberania suíça."

No sistema politico suíço, são escolhidos nas eleições 200 membros da câmara baixa do Parlamento e 46 senadores, todos com mandatos de quatro anos.

Na chamada "fórmula mágica" de compartilhamento de poder, seis gabinetes são divididos entre o SVP, o Partido Social Democrata (PS) e o Partido Liberal Radical (PLR), enquanto o Partido Democrata Cristão (CVP) ocupa o sétimo posto.

A presidência é rotatória e anual. A composição do Executivo do governo federal não será decidida até dezembro.

No resultado geral, os verdes terminaram em quarto lugar, superando por pouco os democratas-cristãos, mas ainda é incerto se poderão ocupar um posto no gabinete. O sistema de governança suíço se baseia fortemente no consenso, e muitos relutam em remover os democratas-cristãos, presentes no gabinete desde que a fórmula foi implementada, em 1959.

O Partido Social Democrata permanece como a segunda maior força, apesar de perder dois pontos percentuais e obter 16,8% dos votos nestas eleições. O PLR perdeu 1.3 ponto e ficou com 15,1%. O CVP teve perda de apenas 0.2 ponto, obtendo 11,4%.

Regula Rytz, a líder dos Verdes, já deixou claro que seu partido postula uma das sete vagas no gabinete federal. "É chegada a hora", afirmou. Ela defende que os lideres suíços "terão de discutir uma nova fórmula mágica" para assimilar as mudanças nas prioridades políticas do país.

De qualquer forma, o resultado das eleições confirma que os eleitores da Suíça, cuja economia e estilo de vida estão proximamente associados aos belos picos nevados dos Alpes, estão cada vez mais preocupados com os efeitos drásticos das mudanças climáticas.

Um estudo recente da universidade ETH de Zurique afirma que mais de 90% das 4 mil geleiras das montanhas suíças poderão desaparecer até o ano de 2100, se as emissões de gases causadores do efeito estufa não forem reduzidas.

RC/afp/dpa

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