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Trump volta a contradizer inteligência americana sobre a Rússia

18 jul 2018 - 18h24
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Presidente nega que os EUA ainda sejam alvo de Moscou, como alegou autoridade de inteligência do país, e lança críticas aos que condenaram sua atuação ao lado de Putin. "Nenhum líder foi tão duro com a Rússia como eu."O presidente americano, Donald Trump, negou nesta quarta-feira (18/07) que os Estados Unidos ainda sejam um alvo da Rússia, contradizendo mais uma vez seu próprio serviço de inteligência, que alega que Moscou continua mirando o sistema eleitoral americano.

Trump foi criticado por proferir declarações contraditórias sobre a ingerência russa nos últimos dias
Trump foi criticado por proferir declarações contraditórias sobre a ingerência russa nos últimos dias
Foto: DW / Deutsche Welle

Questionado por um repórter se ele acredita que o Estado russo "ainda está visando" os Estados Unidos, Trump fez um sinal negativo com a cabeça e disse que "não". O jornalista insistiu: "Não? Você não acredita que esse seja o caso?". O presidente novamente negou.

Na semana passada, o diretor nacional de inteligência americano, Dan Coats, alertara para a ameaça cada vez maior de um ataque cibernético contra os Estados Unidos. Segundo ele, os principais autores dessas ações seriam Rússia, China, Irã e Coreia do Norte.

A negativa de Trump segue uma série de declarações contraditórias a respeito da suposta interferência russa nas eleições presidenciais de 2016, na sequência de uma cúpula entre os presidentes americano e russo, Vladimir Putin, na segunda-feira em Helsinque.

Ao fim da reunião, Trump afirmara "não ter motivos" para acreditar que o Kremlin esteve envolvido no caso, apesar de as agências de inteligência americanas apontarem o contrário. "Tenho muita confiança na minha equipe de inteligência, mas preciso dizer que o presidente Putin foi extremamente forte e poderoso em sua negação", dissera.

A postura em apoio ao presidente russo foi condenada por diversas autoridades americanas, incluindo políticos republicanos. Eles criticaram a atuação "vergonhosa" de Trump, que teria "perdido a oportunidade" de enfrentar Putin após as acusações.

Pressionado, o republicano acabou voltando atrás nesta terça-feira, argumentando que se expressou mal ao lado do russo na véspera. Já de volta à Casa Branca, ele afirmou que, na verdade, quis dizer que "não vê nenhuma razão para não ser a Rússia" a responsável pela interferência no pleito.

Momentos depois, Trump tentou amenizar a pressão contra o Kremlin afirmando que, além de Moscou, "poderiam também ser outras pessoas" as culpadas pela suposta ingerência. "Poderiam ser muitas pessoas por aí", enfatizou.

Relações "muito boas" com Moscou

Nesta quarta-feira, antes de uma reunião de gabinete na Casa Branca, Trump defendeu que as relações com Moscou estão melhores do que nunca. "Estamos indo muito bem, provavelmente tão bem quanto ninguém jamais esteve com a Rússia", disse.

Embora tenha evitado confrontar Putin abertamente dois dias antes, o presidente afirmou que nenhum líder jamais foi "tão duro" como ele tem sido com o governo russo.

Mais cedo, em crítica àqueles que condenaram sua atitude diante do presidente russo, Trump afirmou que "algumas pessoas odeiam o fato" de ele ter se dado bem com Putin. "Eles preferem ir à guerra do que ver algo assim. Isso se chama 'síndrome de perturbação de Trump'", escreveu no Twitter.

O termo "síndrome de perturbação de Trump" apareceu recentemente em uma coluna do jornal New York Times da qual o presidente seria leitor assíduo. O senador republicano Rand Paul também já usou a definição para defender a reunião entre o líderes americano e russo.

Na mesma rede social, Trump acrescentou: "Muitas pessoas no alto escalão da inteligência adoraram meu desempenho na coletiva de imprensa em Helsinque. Putin e eu discutimos muitos assuntos importantes em nossa reunião. Nós nos demos bem, o que realmente incomodou muitos inimigos que queriam ter visto uma luta de boxe. Grandes resultados virão".

Interferência russa

A ingerência russa nas eleições presidenciais de 2016 são alvo de uma investigação nos Estados Unidos conduzida pelo procurador especial Robert Mueller. Agências de inteligência do país chegaram a afirmar que a ação tinha o objetivo de favorecer a campanha de Trump e prejudicar sua oponente, a candidata democrata Hillary Clinton.

Na semana passada, 12 oficiais de inteligência militar russos foram indiciados pela Justiça americana, acusados de ter invadido computadores da campanha democrata durante o pleito de dois anos atrás. Foi a primeira acusação criminal a envolver diretamente o governo em Moscou.

EK/ap/dpa/rtr/ots

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