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Um mundo sem chocolate, café, batata e peixe - os alimentos que podem desaparecer com as mudanças climáticas

Segundo especialistas, em duas décadas, é possível que tenhamos mais dificuldade para achar esses alimentos nas lojas e supermercados.

15 jul 2019 - 11h23
(atualizado às 11h29)
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Para casa aumento de um grau na temperatura, um terço da plantação de café pode ser destruída
Para casa aumento de um grau na temperatura, um terço da plantação de café pode ser destruída
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

É possível que tenhamos que dizer adeus a algumas das nossas comidas e bebidas preferidas por culpa das mudanças climáticas.

Com as transformações nos padrões de temperatura da Terra e a ocorrência cada vez mais frequente de eventos climáticos extremos (ondas de muito frio, calor, tufões e furacões), plantações podem ter dificuldade para vingar e peixes e animais poderão morrer.

Mais quais alimentos comuns no nosso dia a dia correm mais risco?

Café e chá

Aproveite bem o seu café preto de toda a manhã, porque o prognóstico para esse produto não é dos melhores.

Por causa do aquecimento global, a tendência é que, até 2050, a área com solo propenso à plantação de café seja reduzida pela metade. No ritmo atual de poluição, até 2080, vários tipos de café deverão ser extintos.

A Tanzânia, um dos principais exportadores de café, já viu sua produção cair pela metade em 50 anos.

Se você acha que pode escapar dessa crise trocando café por chá, cientistas da Índia têm más notícias sobre essa estratégia.

As monções que alimentam as plantações de chá na Ásia têm aumentado em intensidade, afetando o sabor das folhas. Prepare, portanto, o seu paladar para chás mais aguados e menos saborosos num futuro próximo.

Chocolate

Pequenas mudanças na temperatura, volume de chuvas ou na qualidade do solo podem ter impacto devastador nas plantações de cacau
Pequenas mudanças na temperatura, volume de chuvas ou na qualidade do solo podem ter impacto devastador nas plantações de cacau
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O chocolate é uma vítima inesperada do aquecimento global. O cacau adora altas temperaturas e abundância de umidade. Mas ele ama ainda mais a estabilidade. Plantações de cacau são tão "exigentes" quanto as de café.

Qualquer mudança na temperatura, no volume das chuvas, na qualidade do solo, na exposição à luz solar ou na velocidade do vento pode ter um impacto devastador na plantação.

Produtores da Indonésia e da África já começaram a trocar seus negócios, abandonando as plantações de cacau por opções mais resistentes, como dendezeiros e seringueiras.

Em 40 anos, Gana e a Costa do Marfim poderão vivenciar um aumento de dois graus na temperatura. E esses dois países são responsáveis por dois terços da exportação de cacau do mundo.

Isso, na prática, seria uma sentença de morte aos chocolates de preço acessível.

Peixes

Animais marinhos são altamente sensíveis a mudanças de temperatura e tendem a migrar para o Norte, conforme os oceanos esquentam
Animais marinhos são altamente sensíveis a mudanças de temperatura e tendem a migrar para o Norte, conforme os oceanos esquentam
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

E alimentos mais mundanos e que demandam menos cuidados, como peixes e batatas?

Bem, os peixes estão ficando menores por causa da redução do nível de oxigênio em oceanos cada vez mais quentes. E a absorção de dióxido de carbono está fazendo a água salgada ficar mais ácida, o que dificulta o crescimento das cascas de mariscos.

Portanto, peixes e mariscos estão menos carnudos.

Já as batatas têm sofrido com as secas.

No verão quente de 2018 no Reino Unido, a colheita de batatas caiu 25%. O tamanho desses vegetais também mudou. Cada batata sofreu, em média, uma redução de 3 centímetros, segundo informações da imprensa britânica.

Conhaque, uísque e cerveja

Bebidas conhecidas, como cerveja, conhaque e whisky já estão sofrendo com as mudanças climáticas
Bebidas conhecidas, como cerveja, conhaque e whisky já estão sofrendo com as mudanças climáticas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A indústria de 600 anos de conhaque da França está em crise. O aumento nas temperaturas está tornando as uvas doces demais para serem destiladas. Os produtores estão desesperadamente em busca de substitutos adequados, gastando milhares de euros a cada ano com pesquisa.

Mas o sucesso desses estudos até agora tem sido modesto.

Mais ao norte no continente europeu, na Escócia, produtores de uísque também estão ansiosos. O aquecimento global reduziu o fornecimento de água em razão do aumento das secas.

No verão passado, várias destilarias foram forçadas a suspender sua produção por um mês pela falta de água e meteorologistas alertam que eventos climáticos extremos tendem a se tornar mais frequentes.

A probabilidade de verões quentes e secos nas ilhas britânicas aumentou 30 vezes na comparação com a era pré-industrial, conforme o serviço nacional de meteorologia.

Reino Unido e Irlanda agora podem esperar verões extremos a cada oito anos. Pode parecer boa notícia para quem quer pegar uma praia, mas não para a produção de bebidas.

Secas estão ficando cada vez mais comuns
Secas estão ficando cada vez mais comuns
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Esse mesmo problema está afetando fabricantes de cerveja da República Tcheca e dos Estados Unidos, que têm sofrido com a escassez de água provocada por secas.

Não é problema meu?

Você pode dizer que nenhum desses produtos é essencial para a sua vida cotidiana. Mas lembre que por trás das dramáticas mudanças na cadeia global de alimentos, há centenas de milhares de pessoas que perderão seus empregos.

Além disso, os preços de alimentos aumentam quando as colheitas falham ou produzem menos. Escassez de comida pode facilmente provocar crises humanitárias que geram instabilidade política. Portanto, o problema não se limita à xícara de café de todo dia ou àquele chocolate delicioso que você come uma vez por semana.

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